Hospedado
em Alcobaça e Leiria
“Partimos
para Alcobaça… Desta vez foi mesmo uma viagem portuguesa. Houve corridas em
viaturas com pouca suspensão, noites de
albergue e uma cozinha com azeite rançoso… Em Alcobaça uma pequena pensão rural deu-nos hospitalidade para
a noite. Pela minha parte, tive um quarto com três camas. Gostaria mais que
tivesse apenas uma e que parecesse menos uma prancha, para repousar das fadigas
da viagem. Serviram-nos uma sopa de azeite, bacalhau e uma omelete intragável.
Entretanto à nossa frente um viajante português ou um hóspede, que constituía
connosco toda a clientela do hotel, devorou tudo como quatro pessoas e pareceu
deliciar-se perfeitamente…. Reencontrámos a civilização em Leiria. Até havia lá
um mordomo que falava francês.”
(cf. Para além dos Pirenéus)
O Pe. Dehon passa a noite de 30 de março numa pensão rural em Alcobaça experimentando
uma cama dura e a cozinha portuguesa: sopa regada de azeite, bacalhau e
omelete, porque era sexta-feira.
O dia seguinte, 31 de março passou a noite em Leiria também numa pensão mas urbana…onde
o mordomo até falava francês.
Durante a sua estadia (1900) em
Portugal, e mais tarde, nas suas escalas em Lisboa (1906 e 1907) o Pe. Dehon
sempre foi servido por cozinha francesa, exceto em Alcobaça, não por opção mas
por necessidade. De facto, nos outros lugares sempre foi alojado em hotéis
internacionais e/ou restaurantes franceses. Em Alcobaça, numa pensão rural,
teve de comer do que havia. Ainda por cima era sexta-feira, e de quaresma… não
havia outras alternativas. Aliás, o próprio Pe. Dehon escreve que: “Alcobaça representa o espírito monástico de
São Bernardo, a grandeza da simplicidade e a austeridade.”
Desta experiência parece ter gostado apenas
do bacalhau, pois só comentou negativamente os outros manjares.
Depois do mau alojamento e do péssimo
jantar em Alcobaça, ficou satisfeito por encontrar em Leiria um mordomo que até
falava francês… era o regresso à civilização. Passou lá a noite, visitou a
cidade e seguiu de comboio até Coimbra.
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