quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Aprendendo o português


“Logo no dia 19 de janeiro, domingo, dois dias depois de termos chegado à Madeira, fui celebrar para o povo na Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, um pouco acima da Escola Artes e Ofícios. Aquele bom povo, sabendo que havia padres disponíveis, começou a encomendar Missas. Pouco depois, também começamos a celebrar na Capela do Faial, também perto da Escola. Apercebi-me que o meu português era insuficiente para entender e para me fazer entender.” (Memórias do Pe. Ângelo Colombo)

 

Depois de teremos arrumado roupas e livros, fizemos o nosso horário:

05,30 Levantar - Orações – Meditação – S. Missa

08,00 - Pequeno-Almoço

12,00 - Exame particular – Almoço

13,00 - Aulas de Português

17,00 - Estudo

18,00 - Adoração – Ceia – Recreio – Repouso

“Vivíamos numa casinha um pouco afastada do conjunto da Escola e, embora sem grandes luxos, éramos bem tratados e servidos, especialmente no que se refere à alimentação.

O Pe. Colombo, prático e sem complexos, pediu logo a uns professores da Escola que nos aceitassem nas suas aulas. Foram bastantes benévolos e nós sentadinhos naquelas carteiras de crianças, começámos pacientemente a soletrar a pronúncia portuguesa.

Lembro-me do primeiro ditado. Não entendia a maior parte das palavras e, quanto mais o professor marcava as sílabas, maiores dificuldades sentia em as entender. Quando percebia a palavra, então surgia o problema dos acentos e dos ‘s’ e ‘z’ a brigarem entre si. (O Pe. Colombo confessava que estava a perceber cada vez menos. Dizia que os madeirenses têm o mau hábito de comer as sílabas…)

Porém aquele esforço e aquela humildade valeu-nos uma certa prática e domínio da língua.

Aproveitámos muito as aulas da quarta classe do Pe. Plácido. O bom e culto sacerdote dava aulas muito tempo. A sintaxe portuguesa era passada a pente fino. Os complementos, os verbos, as orações, tudo era analisado, classificado e justificado.” (Memórias do Pe. Gastão Canova).

 

“O trabalho principal era na Escola. Nós é que devíamos fazer assistência aos alunos desde o levantar até ao deitar. Depois da missa matutina e do pequeno almoço, estávamos com eles nos recreios, assim como no estudo, nos intervalos das aulas. (A seguir aos dois primeiros meses, também nas aulas de religião.)

O Pe. Canova era mais dedicado a esse trabalho e em breve entrou na alma daquela instituição e daqueles rapazes. Eu procurava entrar na administração, no movimento de pessoal, no funcionamento das oficinas, na cozinha, no refeitório etc.” (Memórias do Pe. Ângelo Colombo).

 

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