Crónica de um santo na Madeira
17ª
semana – O milagre da paciência
Começou
há cem anos nesta semana a dolorosa subida ao monte Calvário do Beato Carlos da
Áustria. Foram 22 dias de sofrimento e de abandono nas mãos de Deus que
culminaram a 1 de abril.
Como
sempre o Imperador Carlos conservava a alegria na esperança, a paciência na
tribulação e a perseverança na oração (Rm 12,12).
Realçamos
hoje o dom da paciência.
Este
pode ser considerado o sinal privilegiado ou o milagre por excelência da sua
vida de santidade.
Que
sinal ou milagre viam nele as pessoas que o rodeavam?
Nenhuma
visão beatífica, nenhum milagre especial, nenhuma expressão extraordinária.
E
que milagre podiam ver que fosse tão extraordinário como a paciência e a
coragem que Deus lhe dava para perseverar até ao fim?
A
sua paciência foi de facto um autêntico milagre.
Em
qualquer provação ele nunca manifestou um movimento de impaciência, nunca se
lamentou, jamais se queixou, apesar da terrível opressão para respirar, da
tosse atormentadora, da sede ardente, da fraqueza paralisante, apesar dos
dolorosos tratamentos, das inúmeras injeções e das doloridas úlceras.
Para
seguir o caminho da santidade, a exemplo do Beato Carlos da Áustria, 3 coisas
são fundamentais:
Primeira,
paciência.
Segunda,
paciência.
Terceira,
paciência.
Para
além desta arte de saber sofrer, a paciência pode ser considerada como
autêntica ‘pazciência’ ou ciência da paz.
Paz
consigo mesmo,
Paz
com os outros,
Paz
com Deus,
Paz
com as coisas,
Paz
no caminho,
Paz
na tribulação,
Paz
na vida,
Paz
na morte,
Paz
no tempo,
Paz
na eternidade,
Ser santo é ser paciente.
11
de março de 1922 – sábado
12
de março de 1922 – domingo
Segundo
Domingo da Quaresma
Neste
dia a criada de quarto da Imperatriz escreveu à família, que ficou na Áustria:
“Deslocámo-nos do Funchal para a montanha, para uma casa que quase não tinha
móveis, e tivemos de alugar quase tudo do hotel Victória. Como a roupa de cama
e as loiças ainda não tinham chegado também tivemos de pedir no hotel que
no-las emprestassem… Só tivemos três dias de bom tempo; fora disso, foi sempre
nevoeiro, chuva e humidade. A montanha é bastante fria. Aqui, não temos luz
elétrica… Para nos aquecermos, só temos lenha verde, que deita imenso fumo. A
casa é muito húmida; cheira a mofo por todo o lado, e a respiração forma uma
nuvem à frente da boca… Estou muito preocupada. Escrevo sem Sua Majestade saber
de nada, mas não aguento mais ver estas duas criaturas inocentes nesta
situação… Temos de protestar. Suas Majestades nada farão; preferem adoecer sem
dizer palavra, e meter-se num buraco a pão e água se for preciso. Nós fazemos
todo o possível por ajudar, evidentemente, mas às vezes temos vontade de
desesperar. Mas quando vemos a paciência com que Suas Majestades suportam tudo
isto, voltamos a meter ombros ao trabalho.”
13
de março de 1922 – segunda-feira
14
de março de 1922 – terça-feira
A
meio da tarde o imperador comunicou a Zita – Não me sinto bem, vou-me deitar.
Neste
dia de março, mas em 1989, morreria a Imperatriz Zita, com quase 97 anos de
idade, sendo sepultada na cripta dos capuchinhos, em Viena.
15
de março de 1922 – quarta-feira
O Imperador
Carlos teve 39º de febre.
16
de março de 1922 – quinta-feira
Nestes
cinco dias que se seguiram o estado do Imperador permaneceu estacionário.
17
de março de 1922 – sexta-feira
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