quarta-feira, 3 de abril de 2013

Os amigos de Emaús

 
4ª Feira - Oitava da Páscoa
 
Hoje vou ceder a uma tentação que me persegue há muito tempo.
Sempre resisti à tentação de querer saber quem são os Discípulos de Emaús em vez de procurar saber acima de tudo quem é Jesus e de O reconhecer.
Também sempre resisti a outra tentação: a de olhar ou prestar atenção para as mãos de Jesus em vez de olhar para a fração do pão ou para o próprio pão que é a Eucaristia.
 
Hoje vou refletir sobre o que sempre evitei.
 
1ª - Quem são os discípulos a caminho de Emaús?
O nome de um discípulo já sabemos - "um deles, de nome Cléofas.."
E o outro companheiro de viagem? Não sabemos.
Atrevo-me a apontar para alguém muito próximo deste primeiro.
Quem? No relato da Paixão lemos que "junto à cruz de Jesus estavam Maria, Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e ..."
Então este Cléofas tinha uma mulher, de nome Maria, que segundo a tradição seria irmã de Nosssa Senhora.
Conclusão: Os dois caminhantes de Emaús eram Marido e Mulher, Cléofas e Maria sua esposa.eram um casal e familiares de Jesus.
Que lições posso acolher desta situação?
- As duas personagens conheciam bem Jesus, mas não o reconheceram. A mulher de Cléofas até tinha sido uma das últimas pessoas a ver Jesus descido da cruz, mas não o reconheceu no caminho de Emaús. Isto quer dizer que a partir da ressurreição vemos Jesus não com os olhos do rosto, mas com os olhos da fé. Se fosse apenas necessário ver com os olhos normais, os seus colegas de viagem ter-se-iam apercebido de imediato pois conheciam-no bem. Só nos apercebemos de Jesus com os olhos da fé.
- As duas personagens são um casal. É a comunidade base, qual semente de novas comunidades. São marido e mulher, pois é em comunidade, em família que Jesus quer ser reconhecido e acolhido.
- Finalmente são seus familiares, são seus tios, para nos eninar que a paritr de agora há outro tipo de ligação e de envolvimento. É a confirmação das palavras ditas anteriormente por Jesus: Quem são minha mãe, meus irmãos e minhas irmãs... só quem fizer a vontade de Meu Pai é que são meus familiares.
 
2ª - Porque O reconheceram só ao partir do pão?
Hoje quero recuperar essa cena imaginando-me lá.
Ao ouvir as explicações de Jesus pelo caminho, nem me aperceberia das suas mãos. Estaria tão absorto pelos seus ensinamentos, tão animado pelas suas palavras, tão hipnotizado pelo seu olhar que nem teria olhado para as suas mãos.
Só depois, estando eu mais à vontade, descansado no aconchego ou no conforto de uma mesa é que me teria percebido que afinal era Ele, era mesmo Jesus. Não teria dúvida: Eram as suas mãos, pois estavam perfuradas...
Mas nesse preciso momento, deixaria de ver Jesus e veria apenas o Pão partido por Ele...
Aliás ainda hoje se passa o mesmo...
Nós não vemos a Cristo a abençoar o pão e a reparti-lo. Só nos apercebemos do seu Pão.
Muitas vezes Jesus atrai-nos mostrando alguns sinais, mensagens ocultas para nos aproximar da sua presença Eucarística.
Na celebração da Missa passa-se o mesmo: Eu começo por ver o padre, depois vejo o pão... mas com os olhos da fé posso passar a ver o Cristo e o seu Corpo feito pão ou o seu pão feito corpo...

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