A Primeira Peregrinação Dehoniana a Fátima
“Com
a viagem para o Funchal marcada e paga, tranquilizados e agradecidos, pensámos:
-
Por que não vamos a Fátima? Temos tempo e precisamos duma boa bênção de Nossa
Senhora para nós e para a nossa missão.
E lá
fomos! Ficámos alojados, nos dias 12 e 13 de janeiro de 1947, na casa que
as Irmãs Doroteias têm na Cova da Iria.
Era
janeiro. Chuviscava e não vimos lá muita gente. Quer pela estação fria e
chuvosa, quer pelo aspeto geral de pobreza daquelas serras, fiquei persuadido
de que Nossa Senhora tinha mesmo escolhido aquele lugar para melhor inculcar o
espírito de penitência, de reparação, de desapego das riquezas e comodidades da
vida…
Celebrámos
na Capelinha, visitámos Aljustrel, falámos com o Ti Marto. Lembro-me que
rezámos com fervor pedindo a bênção de Nossa Senhora para a nossa missão e para
a nossa obra em Portugal. Não temos nós a finalidade da reparação que Ela veio
pedir em Fátima? Seríamos colaboradores da sua mensagem! Que Ela nos ajudasse
nisso!
Encontrámos
lá o Pe. Marchi, com quem conversámos. Ele tinha vindo da Suíça, durante a
guerra. Tinha aberto, um par de anos, um pequeno Seminário instalado numa
pequena casa emprestada pelos Salesianos.
Nessa
altura deveria o Pe. Marchi estar a preparar o seu lindo livro: “Era uma
Senhora mais brilhante que o sol”. Com efeito, lendo o livro, parece-me ainda
ouvi-lo falar, como ele nos falou naquela nossa visita da Fátima.”
(Memórias do Pe. Ângelo Colombo)
“Foi
em Fátima que ouvimos as primeiras críticas sobre a escolha da Madeira.
- As
vocações não parecem muito seguras… não são rapazes muito sadios, também
numericamente a ilha não poderá dar muito… O meio é fechado… porque não abrem
aqui em Fátima? O Bispo é favorável…
Eu
ouvi tudo isso e não sabia responder.
O
Pe. Colombo ouvia e não se importava. Fátima, certamente não. Eu também repeti:
‘Fátima não’, mas sem saber porquê. (Agora, depois de quase quarenta anos, ainda
repito ‘Fátima, não!’)
E
percebo agora o porquê. Um seminário em Fátima quer dizer ter os alunos em
constante contacto com um sobrenatural demasiado carregado e num contínuo
reboliço de peregrinos, procissões e turistas. Desde maio, as casas religiosas
tornam-se hotéis e não há ambiente para estudo e formação. Fátima não em 1947,
menos ainda Fátima de hoje. Dou plena razão ao Pe. Colombo.
O
contacto com o sobrenatural de Fátima fez-me bem. A mensagem de Nossa Senhora
está tão próxima do nosso espírito que quase se identifica. O Padre Fundador,
tão devoto de ‘La Salette’, não teria hesitado em aceitá-la plenamente. Teria
repetido aquela frase tão sua: ‘É a graça do tempo presente’.
Deixámos
Fátima com saudade. Regressámos a Lisboa (continuando por uns dias a viver à
grande em casa das Irmãs Doroteias) e preparámo-nos para a viagem até ao
Funchal.”
(Memórias
do Pe. Gastão Canova)
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