Aventuras do jovem Dehon, narrados por ele próprio nas suas Notas sobre a História da Minha Vida (NHV).
O jovem Leão Dehon, estudante universitário ou até mesmo
antes, aproveitava as férias para praticar a língua inglesa e para viajar pela
Europa e não só. As aventuras da sua juventude ocorreram, sobretudo durante
estas viagens. Tal como os jovens de hoje, gostava de desafios, de conhecer
novos mundos e novas pessoas. Não era grande desportista, mas sempre apreciou experiências
radicais.
Ver também:
O jovem Dehon em aventuras na Escócia
Estávamos no fim da nossa excursão à Escócia.
Era preciso voltar a Oban e a Glasgow; íamos descobrir que
não estávamos longe das regiões boreais.
O vento atrasou a nossa viagem e a chuva começou a cair.
Foi preciso abrigar-nos algum tempo num palheiro cheio de
fumo onde vivia, misturado com as galinhas e os porquinhos, uma pobre família
em farrapos.
Apesar de tudo conseguimos alcançar Laggan.
A carroça já lá não estava; fomos a pé até Torosai. Aí,
nenhum barco para Oban; continuámos a nossa caminhada e chegámos pela tarde,
extenuados, a Auhnacraig. De lá uma barca nos conduziria a Oban. O vento era
favorável; os barqueiros contavam fazer a travessia em duas horas.
Eram sete horas da noite. Tínhamos dois remadores. Mas o
vento era caprichoso, num instante tornou-se-nos contrário. Era preciso recolher
a vela e agarrar os remos. Eu agarrei o leme. A chuva incomodava-nos, e que
chuva! É verdade que tínhamos o guarda-chuva do Sr. Poisson… para os quatro! O
guarda-chuva virou-se e partiu-se. Os meus três companheiros enjoavam. O vento
soprava tempestuoso, o perigo tornou-se sério.
Um barco a vapor passou à nossa vista, nós gritámos para ele,
mas inutilmente. Alternávamo-nos entre os remos e o leme, os dois remadores e
eu. Era uma noite espantosa.
Finalmente, às 4 horas da manhã, desembarcámos sobre os rochedos
numa ilha de Oban.
Às 6 horas chegámos ao Hotel, devorámos uma perna de carneiro
fria, tomando chá. Deitámo-nos para depois nos levantarmos sem uma mínima
bronquite ou pneumonia.
A Providência quisera somente ensinar-nos a ser prudentes no
futuro.
No Inverno seguinte, o bom Sr. Poisson quis cantar as nossas
aventuras nas ilhas Hébridas, num breve poema um pouco pesado, que me dedicou.
(Cf. NHV, 1862).
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