quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Um manto de caridade

Quando da infância de Jesus, os moradores da região onde vivia, eram muito pobres e, sendo José carpinteiro, tendo pena deles, fazia móveis e utensílios cobrando quase nada de lucro, somente o mínimo para o sustento de Jesus e Maria e a muitos, nada cobrava, por saber que não tinham como pagar.

Quando Ismael, negociante de madeiras, veio entregar um novo carregamento, José não tinha o dinheiro suficiente para pagar.

- Só tenho metade do valor, mas tu sabes que sempre te paguei até à última moeda…

Ismael tinha mau feitio, era avarento e semeava mal-estar à sua volta.

- Nem pensar! Isto não é o centro da caridade do Templo. Vou voltar a carregar metade da madeira…

Nisto apareceu Maria, esposa de José e fez uma proposta.

- Deixe ficar a madeira toda. Leve todo o dinheiro que temos e assim que possível pagar-lhe-emos todo o resto. Entretanto leve este manto novo como garantia. Vale bem o restante da dívida…

O homem barafustou, levantou a voz, ameaçou, protestou dizendo que queria todo o dinheiro imediatamente. José continuava, como sempre em silêncio. Maria, com toda a calma colocou o manto novo de José nos braços de Ismael e logo o homem ficou diferente. Sem saber o que estava a passar, Ismael despediu-se respeitosamente até ao próximo carregamento, com toda a simpatia e satisfação.

E assim se resolveu a situação e José, o carpinteiro, pôde continuar o seu ofício.

No caminho de regresso a casa, Ismael ia pensando no sucedido e continuava a não perceber porque é que tinha aceite aquela garantia, mas sentia-se feliz e em paz. Nisto o seu jumento tropeçou e foi ao chão. O dono tentou levantá-lo com toda a paciência, que até o animal se surpreendeu.  Tinha fraturado uma perna. Então sem pensar duas vezes, Ismael rasgou um pedaço do manto de José, estancou a ferida, amarou-lhe a perna e o jumento continuou a caminhada melhor ainda do que antes. O homem não sabia como explicar.

Chegando a casa, encontrou a sua mulher desesperada pela demora do marido.

- Pelo menos conseguiste receber todo o dinheiro que te era devido?

- Ainda não – respondeu-lhe mansamente o marido.

A mulher ia começar uma violenta discussão, quando o marido lhe colocou o manto de São José sobre os seus ombros e ela tornou-se tão meiga e compreensiva como nunca tinha sido.

Nisto veio uma velhinha pedir esmola e a mulher, como se fosse uma coisa natural, cortou um pedaço do manto para embrulhar um pão e deu-o à pedinte. A partir dessa data e até à sua partida natural deste mundo, nunca se esgotou o pão nesse saco.

Depois foi o caso do incêndio na casa vizinha. Ismael cortou um pedaço do manto e atirou para as chamas que imediatamente se apagaram…

E finalmente, a mulher pensou na sua amiga que vivia longe, isolado por causa da lepra que apanhara. Foi procurá-la com um pedaço do manto, evolveu-lhe as chagas e ela ficou toda curada.

E assim o manto foi sendo partilhado, encurtando-se até desaparecer.

Por fim juntaram-se todos os que tinham sido tocados pelo poder desse manto e decidiram ir até Nazaré, à oficina de José, levar-lhe um manto novo, já que o outro tinha desaparecido.

Até o jumento se integrou nessa procissão.

Ao aproximarem-se da oficina, José pensou logo que Ismael vinha reclamar o resto do dinheiro.

Contaram-lhe tudo o que acontecera e quanto eles lhe eram devedores pelo bem que lhes fizera através do manto. São José continuava calado.

Cada um apresentou um manto novo, mas Maria não quis aceitar, dizendo simplesmente.

- O manto de José não serve para se aconchegar a si mesmo, mas para aconchegar os outros. Ide e fazei o mesmo com os vossos mantos.

 

Conclusão:

O manto de São José é um manto de caridade.

É tal como uma árvore que não dá fruto para si mesma, mas para os outros.

Façamos o mesmo.

 

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