domingo, 26 de abril de 2020

Os fugitivos de Emaús


Ano A – III Domingo da Páscoa















Há quem veja no episódio dos discípulos de Emaús uma catequese sobre a Eucaristia, outros vêm uma catequese sobre a Ressurreição e outros ainda uma lição sobre a Palavra de Deus e sua interpretação. Eu quero hoje ver nesse espisódio uma catequese sobre a Igreja. De facto, o evangelho de Emaús é uma parábola da origem e do sentido da Igreja de Cristo.

1 – Uma Igreja em fuga
Os dois fugitivos de Emaús representam a igreja ou a comunidade em fuga. Tinham esperado um reio de poder, mas Jesus estava morto havia três dias e por isso fugiram desapontados e tristes. É a imagem de uma comunidade inconformada.
2 – Uma Igreja em saída
A fuga transformou-se em saída. Foi a oportunidade de descobrir o sentido de tudo o que estava a acontecer. Foi para eles a única saída para se reencontrar com Jesus. Os fugitivos podiam transformar-se em novo fermento, mas tiveram de sair primeiro de Jerusalém, fechada em si mesma, para buscar novas experiências, para si e para todos.
3 – Uma Igreja de periferia
Sozinhos ninguém consegue redescobrir e entender o Evangelho. Os discípulos de Jerusalém pareciam passivos. Pelo contrário os fugitivos de Emaús podiam ter saído de Jerusalém em protesto. Sair de si mesmo é abrir-se à revelação divina. Jesus revela-se na Escritura (explicada ao longo da estrada) e pela Eucaristia (fora da grande cidade, no campo). É a revelação ou a prova da Ressurreição e do renascimento da comunidade, da nova presença de Cristo e da vida nova dos irmãos.
4 – Uma Igreja retornada
É a experiência do retorno. Os fugitivos de Emaús regressaram a Jerusalém com a sua nova experiências, com os efeitos da Eucaristia ou da Fração do Pão e com o seu ardor. E encontraram outros dois discípulos que tinham ido ao sepulcro vazio e que agora partilhavam com ardor essa fé na ressurreição. A igreja do ressuscitado é uma comunidade de retorno a Cristo e aos irmãos.
5 – Uma Igreja plural
É a conclusão da experiência de Emaús, parábola da Igreja. A comunidade dos crentes em Jesus é composta de tantas experiências diferentes – de gente que vai e que vem, de gente que duvida e que quer tocar para crer, de gente que viu e acreditou… E para haver Igreja é preciso esta experiência plural. Não há Igreja sem uns e outros, sem estes e aqueles. A Igreja precisa de todos e todos precisam da Igreja.
















Ver também:



Sem comentários: