domingo, 10 de julho de 2016

Versão alternativa


Ano C - XV domingo comum

E perguntaram a Jesus: Quem é o meu próximo?
E ele contou-lhes a seguinte parábola:
Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima.
Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: Vá passando a carteira.
O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.
Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-te: Jesus Cristo sofreu por ti.
Ditas estas palavras com o sinal da cruz deu-lhe a absolvição de pecados: Eu te absolvo...
Levantou-se então, voltou para o carro e foi para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.
Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião da Escola Bíblica. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e perguntou, baixinho: já tens Cristo no seu coração? Isso que te aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Tu não vais à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus chama-te ao arrependimento. Sem Cristo no coração a tua alma irá para a perdição. Arrepende-te dos seus pecados. Aceita Cristo como teu salvador e os teus problemas serão resolvidos!
 O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, aleluia! e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.
Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: Isso que te aconteceu não aconteceu por acaso. Nada acontece por acaso. A vida humana é regida pela lei do karma. Estás a pagar por algo que fizeste numa encarnação passada. Pode ser até que tenhas feito a alguém aquilo que os ladrões te fizeram. Mas agora a tua dívida está paga. O teu espírito está agora livre dessa dívida e poderás continuar a evoluir. Colocou a suas mãos na cabeça do ferido, suspirou, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado pela justiça da lei do karma.
O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou a sua scooter, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o no veículo e levou para as urgências do hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.
Terminada a história, Jesus voltou-se para os seus ouvintes que o olhavam com ódio e cheio de bondade perguntou-lhes: Quem foi o próximo do homem ferido?
(cf. Marcio Duan)

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