sexta-feira, 11 de março de 2022

Crónica de um santo (17)


Crónica de um santo na Madeira

17ª semana – O milagre da paciência

Começou há cem anos nesta semana a dolorosa subida ao monte Calvário do Beato Carlos da Áustria. Foram 22 dias de sofrimento e de abandono nas mãos de Deus que culminaram a 1 de abril.

Como sempre o Imperador Carlos conservava a alegria na esperança, a paciência na tribulação e a perseverança na oração (Rm 12,12).

Realçamos hoje o dom da paciência.

Este pode ser considerado o sinal privilegiado ou o milagre por excelência da sua vida de santidade.

Que sinal ou milagre viam nele as pessoas que o rodeavam?

Nenhuma visão beatífica, nenhum milagre especial, nenhuma expressão extraordinária.

E que milagre podiam ver que fosse tão extraordinário como a paciência e a coragem que Deus lhe dava para perseverar até ao fim?

A sua paciência foi de facto um autêntico milagre.

Em qualquer provação ele nunca manifestou um movimento de impaciência, nunca se lamentou, jamais se queixou, apesar da terrível opressão para respirar, da tosse atormentadora, da sede ardente, da fraqueza paralisante, apesar dos dolorosos tratamentos, das inúmeras injeções e das doloridas úlceras.

Para seguir o caminho da santidade, a exemplo do Beato Carlos da Áustria, 3 coisas são fundamentais:

Primeira, paciência.

Segunda, paciência.

Terceira, paciência.

Para além desta arte de saber sofrer, a paciência pode ser considerada como autêntica ‘pazciência’ ou ciência da paz.

Paz consigo mesmo,

Paz com os outros,

Paz com Deus,

Paz com as coisas,

Paz no caminho,

Paz na tribulação,

Paz na vida,

Paz na morte,

Paz no tempo,

Paz na eternidade,

Ser santo é ser paciente.

11 de março de 1922 – sábado

 

12 de março de 1922 – domingo

Segundo Domingo da Quaresma

Neste dia a criada de quarto da Imperatriz escreveu à família, que ficou na Áustria: “Deslocámo-nos do Funchal para a montanha, para uma casa que quase não tinha móveis, e tivemos de alugar quase tudo do hotel Victória. Como a roupa de cama e as loiças ainda não tinham chegado também tivemos de pedir no hotel que no-las emprestassem… Só tivemos três dias de bom tempo; fora disso, foi sempre nevoeiro, chuva e humidade. A montanha é bastante fria. Aqui, não temos luz elétrica… Para nos aquecermos, só temos lenha verde, que deita imenso fumo. A casa é muito húmida; cheira a mofo por todo o lado, e a respiração forma uma nuvem à frente da boca… Estou muito preocupada. Escrevo sem Sua Majestade saber de nada, mas não aguento mais ver estas duas criaturas inocentes nesta situação… Temos de protestar. Suas Majestades nada farão; preferem adoecer sem dizer palavra, e meter-se num buraco a pão e água se for preciso. Nós fazemos todo o possível por ajudar, evidentemente, mas às vezes temos vontade de desesperar. Mas quando vemos a paciência com que Suas Majestades suportam tudo isto, voltamos a meter ombros ao trabalho.”

 

13 de março de 1922 – segunda-feira

 

14 de março de 1922 – terça-feira

A meio da tarde o imperador comunicou a Zita – Não me sinto bem, vou-me deitar.

Neste dia de março, mas em 1989, morreria a Imperatriz Zita, com quase 97 anos de idade, sendo sepultada na cripta dos capuchinhos, em Viena.

 

15 de março de 1922 – quarta-feira

O Imperador Carlos teve 39º de febre.

 

16 de março de 1922 – quinta-feira

Nestes cinco dias que se seguiram o estado do Imperador permaneceu estacionário.

 

17 de março de 1922 – sexta-feira

 

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