terça-feira, 2 de novembro de 2021

Aprender com os defuntos

 

Comemoração de todos os fiéis defuntos

Os nossos defuntos ensinam-nos muitas coisas.

Para aprofundar a contemplação do mistério da morte, da vida e da ressurreição podemos prestar atenção e corrigir 3 aspetos:

Corrigir a visão

Corrigir a linguagem

Corrigir a oração

 

1- Corrigir a nossa visão

Devíamos alterar a ordem das celebrações. Primeiro devíamos celebrar o portão de entrada e só depois o paraíso. Devíamos celebrar antes a comemoração dos fiéis defuntos e no dia seguinte celebrar todos os santos.

Devíamos mudar de cores litúrgicas nesta comemoração. Não devia ser cor roxa de tristeza ou de penitência, mas branca festiva. Saudade sim, tristeza não.

Devíamos olhar não para baixo, mas para o alto. Parece que tudo nos cemitérios atrai o nosso olhar para baixo, para a terra, para os restos mortais. Mas afinal as flores apontam para o alto, os ciprestes também e as velas brilham mais longe. De facto, nós vamos ao cemitério para olhar mais além, para alargar os nossos horizontes, para contemplar o mistério da ressurreição e da vida, para antever a eternidade ou a imortalidade.

O que entra através dos nossos olhos enche o nosso coração.

Neste dia purifiquemos o nosso olhar com esta imagens de vida eterna.

 

2- Corrigir a nossa linguagem

Nós dizemos que os defuntos morreram, os anjos dizem que eles nasceram.

Nós dizemos os defuntos de saudosa memória, os anjos dizem, de feliz presença

Nós dizemos-lhes o último adeus, os anjos dizem: sede bem-vindos

Nós dizemos que partiram, os anjos dizem que chegaram

Nós dizemos que deixaram esta terra, os anjos dizem que entraram no céu

Nós dizemos que a morte é o fim, os anjos dizem que a morte é o começo

Nós dizemos menos um a viver connosco, os anjos dizem mais um a cantar connosco

Nós dizemos que nos revestimos de luto, os anjos dizem que entram na Luz.

Nós dizemos que os vivos morrem, os anjos dizem que os mortos vivem

Nós dizemos dia de finados, os anjos dizem dia de ressuscitados

Troquemos então a nossa linguagem com a linguagem dos anjos.

Anteciparemos então o mistério que nos está reservado.

Santa Teresinha do Menino Jesus, qual anjo na terra, aprendeu esta linguagem celeste, pois dizia: Eu não morro, eu entro na vida!

 

3- Corrigir a nossa oração

Um amigo meu perguntou-me se no céu havia vergonha.

- Claro que não. No céu ninguém se envergonha de ninguém. Mas isto não quer dizer que o céu é para os sem vergonha – respondi com alguma malícia. E por que me perguntas isso?

- É que eu acho que terei vergonha quando chegar ao céu e ver que outros que chegarem ao mesmo tempo que eu, serem logo procurados pelas almas para lhes agradecerem. Assim ouvirão dizer: obrigado pelo bem que praticaste lá na terra em nossa memória, obrigado pelas orações que fizestes pela nossa salvação, obrigado pela tua devoção pelas almas do purgatório.

Eu acho que não rezei o suficiente para elas virem ter comigo no céu para me agradecer. Terei vergonha ao ver outros a receberem a gratidão de muitas almas e eu a ficar ali sozinho…

De facto, no céu, pode não haver vergonha, mas de certeza que haverá muita gratidão… apenas gratidão e louvores.

Rezemos pelas almas. Rezemos por elas e com elas. Um dia elas irão receber-nos no céu e agradecer-nos a ajuda da nossa oração.

 

Ver também:

Desafios para novembro

Que seja pelas almas

Canção do dia

Memória e esperança

Celebrar óbito

Saudade sim, tristeza não

Dia de finados

Viagem sem retorno

 

1 comentário:

Quintal Vieira disse...

Nunca vi nenhum defunto deitado de cabeça para baixo. Mesmo com os olhos fechados, os defuntos ensinam-nos a olhar sempre para o alto, para o infinito, para o céu.