“Logo
no dia 19 de janeiro, domingo, dois dias depois de termos chegado à
Madeira, fui celebrar para o povo na Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, um
pouco acima da Escola Artes e Ofícios. Aquele bom povo, sabendo que havia
padres disponíveis, começou a encomendar Missas. Pouco depois, também começamos
a celebrar na Capela do Faial, também perto da Escola. Apercebi-me que o meu
português era insuficiente para entender e para me fazer entender.” (Memórias
do Pe. Ângelo Colombo)
Depois
de teremos arrumado roupas e livros, fizemos o nosso horário:
05,30
Levantar - Orações – Meditação – S. Missa
08,00 - Pequeno-Almoço
12,00 - Exame particular – Almoço
13,00 - Aulas de Português
17,00 - Estudo
18,00 - Adoração – Ceia – Recreio – Repouso
“Vivíamos
numa casinha um pouco afastada do conjunto da Escola e, embora sem grandes luxos,
éramos bem tratados e servidos, especialmente no que se refere à alimentação.
O Pe.
Colombo, prático e sem complexos, pediu logo a uns professores da Escola que
nos aceitassem nas suas aulas. Foram bastantes benévolos e nós sentadinhos
naquelas carteiras de crianças, começámos pacientemente a soletrar a pronúncia
portuguesa.
Lembro-me
do primeiro ditado. Não entendia a maior parte das palavras e, quanto mais o
professor marcava as sílabas, maiores dificuldades sentia em as entender.
Quando percebia a palavra, então surgia o problema dos acentos e dos ‘s’ e ‘z’
a brigarem entre si. (O Pe. Colombo confessava que estava a perceber cada vez
menos. Dizia que os madeirenses têm o mau hábito de comer as sílabas…)
Porém
aquele esforço e aquela humildade valeu-nos uma certa prática e domínio da
língua.
Aproveitámos
muito as aulas da quarta classe do Pe. Plácido. O bom e culto sacerdote dava
aulas muito tempo. A sintaxe portuguesa era passada a pente fino. Os complementos,
os verbos, as orações, tudo era analisado, classificado e justificado.”
(Memórias do Pe. Gastão Canova).
“O
trabalho principal era na Escola. Nós é que devíamos fazer assistência aos
alunos desde o levantar até ao deitar. Depois da missa matutina e do pequeno
almoço, estávamos com eles nos recreios, assim como no estudo, nos intervalos
das aulas. (A seguir aos dois primeiros meses, também nas aulas de religião.)
O
Pe. Canova era mais dedicado a esse trabalho e em breve entrou na alma daquela
instituição e daqueles rapazes. Eu procurava entrar na administração, no
movimento de pessoal, no funcionamento das oficinas, na cozinha, no refeitório
etc.” (Memórias do Pe. Ângelo Colombo).
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