No
dia 28 de janeiro, aí pelo meio dia, passámos por umas rochas altas e negras. Depois, à
direita lá estava o Cabo de Sagres que anunciava estar próximo o fim daquela
viagem.
Pelas
16H00, contemplava-se a costa alta portuguesa. Ouve-se dizer que que pelas 18H00 perderíamos estar em Lisboa.
Ao longe avistaram-se alguns navios. Passámos perto de um de pequena tonelagem.
-
Que baloiço! Se aqui sentimos o que sentimos, o que não será acolá dentro? –
comentei.
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Olha – alguém me respondeu – os dois italianos que estão destinados à Madeira!
O barco que vai para a Madeira é mais ou menos como aquela coisita!
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Deus me proteja! – disse eu – E com o enjoo, como se faz?
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É preciso comer… comer é preciso. Mas comer enxuto: pão, queijo, salame, carne
e, coisas assim. Nada de beber!
-
Nada de beber? E como se resiste?
-
Paciência, paciência e nada de medo! As enxovas afastam a saliva e a comida
enxuta restringe o estômago que, assim cimentado, fica firme e não baila mais.
Antes de chegarmos a Lisboa tocou para o jantar. Deixo a sopa e outros líquidos e engulo o resto com pão. Depois, para não perder a vista da paisagem. Tomo um pão, ponho nele carne e queijo e subo para sentar-me ao ar livre, roendo e resistindo à vontade de beber.
Depois
de muito tempo de espera, lá apareceram no cais os Padres Comi e Pezzotta.
Desço do navio: abraços e saudações.
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O Padre Canova chegou? E os outros onde estão?
-
Estão todos nos Salesianos.
O
Pe. Canova tinha chegado no dia 27 e nesta manhã tinha vindo ao porto, mas
inutilmente, visto que o Cabo de Hornos se tinha atrasado muito. Voltou para
casa.
-
E agora que fazemos? – Perguntei eu – Já é tarde, eu não vou para a cidade. Também
porque a bagagem só pode ser retirada amanhã.
Separámo-nos
e eu subi para o navio para gozar o último, mas tranquilo, descanso no Cabo de Hornos.
(CF
Memórias do Pe. Ângelo Colombo)
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