Nos dias 1 e 2
de Abril de 1900 o Pe. Dehon visitou a cidade de Coimbra. Do seu diário destaca
a devoção a Santa Isabel de Portugal:
“Eu prefiro antes ir ao túmulo de rainha
Santa Isabel.
A
que nós chamamos Santa Isabel de Portugal chama-se lá a rainha santa Isabel.
Seria necessário narrar aqui toda a vida desta admirável amiga dos pobres, mas
as nossas páginas já se multiplicam e alongam.
Depois
da morte do seu marido, ela vivia no velho convento de Santa Clara, nas margens
do Mondego. O velho convento está hoje vergonhosamente abandonado, meio
arruinado e sujo pelos aluviões do rio. A Porta das Rosas, onde teve lugar o
milagre tradicional da mudança das moedas em rosas, está também ela desprezada.
É preciso descer por uma vereda infecta para se aproximar dela.
O
novo convento, construído no alto da colina sucedeu ao antigo. O corpo da
rainha santa repousa num relicário de prata sobre um belo mausoléu ogival.
A
jovem rainha D. Maria Amélia teve pena deste grande convento abandonado onde
repousava a gloriosa princesa, e chamou para lá as Irmãs de São José de Cluny
para formar um coro na Rainha santa. Estas boas irmãs ocupam uma parte do
grande convento e fazem algumas obras. Falaram-nos da confiança um tanto
supersticiosa das pessoas do povo para com a Rainha santa. Esta boa gente traz
à Rainha Santa a oferta de uma galinha branca quando têm necessidade de uma
graça. Dão a galinha às boas irmãs que a aceitam como esmola para alimentar os
seus idosos e os seus órfãos.
Esperemos
que a rainha Maria Amélia proteja contra a franco-maçonaria reinante esta
comunidade que mandou vir.
Falta
referir o tesouro desta igreja. Vêem-se aí ornamentos e vasos sagrados que
remontam ao século XIII. Algumas terracotas envernizadas lembram as obras de
Della Robbia. A estátua da querida santa tem roupas de reserva que são todas
recamadas de pérolas.
Voltei de manhã lá acima para celebrar a
missa no altar da Rainha Santa.
Depois
partimos, admirando ainda na estação alguns lindos trajes de camponeses e as
carroças de bois com grandes cangas delicadamente esculpidos e ornados de
cruzes.”
(Pe.
L. Dehon, Para além dos Pirinéus, H.
& L. Casterman, Éditeur Pontificaux, Paris, Rue Bonaparte, 66, Tournai
(Belgique)
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