Ano A – III Domingo da
Páscoa
Há quem veja no episódio dos discípulos de Emaús uma catequese sobre a Eucaristia, outros vêm uma catequese sobre a Ressurreição e outros ainda uma lição sobre a Palavra de Deus e sua interpretação. Eu quero hoje ver nesse espisódio uma catequese sobre a Igreja. De facto, o evangelho de Emaús é uma
parábola da origem e do sentido da Igreja de Cristo.
1 – Uma Igreja em fuga
Os dois fugitivos de Emaús
representam a igreja ou a comunidade em fuga. Tinham esperado um reio de poder,
mas Jesus estava morto havia três dias e por isso fugiram desapontados e
tristes. É a imagem de uma comunidade inconformada.
2 – Uma Igreja em saída
A fuga transformou-se em
saída. Foi a oportunidade de descobrir o sentido de tudo o que estava a acontecer.
Foi para eles a única saída para se reencontrar com Jesus. Os fugitivos podiam
transformar-se em novo fermento, mas tiveram de sair primeiro de Jerusalém,
fechada em si mesma, para buscar novas experiências, para si e para todos.
3 – Uma Igreja de periferia
Sozinhos ninguém consegue
redescobrir e entender o Evangelho. Os discípulos de Jerusalém pareciam
passivos. Pelo contrário os fugitivos de Emaús podiam ter saído de Jerusalém em
protesto. Sair de si mesmo é abrir-se à revelação divina. Jesus revela-se na
Escritura (explicada ao longo da estrada) e pela Eucaristia (fora da grande
cidade, no campo). É a revelação ou a prova da Ressurreição e do renascimento
da comunidade, da nova presença de Cristo e da vida nova dos irmãos.
4 – Uma Igreja retornada
É a experiência do retorno.
Os fugitivos de Emaús regressaram a Jerusalém com a sua nova experiências, com
os efeitos da Eucaristia ou da Fração do Pão e com o seu ardor. E encontraram
outros dois discípulos que tinham ido ao sepulcro vazio e que agora partilhavam
com ardor essa fé na ressurreição. A igreja do ressuscitado é uma comunidade de
retorno a Cristo e aos irmãos.
5 – Uma Igreja plural
É a conclusão da experiência
de Emaús, parábola da Igreja. A comunidade dos crentes em Jesus é composta de
tantas experiências diferentes – de gente que vai e que vem, de gente que
duvida e que quer tocar para crer, de gente que viu e acreditou… E para haver Igreja
é preciso esta experiência plural. Não há Igreja sem uns e outros, sem estes e
aqueles. A Igreja precisa de todos e todos precisam da Igreja.
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