No
dia dos fiéis defuntos recordo o que aprendi entre os Chokwes em Angola.
Quando
morre alguém, os amigos vão passar a noite e o dia em casa do defunto, onde há música,
dança, comida e bebida. Dizem que estão a celebrar óbito, durante o qual nenhum
amigo ou familiar vai trabalhar.
Antes
do defunto sair de casa, alguém da família (pai, mãe, marido ou mulher) faz-lhe um discurso de despedida.
O cortejo funerário até ao cemitério é acompanhado de cânticos e de danças.
Antes
do féretro descer à terra, alguém da aldeia ou do bairro lê a biografia do
falecido.
Sobre
a campa são colocados o prato, a caneca e o talher que o falecido costumava usar.
É
sinal de respeito. Assim ninguém mais usará esses utensílios… continuarão a ser
sua pertença por toda a eternidade.
Habitualmente
ninguém vai limpar ou pôr flores no cemitério. Se o fizesse estaria a chamar
alguém para ali, isto é, a desejar que alguém morra…
Só
preparam, limpam e enfeitam os cemitérios quando há já um morto à espera de ser sepultado.
Quero aprender com eles a enfrentar a morte com mais coragem e serenidade.
Espero que eles aprendam comigo a celebrar a morte com fé e esperança.
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