O jovem Dehon em aventuras na Grécia
Iríamos percorrer toda a Grécia, durante seis semanas.
Precisámos de organizar toda uma caravana, pois a Grécia não
tem nem comboios, nem carruagens, nem mesmo estradas.
Tomámos seis cavalos e três homens de serviço: intérprete,
cozinheiro e carregador. Não levámos tendas; disseram-nos que poderíamos sempre
alojar-nos em casa dos habitantes. Era verdade e às vezes era original e
interessante, mas isso expôs-nos a suportar todos os insetos mais irritantes e
repugnantes.
Cada dia as nossas bagagens iam à frente, os nossos homens
escolhiam a melhor casa da terra, que nos era cedida complacentemente; e nós
deixávamos uma gorjeta para indemnizar os nossos hospedeiros…
Na noite que passámos em Patrasso, um terramoto sacudiu o chão e a casa. O nosso
terror era grande, mas os nossos hóspedeiros vieram acalmar-nos:
– Durmam em paz. Isto em Patrasso acontece de tempos a
tempos. Não há nada a temer; as nossas casas estão construídas já a contar com
isso.
De facto, todas as casas têm só rés-do-chão e os muros têm
uma grossura de 80 centímetros…
Depois de Lepanto, tivemos dois dias e duas noites de chuva,
tempestade e vento. As veredas já não eram transitáveis. As torrentes tinham
engrossado e estavam cheias de lama. Subimos bem alto para encontrar um vau.
Que jornada!
As malas flutuavam sobre as águas, os cavalos recusavam-se a
avançar e ameaçavam deixar-nos lá.
Finalmente, chegámos a Galaxidi, pequeno porto comercial, que
dizem ter 600 navios no mar; mas os habitantes são muito selvagens e e nada hospitaleiros.
Os magistrados tiveram de nos proteger contra as suas más
maneiras.
Embarcámos para Scala di Salona.
Foi preciso rodear toda a cordilheira do Parnaso para ir de
Delfos às Termópilas. As veredas nos flancos das montanhas, na Grécia, são
verdadeiros quebra-costas.
Uma vez, o meu cavalo resvalou por uma ravina abaixo; tive só
tempo de saltar para a orla da vereda.
Muitas vezes, nesta viagem, escapei a perigos graves por uma
proteção providencial.
De Aulide a Vrana estende-se a planície de Maratona.
Em Vrana, os insetos deram-nos tanta guerra que batemos em
retirada às 4 horas da manhã para fazer a subida do Pentélico. A nossa roupa
tinha reunido tantos insetos nas casas sujas dos gregos, que para nos libertar
deles, foi preciso deitar tudo ao fogo ao chegarmos a Atenas, e renovar o nosso
vestuário.
(Cf. NHV, 1864)
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