Faz hoje
75 anos que foi martirizado o Padre Nicola Martino Capelli (1912-1944) dehoniano da
Itália.
Queria ser missionário, morreu mártir.
De facto todos os missionários
são mártires
e todos os mártires são
missionários.
Nasceu em Nembro, na província
de Bérgamo; foi ordenado sacerdote em 1938, em Bolonha, e sonhava poder ir para
as missões da China, projeto missionário da Província Italiana, cedo
abandonado.
Os seus superiores decidiram
mandá-lo para Roma, por causa de seus brilhantes resultados escolares.
“Esperava ir para as missões;
em vez disso estou condenado a terminar a minha vida numa cátedra de sala de
aula” (P. Capelli, numa carta de 24.10.1939).
Foi, pois, para Roma, onde estudou no Instituto Bíblico e na Urbaniana, obtendo a 10 de Julho de 1942 a licenciatura em teologia “cum laude”. Em 1943, deixou Roma para ensinar Sagrada Escritura e História Eclesiástica no escolasticado de Castiglione (perto de Bolonha), para onde tinha sido transferido todo o escolasticado de Bolonha por motivos de segurança. Esse lugar, porém, não era tão seguro quanto se pensava. Quando as tropas dos aliados e dos alemães com os fascistas italianos ali chegaram, a região transformou-se no tristemente conhecido “triângulo da morte”.
Foi, pois, para Roma, onde estudou no Instituto Bíblico e na Urbaniana, obtendo a 10 de Julho de 1942 a licenciatura em teologia “cum laude”. Em 1943, deixou Roma para ensinar Sagrada Escritura e História Eclesiástica no escolasticado de Castiglione (perto de Bolonha), para onde tinha sido transferido todo o escolasticado de Bolonha por motivos de segurança. Esse lugar, porém, não era tão seguro quanto se pensava. Quando as tropas dos aliados e dos alemães com os fascistas italianos ali chegaram, a região transformou-se no tristemente conhecido “triângulo da morte”.
O P. Capelli chegou exatamente
no dia 19 de Setembro de 1943 a Castiglione na qualidade de “novo professor”,
como regista o cronista do escolasticado. Segundo a opinião dos alunos, ele
conseguia interessá-los pela sua matéria, era cordial com os estudantes. Nos pequenos
conflitos “sempre se mantinha do lado dos estudantes contra os superiores; era
também muito simpático, cordial connosco, porém, tinha muitas dificuldades com
a direção…” (P. Remo Canal, testemunho de 1987).
Uma grande devoção mariana, o
sonho das missões, uma esplêndida capacidade inteletual e, depois, a
descoberta do entusiasmo pastoral, quando foi chamado para ajudar os padres nos
arredores de Castiglione: eis alguns traços da personalidade de P. Capelli.
A 23 de Junho de 1944, os
alemães ordenaram o despejo da casa de Castiglione para transformá-la em
hospital militar. A presença de tropas alemãs no grande edifício do
escolasticado tornou ainda mais perigosa a convivência, além da confusão. Os
padres foram para as várias paróquias da região. Em 6 de Julho de 1944, a
comunidade de Castiglione transferiu-se para Burzanella, perto de Castiglione.
A 18 de Julho de 1944, de
manhã, ouviram-se tiros de metralhadora: um grupo de alemães cercou o lugarejo
e queimou algumas casas que estariam escondendo os rebeldes e fizeram um
pente-fino, capturando 5 italianos, supostos “partigiani”. Os padres Agostini e
Capelli pediram clemência para aqueles pobres jovens. Três foram libertados, os
outros dois foram condenados. “Estavam para ser fuzilados quando os padres
intervêm para que eles se pudessem confessar. E ali, no campo, os dois
ajoelham-se diante de todos e fazem a sua confissão. Um com o P. Capelli, outro
com o pároco…
Logo depois, entre lágrimas e
soluços dos presentes, abraçam-se e beijam-se. Ainda um minuto e os seus corpos
caem sem vida atingidos na nuca pelos tiros disparados a poucos palmos de
distância” (Missionário frustrado…, p. 69).
A 20 de Julho, o P. Capelli foi
para Salvaro ajudar Mons. Mellini, velho pároco. Com a chegada do salesiano, P.
Elia Comini, com o qual ficará unido até a morte, o P. Capelli pôde aceitar
vários compromissos de pregação que lhe foram solicitados pelos párocos dos
arredores. Ministério cansativo e perigoso. Em Setembro de 1944, os aliados,
transposta a linha defensiva alemã (linha gótica), chegaram a poucos
quilómetros de Monte Sole. A presença de um forte contingente da resistência –
700 a 800 homens – era para o exército alemão um grande perigo, porque podiam
trazer graves dificuldades às operações militares. Por isso, foi dada a ordem
de aniquilar a brigada “Stella Rossa”. A 29 de Setembro de 1944, o território
foi cercado pelo exército alemão e pelas SS, que, com a colaboração dos
fascistas, sem nenhuma discriminação, eliminaram toda a população. Foram mortas
770 pessoas das quais 216 eram crianças e 316 mulheres.
O martírio do P. Capelli
insere-se nesse contexto horrível. Duas vezes recusou os conselhos dos
confrades e dos superiores para abandonar aquela região e colocar-se a salvo.
Recusa que alguns confrades interpretaram como desobediência – mesmo se por
motivos nobres – conforme o carácter crítico do P. Capelli. Recusa em que
outros viram a escolha de permanecer fiel a uma missão e a um povo, o de
Salvaro.
Morrendo e abençoando
Abençoando e morrendo
No dia 29 de Setembro de 1944,
quando iam socorrer um ferido, o P. Capelli e o P. Comini, tidos como espiões,
foram presos pelos alemães. Os soldados serviram-se deles para o transporte de
munições, fazendo-os subir e descer o monte sob a vigilância deles. Foram
depois trancados, juntamente com um numeroso grupo de outros prisioneiros, numa
estrebaria da fiação de Pioppe de Salvaro. Depois de dois dias de cruel prisão,
no primeiro domingo de Outubro, o P. Capelli e o P. Comini, junto com 44
prisioneiros, foram levados ao tanque da fiação e ali foram trucidados pelas
metralhadoras das SS nazistas. Alguns, fingindo-se mortos sob o monte dos
cadáveres, conseguiram salvar-se, depois da saída dos soldados alemães. Será um
deles que recordará o último gesto sacerdotal do P. Martino: ferido
mortalmente, ergueu-se com dificuldade, pronunciou ainda algumas palavras e deu
a bênção. Fazendo aquele último gesto de bênção, caiu com os braços em cruz.
Tinha 32 anos. Todos os vestígios dele e dos outros mortos se perderam, alguns
dias depois quando foram abertas as entradas do tanque e a água arrastou os
corpos para o rio Reno.
No cemitério de Salvaro, a lápide dedicada ao P. Martino resume o testemunho a sua vida:
Ninguém tem amor maior
Do que aquele que dá a vida
P. Nicola Martino Capelli
Revelou a sua vida
Na grandeza da sua morte
Simplesmente mártir.
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