O
nome do bom samaritano
Ano C – XV domingo comum
Três
filosofias diferentes
Podemos
constatar três filosofias na parábola do Bom Samaritano, três maneiras
diferentes de como viver e relacionar-se com os outros. Cada filosofia está
representada pelos personagens da história que Jesus contou.
1ª –
A primeira filosofia que identificamos na história, é a filosofia dos bandidos,
que podemos chamar de filosofia da subtração. Há pessoas que passam pela
vida e se dedicam em subtrair dos outros, sugar o máximo os seus semelhantes.
Aproveitar o máximo da vida, dos outros e deste mundo. Tirar todos os recursos
da terra, extorquir tudo quanto pode, sem pensar nos outros nem no amanhã. É a
filosofia dos bandidos desta parábola.
2ª –
A outra filosofia é a da conservação ou da indiferença daqueles
profissionais da religião que passaram ao lado, sacerdote e levita. Fecharam-se
em si mesmo, conservaram-se estáticos ou passivos, conservaram os olhos
fechados (viram, mas fingiram não ter visto) porque o seu coração conservava-se
fechado. – Isso não é nada comigo, continuo indiferente na minha estrada.
3ª –
A filosofia da doação, a experiência do dar, foi assumida pelo
samaritano. Consiste em ir ao encontro de quem precisa, usar misericórdia sem
perguntar se merecia ou não, sem esperar recompensa, sem saber o nome nem
revelar o seu próprio nome.
A filosofia
do samaritano é a de Jesus, a experiência de Jesus vivenciada pelo samaritano.
Jesus não só dá, mas dá-se a si mesmo, entrega a sua vida.
Semelhanças
entre o bom samaritano e Jesus:
- O
samaritano compadeceu-se do ferido, Jesus compadeceu-se de nós.
- O
samaritano desceu da sua montada para socorrer o ferido; Jesus desceu muito
mais, desceu do céu, veio ao mundo para nos salvar.
- O
samaritano tratou as feridas do homem caído. Jesus também trata das feridas do
nosso coração.
- O
samaritano derramou óleo e vinho sobre as feridas. Jesus unge-nos com o óleo da
consolação e com o vinho da esperança e da alegria (unção do Espírito Santo e o
vinho da nova aliança que é o seu sangue).
- O
samaritano levou o homem ferido até um lugar onde ele pudesse ser cuidado e
ficar bom. Jesus leva-nos para a sua igreja, onde podemos ser ficar e ser
encorajados.
- O
samaritano pagou o tratamento daquele homem com duas moedas de prata; Jesus
pagou pela nossa salvação com a sua própria vida.
- E
por último, o samaritano prometeu voltar. Jesus também prometeu que um dia
voltaria para nos levar para o céu.
Esta é a vida feita
doação.
Sem
nome
Um
padre, no norte da Europa, estava a viajar a pé, em pleno inverno, quando foi apanhado por um violento
nevão. Os ventos eram fortes e logo ele viu-se perdido e prestes a congelar até
a morte. Desesperado, sentou-se sem saber o que podia fazer. Exatamente naquele
momento, um homem passou por aquele lugar num veículo puxado por cavalos. Vendo
o padre ali obstruído, colocou-o sem demora no seu carro levando-o até o
vilarejo mais próximo, onde tinha a certeza de que receberia os cuidados
necessários. Quando o homem se preparava para continuar o seu caminho, o
sacerdote perguntou:
- Diga-me qual é o seu nome porque desejo rezar
por si e lembrá-lo sempre diante de Deus, com gratidão eterna pelo que me fez.
O homem que o salvara respondeu:
- Vossa reverência é um sacerdote. Por favor,
diga-me o nome do Bom Samaritano.
- Eu não posso dizer, porque o seu nome não
aparece no Evangelho – respondeu o padre.
Então o homem concluiu:
- Vou então ocultar o meu nome até que me
diga o nome do bom samaritano.
De facto, nem o homem assaltado, nem aqueles
que o assaltaram, nem o sacerdote e o levita, nem mesmo o samaritano têm nome
nesta parábola.
Porquê?
Porque podem ser cada um de nós, eu ou tu. O
nome de cada um deles pode ser o nosso próprio nome.
Mas querem saber mesmo qual o nome do bom
samaritano?
Eu tenho a certeza que se chama JESUS CRISTO.
À margem
Na parábola do bom samaritano, quando
Jesus perguntou quem parecia ter sido o próximo do homem assaltado, o doutor da
lei, em vez de responder “o samaritano”, como tinha ouvido, disse: “aquele que
usou de misericórdia para com ele”.
Todo esse rodeio, apenas para não proferir a
palavra samaritano, que era um estrangeiro ou sectário.
Isto que dizer várias coisas:
- Pode indicar que o bem desfaz qualquer
fronteira, raça ou outras distinções e por isso deixou de haver samaritanos e
judeus, mas apenas quem usa de misericórdia…
- Por outro lado pode indicar que ele fez o
bem não por ser samaritano, mas por ter um coração misericordioso.
- Por fim pode querer dizer simplesmente que
o doutor da lei tinha dificuldade em aceitar o facto de ter sido um samaritano
a fazer o bem em oposição ao sacerdote ou levita.
Ver também:
Sem comentários:
Enviar um comentário