Quando
Ismael, negociante de madeiras, veio entregar um novo carregamento, José não
tinha o dinheiro suficiente para pagar.
- Só
tenho metade do valor, mas tu sabes que sempre te paguei até à última moeda…
Ismael
tinha mau feitio, era avarento e semeava mal-estar à sua volta.
-
Nem pensar! Isto não é o centro da caridade do Templo. Vou voltar a carregar
metade da madeira…
Nisto
apareceu Maria, esposa de José e fez uma proposta.
-
Deixe ficar a madeira toda. Leve todo o dinheiro que temos e assim que possível
pagar-lhe-emos todo o resto. Entretanto leve este manto novo como garantia.
Vale bem o restante da dívida…
O
homem barafustou, levantou a voz, ameaçou, protestou dizendo que queria todo o
dinheiro imediatamente. José continuava, como sempre em silêncio. Maria, com
toda a calma colocou o manto novo de José nos braços de Ismael e logo o homem
ficou diferente. Sem saber o que estava a passar, Ismael despediu-se
respeitosamente até ao próximo carregamento, com toda a simpatia e satisfação.
E
assim se resolveu a situação e José, o carpinteiro, pôde continuar o seu
ofício.
No
caminho de regresso a casa, Ismael ia pensando no sucedido e continuava a não
perceber porque é que tinha aceite aquela garantia, mas sentia-se feliz e em
paz. Nisto o seu jumento tropeçou e foi ao chão. O dono tentou levantá-lo com
toda a paciência, que até o animal se surpreendeu. Tinha fraturado uma perna. Então sem pensar
duas vezes, Ismael rasgou um pedaço do manto de José, estancou a ferida, amarou-lhe
a perna e o jumento continuou a caminhada melhor ainda do que antes. O homem
não sabia como explicar.
Chegando
a casa, encontrou a sua mulher desesperada pela demora do marido.
-
Pelo menos conseguiste receber todo o dinheiro que te era devido?
-
Ainda não – respondeu-lhe mansamente o marido.
A
mulher ia começar uma violenta discussão, quando o marido lhe colocou o manto
de São José sobre os seus ombros e ela tornou-se tão meiga e compreensiva como
nunca tinha sido.
Nisto
veio uma velhinha pedir esmola e a mulher, como se fosse uma coisa natural,
cortou um pedaço do manto para embrulhar um pão e deu-o à pedinte. A partir dessa
data e até à sua partida natural deste mundo, nunca se esgotou o pão nesse
saco.
Depois
foi o caso do incêndio na casa vizinha. Ismael cortou um pedaço do manto e
atirou para as chamas que imediatamente se apagaram…
E
finalmente, a mulher pensou na sua amiga que vivia longe, isolado por causa da
lepra que apanhara. Foi procurá-la com um pedaço do manto, evolveu-lhe as
chagas e ela ficou toda curada.
E
assim o manto foi sendo partilhado, encurtando-se até desaparecer.
Por
fim juntaram-se todos os que tinham sido tocados pelo poder desse manto e
decidiram ir até Nazaré, à oficina de José, levar-lhe um manto novo, já que o
outro tinha desaparecido.
Até
o jumento se integrou nessa procissão.
Ao
aproximarem-se da oficina, José pensou logo que Ismael vinha reclamar o resto
do dinheiro.
Contaram-lhe
tudo o que acontecera e quanto eles lhe eram devedores pelo bem que lhes fizera
através do manto. São José continuava calado.
Cada
um apresentou um manto novo, mas Maria não quis aceitar, dizendo simplesmente.
- O
manto de José não serve para se aconchegar a si mesmo, mas para aconchegar os
outros. Ide e fazei o mesmo com os vossos mantos.
Conclusão:
O
manto de São José é um manto de caridade.
É
tal como uma árvore que não dá fruto para si mesma, mas para os outros.
Façamos
o mesmo.
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