6ª
feira santa
“Jesus orava, no Jardim das Oliveiras, com a fronte inclinada para o chão. Deus ouvia todas as suas
súplicas, todas a favor da humanidade. Os seus rogos foram atendidos e o sangue
que oferecia pelo pecado alheio admitido.
Quando
Jesus se levantou, uma das gotas de sangue que britavam da sua pura fronte caiu
no cálice de uma pequena e modesta flor que se achava aos seus pés.
Ia
a sair dali, pois a hora da sua prisão aproximava-se, quando ouviu uma voz
impercetível, que lhe dizia:
-
Senhor, inclina os teus divinos olhos para a terra e olha-me. Os teus castos
lábios tocaram não há muito as minhas pétalas inodoras, e o precioso sangue da
tua fronte caiu no meu cálice sem perfume. Eu sou a planta mais humilde e mais
modesta de Israel. Ninguém olha para mim, ninguém me colhe com amor, porque não
tenho virtude alguma; mas Tu podes fazer-me imortal concedendo à minha família
uma gota de sangue em cada uma das suas pequenas folhas e um pouco de perfume
das tuas divinas palavras na semente que me fecunda. Senhor, não te retires sem
m concederes o que te peço.
Jesus
inclinou os olhos para o solo.
Aquela
voz vinha do cálice de uma flor. Compadecido o Nazareno ante a súplica daquela
débil planta, disse:
- Já
que presenciaste a minha amargura, já que Deus te concede por um momento o dom
da palava, o meu sangue esmaltará desde esta noite as tuas folhas, e a essas
três manchas ajuntarei a coroa de espinhos que há de cingir-me amanhã na cidade
dos profetas e o perfume delicado dos lírios do vale de Zabulão.
Desde
então cresce nos campos uma flor silvestre que ostenta nas suas verdes folhas
três manchas de sangue que entrelaçam uma coroa de espinhos. Esta flor chama-se
trevo da Judeia.” A felicidade ainda foi maior, pois tornou-se também trevo de quatro folhas, para sorte dos seus admiradores. E cada pétala ficou com a forma de um coração e o seu conjunto com a forma de uma cruz...
(cf.
Henrique Perez Escrich “O Mártir do Gólgotha”)
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