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O Coração de Jesus é o dom para o nosso tempo.
Consideremos, meus irmãos, a acção do Pontífice divino na Igreja. É múltipla, variada, sempre fecunda, inesgotável. Dizer tudo o que tem feito desde há dezoito séculos para manter o fogo sagrado do amor divino sobre a terra, não teria limite. A sua intervenção é quotidiana. Ele não dorme, vela, age. Tem auxiliares: a sua santa Mãe, os anjos, os santos do céu e os da terra. Mas nesta múltipla acção, há uma harmonia oculta, uma ordem divina, uma unidade misteriosa na variedade, um desígnio sobrenatural. O Pontífice divino atribui a cada período da vida da Igreja uma graça dominante que se manifesta por uma devoção principal, e acontece que distribui assim, conforme Lhe apraz, através dos séculos, as diversas graças que nos mereceu e preparou. Procuremos, meus irmãos, compreender esta sublime acção de CRISTO. Interroguemos as grandes tradições da piedade na Igreja. Qual foi primeiro o atractivo vencedor das almas durante o primeiro período, que vai do tempo apostólico até à paz da Igreja? Sob que aspecto NOSSO SENHOR se apresentava às almas para as conquistar? Que graça especial Lhes aplicou primeiro? Interroguemos a história, os monumentos. Só encontro neste período uma devoção viva, um aspecto saliente da vida mística de NOSSO SENHOR. Se procuro os traços da vida cristã nas catacumbas, e nas mil recordações dos museus cristãos de Roma, fico surpreendido com um facto que se manifesta, fulgurante; a devoção dominante nos primeiros séculos era a devoção ao Bom Pastor. É sob este aspecto que NOSSO SENHOR atrai as almas. A ideia que tocava os corações, era a de DEUS que veio à terra para procurar as suas ovelhas perdidas, e para fazer de dois povos, judeu e pagão, um só rebanho sob a condução do Pastor divino. Este símbolo era para os fiéis daquele tempo o memorial da Encarnação. Foi sob esta graciosa figura que os apóstolos apresentaram o Salvador: “mas agora voltastes ao pastor e guarda das vossas almas.” Foi assim que o próprio CRISTO Se lhes apresentou: “Eu tenho ainda, tinha dito aos seus discípulos, ovelhas que não são deste rebanho; é preciso que entrem no redil.” O facto é geral, é incontestável.
O Coração de Jesus é o dom para o nosso tempo.
Consideremos, meus irmãos, a acção do Pontífice divino na Igreja. É múltipla, variada, sempre fecunda, inesgotável. Dizer tudo o que tem feito desde há dezoito séculos para manter o fogo sagrado do amor divino sobre a terra, não teria limite. A sua intervenção é quotidiana. Ele não dorme, vela, age. Tem auxiliares: a sua santa Mãe, os anjos, os santos do céu e os da terra. Mas nesta múltipla acção, há uma harmonia oculta, uma ordem divina, uma unidade misteriosa na variedade, um desígnio sobrenatural. O Pontífice divino atribui a cada período da vida da Igreja uma graça dominante que se manifesta por uma devoção principal, e acontece que distribui assim, conforme Lhe apraz, através dos séculos, as diversas graças que nos mereceu e preparou. Procuremos, meus irmãos, compreender esta sublime acção de CRISTO. Interroguemos as grandes tradições da piedade na Igreja. Qual foi primeiro o atractivo vencedor das almas durante o primeiro período, que vai do tempo apostólico até à paz da Igreja? Sob que aspecto NOSSO SENHOR se apresentava às almas para as conquistar? Que graça especial Lhes aplicou primeiro? Interroguemos a história, os monumentos. Só encontro neste período uma devoção viva, um aspecto saliente da vida mística de NOSSO SENHOR. Se procuro os traços da vida cristã nas catacumbas, e nas mil recordações dos museus cristãos de Roma, fico surpreendido com um facto que se manifesta, fulgurante; a devoção dominante nos primeiros séculos era a devoção ao Bom Pastor. É sob este aspecto que NOSSO SENHOR atrai as almas. A ideia que tocava os corações, era a de DEUS que veio à terra para procurar as suas ovelhas perdidas, e para fazer de dois povos, judeu e pagão, um só rebanho sob a condução do Pastor divino. Este símbolo era para os fiéis daquele tempo o memorial da Encarnação. Foi sob esta graciosa figura que os apóstolos apresentaram o Salvador: “mas agora voltastes ao pastor e guarda das vossas almas.” Foi assim que o próprio CRISTO Se lhes apresentou: “Eu tenho ainda, tinha dito aos seus discípulos, ovelhas que não são deste rebanho; é preciso que entrem no redil.” O facto é geral, é incontestável.
A figura do Bom Pastor é o tema favorito da arte e do simbolismo cristão dos primeiros séculos.
Aparece em lugar de honra sobre as muralhas e sobre as abóbadas das capelas cristãs das catacumbas. Não se pode visitar nenhuma parte das catacumbas, nem folhear nenhuma colecção de desenhos desde os monumentos cristãos primitivos, sem a encontrar a cada passo. Sabemos por Tertuliano que ela estava frequentemente gravada nos cálices. Encontramo-la pintada a fresco nas câmaras sepulcrais, rusticamente desenhada sobre os ‘loculi’, mais artisticamente esculpida nos lados dos sarcófagos.
Era representada em ouro no fundo dos copos de vidro, modelada sobre a argila das lamparinas, gravada nos anéis, cinzelada nas medalhas, representada, em suma, em toda a espécie de monumento pertencente à primeira época cristã.
As medalhas de devoção dos primeiros cristãos não apresentavam senão a figura do Bom Pastor, e numa dezena de monumentos que nos restam da estatuária cristã dos quatro primeiros séculos, oito representam o mesmo símbolo. Não há margem para dúvidas: Era a devoção, era a graça dos primeiros séculos. Esta imagem apresentava vários aspectos. Frequentemente o Bom Pastor é representado sozinho no meio das suas ovelhas; outras vezes está rodeado pelos seus apóstolos, junto dos quais as ovelhas se concentram. Tanto se apresenta no meio do seu rebanho, como acaricia uma ovelha isolada; mais frequentemente leva aos ombros a ovelha reencontrada, que figura principalmente os pagãos. Possui diversos atributos: o bastão, o vaso de leite; as suas ovelhas tomam atitudes diferentes: olham para ele, escutam o pastor, recebem o seu ensino e as suas graças simbolizadas por uma chuva fecundante, no meio de riachos abundantes. Que peregrino de Roma pode recordar sem uma piedosa emoção as suaves pinturas do cemitério de Calisto e da Cripta de Lucina?
O significado deste símbolo não oferece dúvidas. O Filho de Deus, ao fazer-Se homem e chefe da Igreja, assumiu pessoalmente o papel de pastor das almas, no qual será assistido pelos seus apóstolos.
Deixando o seu trono celeste, desceu aos desertos deste mundo, para aí procurar os filhos perdidos do género humano. É a devoção da gratidão para com Deus encarnado.
Jesus manifestava-se sob este símbolo tão doce e tão animador aos primeiros cristãos, que tinham tanto que sofrer perseguições, e a força misteriosa desta doce imagem arrebatava o coração dos cristãos e despertava o seu amor e a sua devoção, que não tinha outro limite a não ser a morte.
Mas, depois da paz da Igreja, a corrente da graça muda de improviso.
Jesus hasteia outro símbolo. Já não é a doce imagem do Pastor, é a cruz. A sua intenção é evidente; ergue este estandarte real no oriente e no ocidente, faz brilhar o Labarum na margem do Tibre, e faz surgir da terra, em Jerusalém, o madeiro miraculoso da cruz. Está criada a corrente, a arte revelou-a. A cruz quase não apareceu nas catacumbas; já não se verá senão ela desde o pavimento dos santuários, cujo plano assinala, até aos mosaicos das ábsides; sobre todos os altares, nas alfaias sagradas, na coroa dos reis, nas portas das cidades, nas encruzilhadas dos caminhos, nas moedas, nas bandeiras. Estará em toda a parte, até ao dia em que o mundo cristão inteiro, reis e povos, padres e guerreiros, ela os marcará a todos com o sinal sagrado, lhes dará o seu nome fazendo cruzadas, e os conduzirá até à conquista do rochedo onde foi erguida.
A cruz precisava deste período. Sem as grandes lições da cruz a sociedade cristã de Roma tinha-se debilitado na paz. Os povos bárbaros não teriam sido atraídos com tanta força pela lembrança da Incarnação, se o drama do Calvário não tivesse sido colocado sob o seu olhar.
Mas assim que a devoção da cruz atingiu o seu apogeu, São Luís fez da Santa Capela o relicário da verdadeira Cruz, e distribuiu fragmentos que algumas igrejas privilegiadas receberam, como acontece com esta basílica, até que outra devoção surgisse para reinar como lição durante vários séculos.
A devoção à cruz manter-se-á, como a devoção ao Bom Pastor se manteve, mas uma outra lhes passará à frente e apaixonará mais fortemente os corações, a devoção à Eucaristia.
Ou antes, sempre existiram as três em algum grau, mas alternaram, segundo a economia divina, um poder sedutor sobre os corações.
Jesus falou a uma humilde Virgem, santa Juliana. E o papa Urbano IV responde ao desejo divino. Institui a festa do Santíssimo Sacramento. Jesus queria acrescentar este novo alimento ao fogo do amor dos corações cristãos. “Não vim à terra, dizia-lhes Ele, apenas como um pastor para o meio do seu rebanho; não somente dei a minha vida por aqueles que Eu amava, mais ainda quis morar convosco para ser a vossa vítima quotidiana, o vosso companheiro e o vosso pão da vida.”
Os povos responderam dignamente a esta nova manifestação de amor do Pontífice divino; oferecem à hóstia divina todas as obras-primas da arte, e em particular estes templos que não parecem ser da terra, tão belos eles são, essas esplêndidas igrejas dos séculos doze, treze e catorze.
Poderá haver palácios demasiado magníficos para o DEUS do amor que habita entre nós? Havia necessidade desses tempos, ricos, amantes, artísticos, místicos.
Esta devoção exerceu influência em toda a vida da Igreja. Muito mais do que somos capazes de explicar. Conquistou todos os corações; inclinou toda a criação perante o Deus de amor triunfante. Saiu dos seus templos, como para percorrer a terra apaixonada por Ele. Conquistou tudo. Que triunfo! Os seus pontífices e os seus sacerdotes avançam cobertos de ouro e de seda. Pisam tapetes e flores. As cidades ornam-se com todas as suas riquezas em sua honra. Os estandartes, as imagens dos santos precedem-na. Já não há senão tronos, altares e arcos de triunfo. Tudo o que a terra tem de belo está lá: a arte, as flores, os perfumes, a harmonia, as crianças, as virgens, os sacerdotes, o povo e os grandes, os magistrados, os guerreiros e os reis.
Haverá ainda lugar para outra devoção que possa aspirar mais alto?
Sim, há uma que resumirá todas as outras, e recordará ao mesmo tempo todo o amor do Verbo incarnado, do Redentor e da Eucaristia.
Ou antes, sempre existiram as três em algum grau, mas alternaram, segundo a economia divina, um poder sedutor sobre os corações.
Jesus falou a uma humilde Virgem, santa Juliana. E o papa Urbano IV responde ao desejo divino. Institui a festa do Santíssimo Sacramento. Jesus queria acrescentar este novo alimento ao fogo do amor dos corações cristãos. “Não vim à terra, dizia-lhes Ele, apenas como um pastor para o meio do seu rebanho; não somente dei a minha vida por aqueles que Eu amava, mais ainda quis morar convosco para ser a vossa vítima quotidiana, o vosso companheiro e o vosso pão da vida.”
Os povos responderam dignamente a esta nova manifestação de amor do Pontífice divino; oferecem à hóstia divina todas as obras-primas da arte, e em particular estes templos que não parecem ser da terra, tão belos eles são, essas esplêndidas igrejas dos séculos doze, treze e catorze.
Poderá haver palácios demasiado magníficos para o DEUS do amor que habita entre nós? Havia necessidade desses tempos, ricos, amantes, artísticos, místicos.
Esta devoção exerceu influência em toda a vida da Igreja. Muito mais do que somos capazes de explicar. Conquistou todos os corações; inclinou toda a criação perante o Deus de amor triunfante. Saiu dos seus templos, como para percorrer a terra apaixonada por Ele. Conquistou tudo. Que triunfo! Os seus pontífices e os seus sacerdotes avançam cobertos de ouro e de seda. Pisam tapetes e flores. As cidades ornam-se com todas as suas riquezas em sua honra. Os estandartes, as imagens dos santos precedem-na. Já não há senão tronos, altares e arcos de triunfo. Tudo o que a terra tem de belo está lá: a arte, as flores, os perfumes, a harmonia, as crianças, as virgens, os sacerdotes, o povo e os grandes, os magistrados, os guerreiros e os reis.
Haverá ainda lugar para outra devoção que possa aspirar mais alto?
Sim, há uma que resumirá todas as outras, e recordará ao mesmo tempo todo o amor do Verbo incarnado, do Redentor e da Eucaristia.
Jesus revelou-a também a uma virgem de clausura. Trata-se da devoção ao seu Coração adorável.
Ele disse-lhe: “É o último esforço do seu amor pelos homens”. O seu objectivo é recordar-nos sem cessar o seu imenso amor a fim de provocar o nosso.
Este amor divino é o próprio objecto desta devoção com o coração de carne que é a sua sede. O símbolo ou a imagem do Coração de Jesus é o meio adequado para nos recordar este amor infinito, que se manifestou sobretudo nos grandes mistérios da Encarnação, da Redenção e da Eucaristia.
A prática desta salutar devoção resume tudo o que há de mais afectuoso e de mais generoso na nossa santa religião; é o amor agradecido e fiel para com NOSSO SENHOR, é a compaixão e a reparação pelas ofensas que Ele recebe, é o zelo pela sua glória, é o abandono sem reservas à sua divina vontade.
Os frutos que NOSSO SENHOR lhe prometeu são maravilhosos: é para os pecadores um oceano de misericórdia; para as almas tíbias uma fonte de fervor; para as almas piedosas progressos rápidos na perfeição; uma bênção para as casas e as famílias onde a imagem sagrada for honrada; a cessação dos flagelos públicos, e, para aqueles que propagarem esta devoção, a promessa de que os seus nomes seriam gravados no divino Coração.
Esta devoção ergue-se como um sol de verão pronto para fecundar a terra e amadurecer os seus frutos.
É assim que NOSSO SENHOR anunciava e que a Bem-aventurada Margarida Maria a dava a conhecer.
Cedo apaixonou as almas generosas, depois tornou-se popular. O movimento cresceu, nada mais podia pará-lo. É como o fermento da parábola.
Cedo o Coração de Jesus estará em toda a parte, Todo o cristão dirá dele o que são Bernardo dizia do nome de Jesus: “Tudo me é insípido se não encontro aí o Coração de Jesus.”
Queremos ver o Coração de Jesus em toda a parte. Os santos têm a sua própria característica determinada pela tradição e pelos traços salientes da sua vida.
Jesus escolheu a sua, o seu Sagrado Coração. Queremos vê-lo assinalado em toda a parte. Todas as almas estão seduzidas pela sua influência vitoriosa.
Jesus disse a Margarida Maria: “O meu Coração reinará, apesar dos seus inimigos.”
Estende cada dia o seu reino; Roma, Viena, Paris, têm a sua igreja votiva do Coração de Jesus. Todas as igrejas da terra vão ser conquistadas por este sinal sagrado. A arte está ao seu serviço. Recebeu os mais belos testemunhos da eloquência. Quer ganhar ainda os povos e seus chefes, e fá-lo-á. Já vimos um dos povos da América, tão humilde diante de Deus como orgulhosa da sua liberdade, consagrar-se a esta devoção sublime. Reina misteriosamente, mais do que parece, no mundo das almas. Todas as obras novas de oração, de reparação e de caridade do nosso tempo, despontaram sob os raios deste sol de amor. As obras antigas são por ele revitalizadas. A oração e a reparação levam de vencida o próprio Deus; a caridade, é a vitória sobre as almas.
O Coração de Jesus conduz a Igreja a um triunfo maior do que o que coroou os períodos consagrados às outras grandes devoções, no século IV no XV e no XVII.
Espero, e parece-me que a Igreja também tem esta confiança que se manifesta nos esforços constantes que ela faz para responder aos desejos do Coração de Jesus. Não assistimos, nestes últimos anos, à beatificação de Margarida Maria por Pio IX, à extensão a toda a Igreja da festa do Coração de Jesus, à consagração ao Coração de Jesus proposta a todos os fiéis por Pio IX, à devoção de Leão XIII ao Coração de Jesus, e à erecção em Roma de uma igreja votiva?
A Igreja fará ainda mais. Não nos compete prever o que fará, mas tirará as últimas consequências destas palavras tão conhecidas de Pio IX: “A Igreja e a sociedade só têm esperança no Coração de Jesus; Ele é que curará todos os nossos males. Pregai por toda a parte esta devoção, ela deve ser a salvação do mundo.”; e as palavras de Leão XIII: “Nós desejamos com todo o ardor da nossa alma que a devoção ao Coração de Jesus se propague e se expanda sobre toda a terra. Alimentamos a doce e a firme esperança de que não deixarão de emanar grandes benefícios deste divino Coração, e que eles serão o remédio eficaz dos males que afligem o mundo.” (Aos delegados da Liga do Coração de Jesus, Anais de São Paulo).
Estas palavras são presságios de novas acções e de novos estímulos. O Sumo-Pontífice Pio IX, solicitado por milhões de assinaturas, apresentadas pelos bispos no concílio e posteriormente renovadas, propôs em 1875 uma consagração geral que se fez em todas as paróquias do mundo, bem recordais com que entusiasmo. – Aquelas humildes solicitações pediam mais. Pediam a consagração oficial da Igreja ao divino Coração e a elevação da sua festa ao rito mais elevado. Mantenha a esperança de ver esta nova graça. É preciso que este século seja especialmente abençoado por Deus, e se torne o século do Coração de Jesus.
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