8º Discurso “A devoção ao Coração de Jesus”, in “A Educação e o Ensino Segundo o Ideal Cristão”, pp. 379-394 do IV Volume das Obras Sociais do Pe. Leão Dehon, Edizione CEDAS (Centro Dehoniano Apostolato Stampa) – Andria, 1985.
Discurso pronunciado em São Quintino, a 12 de Junho de 1885, V. “A Semana Religiosa da Diocese de Soissons e Laon”, 12º Ano, 1885, p. 377, São Quintino. A primeira Comunhão. A festa do Coração de Jesus. Foi publicado na edição especial: A Devoção ao Coração de Jesus. Dom do nosso tempo e graça especial da França, Paris, Retaux-Bray, 1887, pp. 32.
O fogo arderá sempre sobre o altar
e o sacerdote mantê-lo-á aceso. (Lev 6, 2)
Monsenhor, meus irmãos,
Uma lembrança da antiga lei servir-me-á para fixar a vossa imaginação e fornecer-me-á o tema ou o enredo deste discurso.
Todos os ritos do templo de Jerusalém eram figurativos e simbólicos. Um dos mais significativos destes ritos, era aquele fogo sagrado pedido por DEUS a Moisés, aceso e mantido pelos sacerdotes e a arder perpetuamente sobre o altar.
Aquele fogo material não interessava a DEUS mais do que o sangue das vítimas; o que Lhe importava, era o culto perpétuo de amor que representava aquele fogo e que devia elevar-se da terra ao céu, já sob a antiga lei, mas melhor ainda sob a lei do Evangelho.
O significado do símbolo aqui não oferece dúvidas, os intérpretes sagrados são unânimes.
Todo o culto prestado a DEUS pela terra tem o seu vértice em Jesus, que é o pontífice por excelência, e ao mesmo tempo o altar principal e a vítima perfeita.
O fogo sagrado do templo representava principalmente o culto de amor prestado por Jesus a seu Pai, o fogo do Coração de Jesus, mas representava também o amor e a imolação dos nossos corações, o culto de amor da nova Lei, na qual DEUS quer ser adorado em espírito e verdade. Este fogo espiritual de amor e de imolação que deve arder sem interrupções sobre o altar dos nossos corações, deve ser mantido pelo sacerdócio da nova Lei, mas este sacerdócio tem por chefe o próprio Jesus.
Quem poderá dizer o zelo do Pontífice supremo para manter este fogo sagrado que brilha no seu próprio Coração?
Ele encontrou quase extinto à superfície da terra esse fogo da caridade que o seu Pai tinha acendido por meio do benefício da criação e de todas as intervenções divinas da antiga Lei. Esse fogo, como o do templo na época da escravidão, tinha-se transformado numa água barrosa pela corrupção dos nossos corações. Ele voltou a reacendê-lo por meio do dom de Si mesmo, pelas graças inefáveis da Encarnação, da Redenção e da Eucaristia.
Deixou aos continuadores do seu sacerdócio, aos pontífices e aos padres da sua santa Igreja, os meios ordinários para manter este fogo, a graça, os sacramentos, a palavra divina.
Quando é necessário, Ele intervém por algum meio extraordinário, especialmente suscitando, quer pela acção do Espírito Santo, quer por circunstâncias providenciais, ou por uma manifestação miraculosa, ou alguma devoção poderosa que mova, ganhe e arraste os corações.
Foi o que fez nestes últimos séculos por meio da devoção do Coração de Jesus, e não tenho outro objectivo, meus irmãos, senão recordar-vos neste discurso como a devoção do Coração de Jesus é o dom do nosso tempo, dom precioso, ao qual não podemos ficar indiferentes. Lembrar-vos-ei, em segundo lugar, como é mais particularmente o dom para a França. Enfim esforçar-me-ei por mostrar que esta devoção preciosa não é somente uma necessidade especial, mas é também um dom muito particular para esta bela diocese de Soissons e Laon, e para esta cidade de São Quintino, dom que nos impõe deveres ao mesmo tempo que nos oferece esperanças.
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