2ª feira – XI semana comum
Se alguém te forçar a caminhar um quilómetro,
vai com ele dois quilómetros…
Os soldados do exército romano tinham o
direito legal de forçar qualquer súbdito de um território ocupado a carregar
consigo as suas mochilas e equipamentos pesados. No entanto, o limite legal era
de 1.000 passos – ou seja, uma milha romana (aproximadamente meia milha hoje).
Assim, o “sujeito” foi na verdade transformado em um objeto para ser usado como
mula de carga. Mas ao oferecer-se para ultrapassar o limite, o objeto humano silenciado
e oprimido estaria recuperando o estatuto de sujeito. Ao fazer esta livre
escolha, ele não estaria apenas demonstrando a extravagante generosidade de
Deus; ele também colocaria o soldado numa situação embaraçosa, porque
permitir a milha extra seria, na verdade, infringir a lei.
Assim a quem te oferece a opressão, oferece a
outra face, a face da tua dignidade.
A oferta da “segunda milha” foi na verdade
uma forma de desmascarar o jogo de poder, de subverter o sistema de forma não
violenta, entrando diretamente no ridículo de tudo isto. E isso não é covardia.
É preciso muita coragem. Este ato subversivo inverte a dinâmica do poder. A
tentativa do soldado de intimidar e humilhar o camponês leva agora a um
constrangimento desconfortável.
Jesus não está apenas caminhando passivamente
com um soldado; ele está compartilhando com ele e até ensinando-o. E embora
Jesus seja claramente aquele que não tem poder algum na situação, o soldado
fica cativado pelo que tem a dizer, porque fala a partir da sabedoria única que
só existe no coração dos oprimidos. (Inspirado
em autor desconhecido)
A face da verdade
Jesus vive sempre o que ensina e ensina
sempre o que vive.
Também ao propor que os seus discípulos
oferecessem a outra face quando alguém usasse de violência, mais tarde daria o
exemplo.
Jesus ofereceu a outra face no tribunal que o
condenou à morte.
Jesus disse:
- Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre
na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às
escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles
sabem o que eu disse.
Quando Jesus falou isso, um dos guardas que
ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:
- É assim que respondes ao sumo sacerdote?
Respondeu-lhe Jesus:
- Se respondi mal, mostra em quê; mas, se
falei bem, por que me bates?
A quem lhe bateu numa face Jesus mostrou-lhe
a outra, a face da verdade.
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