Foi
sobretudo durante o isolamento forçado pela Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), que o Pe. Dehon se dedicou ao seu jardim da Casa do Coração de
Jesus, em São Quintino…
Desde
menino e moço foi aprendendo a contemplar a natureza e a apreciar a criação,
árvores, plantas e flores, e fê-lo ao longo de toda a sua vida e em qualquer
parte do mundo por onde viajou.
Este
gosto do Pe. Dehon pela jardinagem levou-o a ver a vida como um jardim e a
transformar o seu Instituto em ramalhete espiritual para Deus.
Jardim da casa da família Dehon em La Capelle
1) Pe. DEHON JARDINEIRO
Foi uma progressiva aprendizagem, com lições em todas as etapas da vida e nas mais diversas partes do mundo.
A
jardinagem foi um meio e não um fim.
Esse
gosto surgiu em criança como atividade lúdica, mas também espiritual (flores
para os seus altares)
Apurou-se
na juventude ao desfrutar o ambiente (como espaço de descanso e contemplação)
Inspirou-o
na direção espiritual, durante a vida adulta (pois a alma é como um jardim).
Transformou-se
em hobbies durante a velhice (a jardinagem como ocupação salutar).
Considerava
as flores como um meio que leva a alma até ao seu criador, como expressão do
belo que aproxima de Deus.
Tal
como o que o movia a viajar era o conhecimento das obras de Deus… assim também
o que o aliciava na jardinagem era a contemplação de Deus na sua beleza e
criação.
Sabia
apreciar a natureza, os jardins, as árvores e as flores. E aprendeu a cuidar
dessas obras da criação.
Vejamos
então como foi amadurecendo esta sensibilidade para com as flores e para o que
elas significam ou para onde apontavam, bem como o conhecimento dessa arte e
das espécies de árvores e flores.
Primeiros
anos
Eu
recebia a influência constante de minha mãe… Cedo tive uma viva atração, que
durou toda a minha infância, para construir capelas. Minha mãe tinha
estatuetas, imagens piedosas, e até alguns relicários que tinha arranjado no
pensionato de Charleville. Tudo isso tornou-se imediatamente o ornamento da minha
capela. No Verão, as flores eram ornamento da minha capela. Cedo tomei
também o gosto pela jardinagem e tive sempre o meu jardinzinho… A minha infância não se passa toda no
pensionato e na família. Há algumas relações exteriores, um princípio de vida social.
Algumas destas relações deixaram-me muito boas recordações, para não as
assinalar como um dom da Providência e um motivo de ação de graças. Duas irmãs, duas dignas e devotas
raparigas que viviam uma boa e sadia piedade, convidaram-me frequentemente a
sua casa. As meninas D(ureaux) ocupavam-se do cuidado da Igreja, da biblioteca
paroquial, da visita aos pobres, dos altares nas ruas quando era a altura. Elas
eram da raça dessas santas mulheres que se encontram sempre junto de Nosso
Senhor na sua Igreja. Elas transmitiram-me o seu gosto pelas flores. Eu
passava muitas vezes os feriados no seu jardim. Elas iniciaram-me um
pouco à oração. Eu tinha um fervor imenso em trabalhar com elas nos altares
exteriores da festa do Corpo de Deus. (NHV I)
1861,
estudante de direito, 2º ano
Quando o sol era convidativo, eu passava pelo
jardim do Luxemburgo. Encontrava no meu caminho o Luxemburgo e passava, às
vezes, diante do palácio, outras, pelo jardim. A vista do belo alarga o
espírito. Esta residência de príncipes tem um aspeto nobre e belo.
É a grande arte da Renascença no seu período mais alto e mais sóbrio. E o
jardim! É realmente
duma rainha, e duma rainha italiana. Que riquezas e que encanto são
para os estudantes as suas alamedas, os seus terraços, os seus lilases,
os seus laranjais, o seu viveiro. Que ar imponente têm as suas
lagoas e as suas estátuas, especialmente as das rainhas e das mulheres
famosas da França. Quantas vezes lá fui, nos intervalos das aulas, para
estudar, fazer algum exercício de piedade ou preparar um exame, sentado no
banco de pedra duma avenida, ou passeando nas solidões do viveiro. (NHV I)
1865
- janeiro
Viagem
ao oriente. 31 de Janeiro. Tempo
calmo; o “cange” arrasta-se ao longo das margens; os passeios são inebriantes:
miríades de aves juntam as suas vozes para cantar ao Criador; os juncos
balançam os seus penachos de prata; as tamargueiras de flores rosadas exalam
um perfume de mel; o azul do céu enquadra este panorama, que se reflete nas
águas irreais de uma miragem. Levanto o meu pensamento a Deus para louvá-Lo por
tantas maravilhas. (NHV
II)
1866 – férias de verão
Seminarista em férias. As minhas férias
começavam por uma grande privação. Meu pai ainda não estava familiarizado com a
minha vocação; escrevera-me que não me queria ver de batina. Eu gostava da
minha pequena celazinha na torre da casa. Estudava as antiguidades cristãs da
diocese. Conservei uma doce recordação das horas passadas a passear no jardim,
fazendo os meus exercícios de piedade. Em Junho, tornado anémico pelo trabalho,
tivera de tomar oito dias de descanso. Passei-os em Genzano, na casa dos
Franciscanos, onde o ar puro e as sombras frescas retemperaram as minhas
forças. (NHV III)
1867
- fevereiro
Vida
no seminário em Roma. A nossa alma é como um jardim: se um lobo aí
entrou e fez nele devastações, não saiamos para ir persegui-lo, porque durante
esse tempo o jardim ficaria sem guarda e sem cultivo. Recomecemos imediatamente
a plantar e a cultivar; o mal mais depressa será reparado”. (NHV
III)
1969
- férias de verão
Padre
novo em férias. Eu ia de manhã e de tarde à minha velha igreja e passava horas
deliciosas no jardim rezando o meu breviário e o meu terço e fazendo
boas leituras. Às vezes passeava à volta da latada, à sombra das aveleiras,
das acácias, das tulipas, e cerejeiras; às vezes
sentava-me num banco rústico, ou numa cadeira de ferro, aos pés do velho freixo
chorão. Tinha por companheiros os tentilhões e os pintassilgos. (NHV
III)
1886
– julho
Se
eu fosse mestre de geografia, diria aos jovens: vede este globo que é como um jardim
da humanidade, que foi adornado por um grande artista e seus alunos. O artista
é Deus; os seus alunos são os homens, os artistas da terra. E depois de lançar um olhar sobre todas estas
maravilhas, continuo a gostar da França. Não tem ela o Monte-Branco e os seus
glaciares, essa jóia dos cumes da Europa, os circos dos Pirenéus, Gavarnie e a
brecha de Rolando, as verdes pradarias viradas para a Inglaterra, as
suas palmeiras e os seus laranjais em frente da Itália, a sua
Tourraine, o jardim da Europa, as suas vinhas incomparáveis, a
sua arte do Léman, os seus dois mares, os seus belos rios? Ela possuía também a
sua parte do Reno, a Alsácia com os seus cumes, as suas ruínas e as suas
lendas, a bela e fiel Alsácia que Deus queira que volte!
Sobre este globo, obra maravilhosa de Deus,
como estão distribuídos os climas, as raças, as línguas, as riquezas? Os climas
têm uma variedade infinita: no norte as neblinas sem fim, as grandes florestas
arquiteturais, o pinheiro, cujas agulhas vergam no Inverno debaixo da
neve. Cá em baixo, os prados sempre verdes, o trigo que loureja,
o carvalho, o olmo, o castanheiro, cujas folhas, com uma
rica roupagem, adornada pelas mais vivas cores ao sol de Outono, se tornam no
Inverno joguete dos ventos… Depois vem o Jardim da terra, a vinha,
a oliveira, a laranjeira, a palmeira. Por fim, a terra do
sol: o excesso de vida nas florestas prodigiosas, com as lianas, os
pássaros multicolores, os macacos trocistas, o monstruoso elefante, o inseto
perseguidor e o pérfido réptil. (Discurso pronunciado na distribuição dos prémios do Instituto São
João, a 31 de Julho de 1886. Foi igualmente publicado na edição especial:
Discursos acerca do estudo da geografia, São Quintino, Imprensa A. Bray, 1886,
pp. 30
in IV Volume das Obras Sociais de Leão Dehon, Edizione CEDAS (Centro Dehoniano
Apostolato Stampa) – Andria, 1859
1900
- março
Viagem a Portugal. No mesmo quarteirão de Oeste, mais para o Norte, está o jardim
botânico. Tem belas plantas tropicais que são desconhecidas em
França ou que lá se desenvolvem pouco, enquanto que aqui têm proporções
majestosas, como as Araucárias, as Wellingtonias, as Dracoenas,
as Yucas, as Palmeiras, as Agaves… Mas a natureza reservava-nos ainda mais surpresas. Fomos a 8 quilómetros mais
longe, e encontrámos a quinta de Monserrate, que se pode chamar o jardim da
Europa. Em nenhuma parte do nosso continente há como aqui vegetação que
se aproxime tanto das regiões tropicais. Há um contraforte da colina abrigado. Um
inglês naturalizado português, um visconde Cook de Monserrate intuiu o poder da
vegetação deste pequeno recanto vendo os enormes sobreiros que
despontavam sem cultura. Mandou vir plantas africanas e apresenta-nos aí
um canto do paraíso perdido. À volta de um palácio oriental, de um quiosque
digno de um Paxá de Damasco e mobilado de bibelots árabes e persas, estende-se
um jardim ou antes um parque encantador. A água corre aí à vontade e
murmura em cascatas. Os fetos têm as proporções de palmeiras; os aloés
são moitas; as camélias são grandes árvores; os coqueiros
crescem como no Congo; os yucas têm troncos elevados; as lianas
cobrem os regatos; as laranjeiras e as romãzeiras rivalizam em
altura e ramagem; caem tantas flores destas camélias e destas azáleas,
que formam um tapete espesso. O tempo passou depressa num sítio tão
encantador, e depois foi preciso deixar a propriedade, a Quinta de Monserrate;
mas foi, numa viagem tão rica em maravilhas, uma das coisas de que se guarda a
mais viva recordação. (Para além dos Pirinéus, Por L. Dehon,
Superior dos Sacerdotes do Coração de Jesus, H. & L. Casterman, Éditeur
Pontificaux, Paris, Rue Bonaparte, 66, Tournai (Belgique)
1900)
1913 - fevereiro
Parei em Marselha
para ver o irmão Delauzun. Em Cannes, celebrei missa nas em Auxiliadoras. Passeio
de carro pelos montes: um vislumbre do paraíso terrestre. Está tudo verde e
florido, as vistas para o mar são maravilhosos. Em Roma o meu pequeno mundo
me cumprimenta calorosamente. O meu quarto é quente. Tem algumas flores,
samambaias e kentia. Falta-lhe o sol! Eu dou um pouco de atenção ao meu jardim.
Isto não me afasta de Deus, antes pelo contrário. Vejo na natureza um reflexo
de sua beleza. São Bento, São bernardo, escolheram para os seus mosteiros belos
horizontes, locais altos. Os filhos de São Francisco eles próprios acampam fora
das cidades nas colinas que dominam a paisagem. (NQ 35 – 1913 –
fevereiro)
1915 - maio
Este
é o décimo mês de guerra e de ocupação. A vida é muito doloroso material e
moralmente. Fiat! Aguardamos o dia da misericórdia. Meu jardim está uma
delícia. Cada árvore de fruta faz um lindo buquê virginal que
ofereço a Maria. Não é o suficiente. Eu ofereço-lhe todas as flores que
dá o belo mês de maio, por toda a parte. Ofereço-lhe todos os altares adornados
pela piedade dos fiéis, todos os exercícios feitos em sua honra, orações e
músicas que lhe serão dedicados, e especialmente o buquê espiritual das
conversões espirituais que o seu mês irá operar, atos de piedade e de virtude
que ele suscitará. O mês não irá acabar sem que Maria nos tenha manifestado a
sua misericórdia. A natureza tem como o homem a sua glória juvenil. Há alguns
dias de floração, depois formam-se os frutos, e o encanto da
primavera já passou. Os frutos virão, a menos que haja uma geada tardia
ou um excesso de sol ou de chuva. Que lição para nós! Muitas árvores
florescem profusamente, mas a colheita vai dar poucos frutos. Assim,
a nossa adolescência dá grandes esperanças, mas as paixões vêm impedir os frutos
de amadurecer. (NQ
37 – 1915 –maio)
1915 – junho
O
meu jardim. Eu cuido do meu jardim. O jardim do
convento faz parte da casa de Deus. Ele prepara flores para a capela.
Mesmo no inverno, o meu jardim está sempre alegre, tem um aspeto
meridional (do sul) pelos seus muitos arbustos verdes. Tem uma grande
linha de heras no fundo. Arbustos verdes variados adornam o chão
e substituem as flores quando a estação não as dá. Há latadas
de louros e oleandros, aucubas, fusains e ligustros verdes e
matizados, buxo dobrado, abetos, cedros, um gracioso abeto azul, azevinhos
verdes, matizados e encaracolados, ameixieiras castanhas. Os teixos
elevam-se de grandes vasos. Este é o jardim de inverno. Mesmo no inverno vemos despontar as rosas
de Natal, campânulas brancas, primaveras. As rosas de
natal abrigam as suas brancas flores sob a proteção de uma sólida folhagem.
Em março surgem as violetas, miosótis, malvas azúis, sensíveis e
simbólicas. As árvores de fruto cobrem-se de flores e
ficam brancas como se estivessem cobertas de neve, ameixieiras, cerejeiras,
pereiras e macieiras. As thlaspis e as lunárias ou as moedas do
Papa dão cor aos canteiros. Os lilases brancos e as rosas
perfumam os nossos pequenos tufos. Temos muitas iris, brancas, roxas,
matizadas, que me lembram o Japão. O bois-gentil dá as suas bagas
cor-de-rosa. Os goivos-amarelos perfumem os corredores. Em maio, temos o
triunfo dos lilases e dos goivos. As rosas enfeitam as moitas
e cobrem as casas. As colombinas, as margaridas são modestas. O désespoir
du peintre e os ulmeiros rivalizam na delicadeza. As digitales
e as campânulas adornam os grandes canteiros. As nossas bordas
brancas, parecidos com a pele de senhora, encantam a todos. Os cravos
brancos e as saxífragas chamadas gramas-turcas florescem
exatamente na mesma altura para formar bordas paralelas. Os laburnos
deixam cair os seus cachos de ouro. As nossas variadas peônias
ultrapassariam as rosas se estivessem perfumadas. Ao pé do Coração de
Jesus, há diclytra ou Coração de Maria. A glicina cobre o
edifício onde passei um ano de exílio. Tenho lindos fetos à sombra,
alguns narcisos graciosos, papoilas brilhantes com flores de
púrpura. Os rododendros lembram-me o Oriente e os Alpes. Os cravos
brancos despontam, espero o mesmo dos lírios, dos gladíolos, dálias, begônias,
cardos azuis e malvas. Que maravilhas o divino artista semeou sobre a terra
para nosso agrado e prazer! O Cântico de Daniel resume em duas palavras estes
dons divinos: Tudo o que germina na terra bendiga o Senhor (Dn 3, 76). Nosso
Senhor convidou os seus apóstolos a admirar: Vede os lírios (a palavra
hebraica quer dizer flores), eles crescem sob a bênção divina e as suas
cores radiantes superam em esplendor a púrpura de Salomão (cf Lc 12, 27). (NQ
38 – junho-agosto 1915)
No Jardim da Casa do Coração de Jesus, em São Quintino durantea guerra (1914-1918)
2) JARDIM METÁFORA DA
VIDA
A
experiência de jardinagem do Pe. Dehon serviu de inspiração para os seus
escritos e para as suas pregações. A vida em geral, e sobretudo a nossa vida
espiritual é como um jardim que deve ser cultivado, onde devem surgir as mais
variadas flores de virtude. Temos 4 textos que ilustrem eloquentemente essa
metáfora do jardim da vida.
1877 - abril
Carta de Abril de 1877 para sobrinha Marta,
um ano depois da sua primeira Comunhão:
“Minha
querida Marta, em breve, penso eu, fará um ano que passámos juntos uns dias
maravilhosos. Preparámos um pequeno jardim, o da tua alma. E depois plantámos
nele lindas flores, como que para fazer um sacrário onde receber Nosso
Senhor. Essas flores eram os bons desejos, os bons propósitos. A partir
de então, cuidaste bem dessas flores delicadas? Não as deixaste
murchar e secar? O sacrário continua a estar bem ornamentado com os lírios
da pureza, as rosas da caridade e as violetas da humildade e da
obediência? Nosso Senhor desce algumas vezes a esse sacrário todo
enfeitado?
Ficaria satisfeito se me puderes dizer que fazes o possível. Muito gostava de em breve voltar-te a ver. Agradece papá e mamã pelos seus cumprimentos. Reza por nós todos. Teu devoto tio L. Dehon”.
Ficaria satisfeito se me puderes dizer que fazes o possível. Muito gostava de em breve voltar-te a ver. Agradece papá e mamã pelos seus cumprimentos. Reza por nós todos. Teu devoto tio L. Dehon”.
1877 – agosto
A infância é a primavera da vida. É
mais a idade das flores do que dos frutos. O florescimento e a frescura
são-lhe mais convenientes do que a maturidade. Deus dá frequentemente à criança
a beleza, e a sua ingénua bondade é como um perfume que alegra. (Discurso
pronunciado na Casa de Ensino de São Quintino, dirigida por M. Lecomte. A 4 de
Agosto de 1877. in “A Educação e o Ensino Segundo o
Ideal Cristão”, IV Volume das Obras Sociais de Leão Dehon, Edizione CEDAS
(Centro Dehoniano Apostolato Stampa) – Andria, 1985, Pág. 284)
1915
- dezembro
De
5 a 8 eu prego três dias de retiro às boas Irmãzinhas dos Pobres. Tomei o tema
do Pai Nosso. Nosso Senhor falando a uma alma favorecida de graças místicas
mostrava-lhe o pecado através do símbolo de um jardim de inverno: sem
folhas, flores, frutos. Mas isso não é a morte. Ela pode vir depois do frio
intenso. O nosso bom Mestre que ama as flores, as frutas e os perfumes,
pode agradar-se neste jardim de aspeto sinistro? A Visão de Margarida
Maria dá- ainda uma justa ideia do pecado. Ele apareceu-lhe no estado do Ecce
Homo e disse-lhe que a indiferença e ingratidão dos homens reduziram- a no este
estado… Motivos de contrição – O horror do pecado: Jardim sem flores e sem
frutas. (NQ 39)
1919 – livro
Deus
está no coração do homem para operar nele e por ele tudo o que pertence à vida
sobrenatural. Está nesse coração como um Pai de família na sua casa, para
governá-la; como mestre na sua escola para ensinar; como um jardineiro
nos seus canteiros para fazê-los produzir flores e frutos; como
um monarca no seu reino para lhe manter as rédeas; como um sol no mundo para
iluminá-lo; como a alma no corpo para lhe dar a vida, o sentimento e a ação. (in
A vida Interior, 1919, Pág. 16).
No Jardim da Casa do Coração de Jesus, em São Quintino durantea guerra (1914-1918)
3. RAMALHETE ESPIRITUAL
O Pe. Dehon foi também levado a
interpretar a sua vida de fundador e a sua obra como jardineiro a cuidar do seu
jardim. Primeiro foi a recomendação do Bispo de Soissons que assim interpretava
os espinhos do começo da congregação. Depois foi a Santa Sé no Decreto de
Louvor de 1888 a apresentar o novo Instituto. Segundo parece, a Decreto retomou
as palavras do relatório sobre a congregação que o Pe. Dehon apresentou à Santa
Sé.
1879
- setembro
Carta
do Bispo Thibaudier, de Soissons, para o Pe. Dehon a 19 de setembro de 1879,
confortando-o numa fase de grande sofrimento e cruzes: “Ânimo meu querido
superior. Não se funda uma obra como a vossa, caminhando sobre almofadas de rosas
sem espinhos. Haveis colhido este ano umas flores magníficas: Eu pensava
que Deus as dera gratuitamente. Vejo que as fez pagar… demasiado caras, sem
dúvidas. O importante não é que a mão do jardineiro não tenha arranhões,
mas que o jardim esteja bem cultivado. Bendigo ao jardineiro e ao seu jardim,
afetuosamente.”
1888
Decreto de louvor: “Origem da obra: Como flor graciosa e
perfumada, a Sociedade dos Sacerdotes do Coração de Jesus, chamada de Soissons,
brotou em São Quintino, Diocese de Soissons, no ano de 1877, entre silvas e
espinhos que no nosso tempo brotam por toda a parte…”
1914
No seu Testamento
Espiritual o Pe. Dehon escreve: O belo decreto de Leão XIII, de 25 de Fevereiro
de 1888, dizia que este Instituto será como um ramalhete de flores para o
Coração de Jesus, se os seus membros viverem unidos em tudo e dedicados ao
Sagrado Coração e se fizerem reinar o Seu ardente amor em si mesmos e entre os
povos que hão-de evangelizar.
4. COINCIDÊNCIA CURIOSA
Nos
seus sermões Santo António pregava assim:
“Esta
terra é verdadeiramente um jardim de delícias, porque nela há a rosa da
caridade, a violeta da humildade, o lírio da castidade. O jardim do amado é
o espírito do penitente, onde há o canteiro das plantas aromáticas.”
Seis
séculos depois o Pe. Dehon, na carta acima transcrita, apresentava a mesma
constatação:
Carta de Abril de 1877 – “O sacrário continua
a estar bem ornamentado com os lírios da pureza, as rosas da caridade e as
violetas da humildade e da obediência? … Teu devoto tio L. Dehon”.
Ninguém
copiou ninguém: O jardineiro é que é o mesmo, tanto em Santo António como no
Quase Beato Pe. Dehon. É Deus quem faz maravilhas nas almas que abençoa.
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