terça-feira, 25 de julho de 2023

O jovem Leão Dehon (1)


Aventuras do jovem Dehon, narrados por ele próprio nas suas Notas sobre a História da Minha Vida (NHV).

O jovem Leão Dehon, estudante universitário ou até mesmo antes, aproveitava as férias para praticar a língua inglesa e para viajar pela Europa e não só. As aventuras da sua juventude ocorreram, sobretudo durante estas viagens. Tal como os jovens de hoje, gostava de desafios, de conhecer novos mundos e novas pessoas. Não era grande desportista, mas sempre apreciou experiências radicais.

 

Ver também:

As férias do Pe. Dehon

Os hobbies do Pe. Dehon

 

O jovem Dehon em aventuras na Escócia

Estávamos no fim da nossa excursão à Escócia.

Era preciso voltar a Oban e a Glasgow; íamos descobrir que não estávamos longe das regiões boreais.

O vento atrasou a nossa viagem e a chuva começou a cair.

Foi preciso abrigar-nos algum tempo num palheiro cheio de fumo onde vivia, misturado com as galinhas e os porquinhos, uma pobre família em farrapos.

Apesar de tudo conseguimos alcançar Laggan.

A carroça já lá não estava; fomos a pé até Torosai. Aí, nenhum barco para Oban; continuámos a nossa caminhada e chegámos pela tarde, extenuados, a Auhnacraig. De lá uma barca nos conduziria a Oban. O vento era favorável; os barqueiros contavam fazer a travessia em duas horas.

Eram sete horas da noite. Tínhamos dois remadores. Mas o vento era caprichoso, num instante tornou-se-nos contrário. Era preciso recolher a vela e agarrar os remos. Eu agarrei o leme. A chuva incomodava-nos, e que chuva! É verdade que tínhamos o guarda-chuva do Sr. Poisson… para os quatro! O guarda-chuva virou-se e partiu-se. Os meus três companheiros enjoavam. O vento soprava tempestuoso, o perigo tornou-se sério.

Um barco a vapor passou à nossa vista, nós gritámos para ele, mas inutilmente. Alternávamo-nos entre os remos e o leme, os dois remadores e eu. Era uma noite espantosa.

Finalmente, às 4 horas da manhã, desembarcámos sobre os rochedos numa ilha de Oban.

Às 6 horas chegámos ao Hotel, devorámos uma perna de carneiro fria, tomando chá. Deitámo-nos para depois nos levantarmos sem uma mínima bronquite ou pneumonia.

A Providência quisera somente ensinar-nos a ser prudentes no futuro.

No Inverno seguinte, o bom Sr. Poisson quis cantar as nossas aventuras nas ilhas Hébridas, num breve poema um pouco pesado, que me dedicou.

(Cf. NHV, 1862). 




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