quarta-feira, 4 de julho de 2012

Visitando Santa Isabel de Portugal


Nos dias 1 e 2 de Abril de 1900 o Pe. Dehon visitou a cidade de Coimbra. Do seu diário destaca a devoção a Santa Isabel de Portugal:

Eu prefiro antes ir ao túmulo de rainha Santa Isabel.

            A que nós chamamos Santa Isabel de Portugal chama-se lá a rainha santa Isabel. Seria necessário narrar aqui toda a vida desta admirável amiga dos pobres, mas as nossas páginas já se multiplicam e alongam.

            Depois da morte do seu marido, ela vivia no velho convento de Santa Clara, nas margens do Mondego. O velho convento está hoje vergonhosamente abandonado, meio arruinado e sujo pelos aluviões do rio. A Porta das Rosas, onde teve lugar o milagre tradicional da mudança das moedas em rosas, está também ela desprezada. É preciso descer por uma vereda infecta para se aproximar dela.

            O novo convento, construído no alto da colina sucedeu ao antigo. O corpo da rainha santa repousa num relicário de prata sobre um belo mausoléu ogival.

            A jovem rainha D. Maria Amélia teve pena deste grande convento abandonado onde repousava a gloriosa princesa, e chamou para lá as Irmãs de São José de Cluny para formar um coro na Rainha santa. Estas boas irmãs ocupam uma parte do grande convento e fazem algumas obras. Falaram-nos da confiança um tanto supersticiosa das pessoas do povo para com a Rainha santa. Esta boa gente traz à Rainha Santa a oferta de uma galinha branca quando têm necessidade de uma graça. Dão a galinha às boas irmãs que a aceitam como esmola para alimentar os seus idosos e os seus órfãos.

            Esperemos que a rainha Maria Amélia proteja contra a franco-maçonaria reinante esta comunidade que mandou vir.

            Falta referir o tesouro desta igreja. Vêem-se aí ornamentos e vasos sagrados que remontam ao século XIII. Algumas terracotas envernizadas lembram as obras de Della Robbia. A estátua da querida santa tem roupas de reserva que são todas recamadas de pérolas.

Voltei de manhã lá acima para celebrar a missa no altar da Rainha Santa.

            Depois partimos, admirando ainda na estação alguns lindos trajes de camponeses e as carroças de bois com grandes cangas delicadamente esculpidos e ornados de cruzes.”


(Pe. L. Dehon, Para além dos Pirinéus, H. & L. Casterman, Éditeur Pontificaux, Paris, Rue Bonaparte, 66, Tournai (Belgique)


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