terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Outra chegada a Lisboa

No dia 28 de janeiro, aí pelo meio dia, passámos por umas rochas altas e negras. Depois, à direita lá estava o Cabo de Sagres que anunciava estar próximo o fim daquela viagem.

Pelas 16H00, contemplava-se a costa alta portuguesa. Ouve-se dizer que que pelas 18H00 perderíamos estar em Lisboa. Ao longe avistaram-se alguns navios. Passámos perto de um de pequena tonelagem.

- Que baloiço! Se aqui sentimos o que sentimos, o que não será acolá dentro? – comentei.

- Olha – alguém me respondeu – os dois italianos que estão destinados à Madeira! O barco que vai para a Madeira é mais ou menos como aquela coisita!

- Deus me proteja! – disse eu – E com o enjoo, como se faz?

- É preciso comer… comer é preciso. Mas comer enxuto: pão, queijo, salame, carne e, coisas assim. Nada de beber!

- Nada de beber? E como se resiste?

- Paciência, paciência e nada de medo! As enxovas afastam a saliva e a comida enxuta restringe o estômago que, assim cimentado, fica firme e não baila mais.

Antes de chegarmos a Lisboa tocou para o jantar. Deixo a sopa e outros líquidos e engulo o resto com pão. Depois, para não perder a vista da paisagem. Tomo um pão, ponho nele carne e queijo e subo para sentar-me ao ar livre, roendo e resistindo à vontade de beber.

Depois de muito tempo de espera, lá apareceram no cais os Padres Comi e Pezzotta. Desço do navio: abraços e saudações.

- O Padre Canova chegou? E os outros onde estão?

- Estão todos nos Salesianos.

O Pe. Canova tinha chegado no dia 27 e nesta manhã tinha vindo ao porto, mas inutilmente, visto que o Cabo de Hornos se tinha atrasado muito. Voltou para casa.

- E agora que fazemos? – Perguntei eu – Já é tarde, eu não vou para a cidade. Também porque a bagagem só pode ser retirada amanhã.

Separámo-nos e eu subi para o navio para gozar o último, mas tranquilo, descanso no Cabo de Hornos.

(CF Memórias do Pe. Ângelo Colombo)

 

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