sábado, 29 de julho de 2023

O jovem Leão Dehon (5)

O jovem Dehon em aventuras na Grécia

Iríamos percorrer toda a Grécia, durante seis semanas.

Precisámos de organizar toda uma caravana, pois a Grécia não tem nem comboios, nem carruagens, nem mesmo estradas.

Tomámos seis cavalos e três homens de serviço: intérprete, cozinheiro e carregador. Não levámos tendas; disseram-nos que poderíamos sempre alojar-nos em casa dos habitantes. Era verdade e às vezes era original e interessante, mas isso expôs-nos a suportar todos os insetos mais irritantes e repugnantes.

Cada dia as nossas bagagens iam à frente, os nossos homens escolhiam a melhor casa da terra, que nos era cedida complacentemente; e nós deixávamos uma gorjeta para indemnizar os nossos hospedeiros…

Na noite que passámos em Patrasso,  um terramoto sacudiu o chão e a casa. O nosso terror era grande, mas os nossos hóspedeiros vieram acalmar-nos:

– Durmam em paz. Isto em Patrasso acontece de tempos a tempos. Não há nada a temer; as nossas casas estão construídas já a contar com isso.

De facto, todas as casas têm só rés-do-chão e os muros têm uma grossura de 80 centímetros…

Depois de Lepanto, tivemos dois dias e duas noites de chuva, tempestade e vento. As veredas já não eram transitáveis. As torrentes tinham engrossado e estavam cheias de lama. Subimos bem alto para encontrar um vau. Que jornada!

As malas flutuavam sobre as águas, os cavalos recusavam-se a avançar e ameaçavam deixar-nos lá.

Finalmente, chegámos a Galaxidi, pequeno porto comercial, que dizem ter 600 navios no mar; mas os habitantes são muito selvagens e  e nada hospitaleiros.

Os magistrados tiveram de nos proteger contra as suas más maneiras.

Embarcámos para Scala di Salona.

Foi preciso rodear toda a cordilheira do Parnaso para ir de Delfos às Termópilas. As veredas nos flancos das montanhas, na Grécia, são verdadeiros quebra-costas.

Uma vez, o meu cavalo resvalou por uma ravina abaixo; tive só tempo de saltar para a orla da vereda.

Muitas vezes, nesta viagem, escapei a perigos graves por uma proteção providencial.

De Aulide a Vrana estende-se a planície de Maratona.

Em Vrana, os insetos deram-nos tanta guerra que batemos em retirada às 4 horas da manhã para fazer a subida do Pentélico. A nossa roupa tinha reunido tantos insetos nas casas sujas dos gregos, que para nos libertar deles, foi preciso deitar tudo ao fogo ao chegarmos a Atenas, e renovar o nosso vestuário.

(Cf. NHV, 1864)

 


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