domingo, 16 de janeiro de 2022

Uma viagem atribulada

De manhã no dia 16, alguns passageiros nem se levantaram. Outros, mais afoitos, andavam, ou se sentavam, com ar perdido, agarrando-se a tudo quanto podiam. O pobre Pe. Canova foi uma das vítimas. Levantou-se… mas andava com uma cara que nem de morto. Não teve outro remédio senão refugiar-se no seu beliche. E assim passou quase toda a viagem. Eu tive sorte e defendi-me melhor, pois tinha aprendido algo na anterior navegação. De celebrar, nem palavra: no Carvalho Araújo não havia capela.

Dando voltas a bordo, reencontrei o Cônsul da Itália com a sua família:

- Como?! – exclamou ele ao ver-me – como conseguiu passagem? Este barco anda sempre superlotado! Eu tive dificuldade em marcar lugar, já há um mês atrás, em Génova.

- Ah! Mas nós andamos ao serviço de um ‘Patrão’ que é dono de tudo e de todos! – Foi a minha resposta.

(Memórias do Pe. Ângelo Colombo)

 

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