sexta-feira, 4 de março de 2022

Crónica de um santo (16)


Crónica de um santo na Madeira

16ª semana – Cuidar do corpo e da alma

 

Em geral nós tributamos aos santos a nossa gratidão pela sua intercessão e ajuda nas dificuldades da vida. O Beato Carlos de Áustria não só é alvo da gratidão dos seus devotos e protegidos como também ele próprio mostrou gratidão a quem o ajudou a tratar o corpo e a alma.

De facto, logo após a morte do Imperador, dois objetos valiosos foram presenteados pela Imperatriz Zita, conforme desejo do marido, aos homens que mais cuidaram dele nos últimos tempos: O médico que cuidou das suas necessidades físicas e o sacerdote que cuidou das suas necessidades espirituais.

O relógio de ouro do Imperador foi entregue ao Dr. Nuno Vasconcelos Porto em agradecimento pelos cuidados médicos que dispensou ao Imperador durante a sua doença.

O segundo objeto foi uma caixa de joias ricamente entalhada em platina e adornado com um ‘K’ (de Kaiser ou de Karl) de diamantes na tampa. Foi entregue ao Pároco do Monte, Pe. José Marques Jardim, como gesto de gratidão pelo apoio espiritual.

Recordamos este gesto na semana em que, há cem anos, o Imperador adoeceu e precisou de cuidados especiais, no corpo e na alma. Ele mostrou-se sempre grato por essa assistência. Hoje é ele quem nos assiste lá do alto dos Céus nas nossas necessidades corporais ou espirituais. Outrora ele agradeceu a ajuda recebida. Aprendamos a partilhar-lhe a nossa gratidão pela sua intercessão. Que tudo isto seja para a maior glória de Deus.

04 de março de 1922 – sábado

 

05 de março de 1922 – domingo

Primeiro Domingo da Quaresma.

A população local conheceu o Imperador como um homem extraordinário, extremamente simples e bom. Tendo dificuldades económicas, mandava, no entanto, dar esmolas à porta da Quinta do Monte. Interessava-se, vivamente, pelos humildes, pelos que lavravam a terra, pelas bordadeiras e inquiria dos seus costumes e salários.

 

06 de março de 1922 – segunda-feira

O Imperador instruía os seus filhos sobre o catecismo, sobre a História Sagrada e a Vida do Redentor. Fazia tudo o que estava ao seu alcance para dirigir as suas almas e as suas mentes para Deus. Tinha o costume de levar os filhos, mesmo ainda muito pequenos, para a capela, a fim de apresenta-los ao Senhor, e juntando-lhes as mãos, ensinava-os a rezar.

 

07 de março de 1922 – terça-feira

Todas as noites o Imperador dava a bênção a cada filho, antes de se porem na cama, colocando-os sob a proteção dos seus anjos da Guarda.

 

08 de março de 1922 – quarta-feira

Nos seus passeios pelo Monte, o Imperador quase sempre se avistava com o pároco, Pe. José Marques Jardim de quem era amigo pessoal. Ao aproximar-se do sacerdote o Imperador descia do cavalo, fazia vénia, curvando-se ou ajoelhando-se reverente humildemente beijava a mão do reverendo.

 

09 de março de 1922 – quinta-feira

O Imperador desceu do Monte ao centro do Funchal com a intenção de comprar um presente para o filho Carlos Luís que fazia anos no dia seguinte. Estava bom tempo, mas ao regressar a casa de comboio, tinha refrescado bastante.

 

10 de março de 1922 – sexta-feira

O arquiduque Carlos Luís festejou o seu 4º aniversário de cama com gripe. O Imperador tinha também arrepios.

 

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