quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Primeiros SCJ em Fátima


A Primeira Peregrinação Dehoniana a Fátima

“Com a viagem para o Funchal marcada e paga, tranquilizados e agradecidos, pensámos:

- Por que não vamos a Fátima? Temos tempo e precisamos duma boa bênção de Nossa Senhora para nós e para a nossa missão.

E lá fomos! Ficámos alojados, nos dias 12 e 13 de janeiro de 1947, na casa que as Irmãs Doroteias têm na Cova da Iria.

Era janeiro. Chuviscava e não vimos lá muita gente. Quer pela estação fria e chuvosa, quer pelo aspeto geral de pobreza daquelas serras, fiquei persuadido de que Nossa Senhora tinha mesmo escolhido aquele lugar para melhor inculcar o espírito de penitência, de reparação, de desapego das riquezas e comodidades da vida…

Celebrámos na Capelinha, visitámos Aljustrel, falámos com o Ti Marto. Lembro-me que rezámos com fervor pedindo a bênção de Nossa Senhora para a nossa missão e para a nossa obra em Portugal. Não temos nós a finalidade da reparação que Ela veio pedir em Fátima? Seríamos colaboradores da sua mensagem! Que Ela nos ajudasse nisso!

Encontrámos lá o Pe. Marchi, com quem conversámos. Ele tinha vindo da Suíça, durante a guerra. Tinha aberto, um par de anos, um pequeno Seminário instalado numa pequena casa emprestada pelos Salesianos.

Nessa altura deveria o Pe. Marchi estar a preparar o seu lindo livro: “Era uma Senhora mais brilhante que o sol”. Com efeito, lendo o livro, parece-me ainda ouvi-lo falar, como ele nos falou naquela nossa visita da Fátima.”

(Memórias do Pe. Ângelo Colombo)

“Foi em Fátima que ouvimos as primeiras críticas sobre a escolha da Madeira.

- As vocações não parecem muito seguras… não são rapazes muito sadios, também numericamente a ilha não poderá dar muito… O meio é fechado… porque não abrem aqui em Fátima? O Bispo é favorável…

Eu ouvi tudo isso e não sabia responder.

O Pe. Colombo ouvia e não se importava. Fátima, certamente não. Eu também repeti: ‘Fátima não’, mas sem saber porquê. (Agora, depois de quase quarenta anos, ainda repito ‘Fátima, não!’)

E percebo agora o porquê. Um seminário em Fátima quer dizer ter os alunos em constante contacto com um sobrenatural demasiado carregado e num contínuo reboliço de peregrinos, procissões e turistas. Desde maio, as casas religiosas tornam-se hotéis e não há ambiente para estudo e formação. Fátima não em 1947, menos ainda Fátima de hoje. Dou plena razão ao Pe. Colombo.

O contacto com o sobrenatural de Fátima fez-me bem. A mensagem de Nossa Senhora está tão próxima do nosso espírito que quase se identifica. O Padre Fundador, tão devoto de ‘La Salette’, não teria hesitado em aceitá-la plenamente. Teria repetido aquela frase tão sua: ‘É a graça do tempo presente’.

Deixámos Fátima com saudade. Regressámos a Lisboa (continuando por uns dias a viver à grande em casa das Irmãs Doroteias) e preparámo-nos para a viagem até ao Funchal.”

(Memórias do Pe. Gastão Canova)

 

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