Não
pôr limites à misericórdia divina
Tocado
pela graça divina, David era um salteador, que foi bater à porta de um mosteiro
a pedir que o admitissem na comunidade.
O
abade, sabendo de quem se tratava, recusou-se a recebê-lo. Não por causa do seu
passado de salteador, o que seria contrário ao espírito do Evangelho, mas por
outras razões perfeitamente válidas.
-
Tu já tens uma idade avançada - objetou ele - e nunca conseguirás submeter-te
aos nossos preceitos, uma vez que isso seria demasiado duro para ti.
O
outro insistiu, mas o abade manteve-se firme na sua recusa, até ao ponto em que
o salteador lhe disse, com o ar mais sério deste mundo:
-
Se te recusas a receber-me, vou procurar o meu bando, matamos-vos a todos, e
destruímos o mosteiro.
Temendo
o pior, o abade cedeu e recebeu David na sua comunidade.
E
nunca viria a lamentar-se do que fez, pois o antigo salteador tornou-se um
modelo a seguir, e diz-se mesmo que chegou a receber o dom de realizar
milagres, servindo assim de testemunho de uma verdade que a história não cessa
de confirmar: nunca devemos desistir de
receber a misericórdia divina.
(cf.
Os padres do deserto)
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