terça-feira, 25 de agosto de 2009

As férias do Pe. Dehon

Neste tempo de férias, convem comparar a nossa vivência com a experiência do Pe. dehon.
Apesar de ter vivido há cem anos atrás, o seu espírito era muito aberto e a sua visão de futuro.

AS FÉRIAS DO Pe. DEHON

A) Como vivia o Pe. Dehon as suas férias:
Eis alguns relatos, na primeira pessoa, de como Leão Dehon vivia as suas férias.

1.
Em Hazebrouck passei 4 anos. Eu revia a família somente pela Páscoa e nas férias grandes. (NHV I, 43).

2.
Fiz frequentes visitas e passei férias na casa de 2 famílias da região de Hazebrouck. (NHV I, 57)

3.
Viagem a Paris, Agosto de 1855, para visitar a Exposição Universal com o pai. (NHV, I, 39) A partir daí tantas viagens sobretudo nas férias– Aprendi a conhecer o mundo sem sujar-me nele. (NHV, I, 63)

4.
Primeira viagem a Inglaterra (1861) para aprender inglês. (NHV, I, 75) Outras se sucederam.

5.
Ao regressar a casa (depois da viagem à terra santa e depois de ter sido recebido por Pio IX que o aconselhou entrar no Seminário romana francês de Santa Clara) tomei 3 meses de verdadeiras férias. Tive de narrar muitas vezes a minha viagem (NHV II)

6.
As minhas férias começaram com uma grande privação. Meu pai não estava familiarizado com a minha vocação. Escrevera-me que não me queria ver de batina. O Pe. Freyd pensou que eu não devia irritar nada, nem ninguém: voltei portanto à civil. Vivi como seminarista com o hábito secular, durante três meses de férias. A missa e a comunhão diária… (NHV III)

7.
Em Junho, tomado anémico pelo trabalho, tivera de tomar oito dias de descanso. Passei-os em Genzano, na casa dos Franciscanos, onde o ar puro e as sombras retemperaram as minhas forças. ( NHV III)

8.
As férias (1867) – Voltei à França por mar. Um devoto repouso em La Capelle: passeios, leituras, reuniões de família, Eu procurava pregar, pelo exemplo, a modéstia e a oração. (NHV III)

9.
Nas férias da Páscoa, fui com alguns pios condiscípulos fazer uma graciosa peregrinação na Sabina, precisávamos de ar e de movimento.
(NHV, III)

10.
Eu conservava também os meus gostos de turista, porque via nas viagens uma fonte inesgotável de estudo. (NHV, III)

11.
No dia seguinte ao Natal, parti com os meus bons pais para Nápoles. Eram umas feriazinhas de 8 dias. (NHV III)

12.
Depois da missa nova, passei quinze dias na Normandia. Apanhando banhos de mar, na companhia de um amigo, em Agosto. De manhã celebrava na Paróquia. Tomava um banho por dia. Fiz longos passeios. (NHV III)

13.
Preguei, confessei, ensinei latim… durante as férias (NHV III)
Fiz também uma peregrinação a Nossa Senhora de Liesse, em família… Fim das férias: de manhã e de tarde ia à velha igreja e passava horas deliciosas no jardim rezando o meu breviário e o meu terço, fazendo boas leituras (NHV III)

14.
As minhas férias passaram rapidamente. Prestei alguns serviços ao meu pároco, visitava a família e fui estudar a organização da Universidade de Lovaina (NHV, V)


B) O que pensava ou o que ensinava o Pe. Dehon sobre as férias:

“Quero reproduzir aqui alguns pensamentos que notei no meu primeiro ano de filosofia. Gratry indica-me também o sentido cristão das férias: Retemperar-se no espectáculo da natureza, na luz das artes, no trato com os grandes espíritos, nas peregrinações para visitar os ausentes, nas amizades santas, nas associações sagradas a favor do bem, e finalmente em alguns dias de severa solidão, sozinho diante de Deus, não seria isso um bom repouso?” (NHV II, 1º Ano de Roma 1866).

“Ao partirdes para férias (Alunos do Colégio São João) nós vos entregamos com confiança aos cuidados de Deus que vos ama; aos cuidados dos vossos pais que são os vossos anjos visíveis sobre a terra; aos cuidados das vossas consciências que Deus ilumina e fortalece. Adeus por algumas semanas! Sede felizes, sede ajuizados, sede prudentes. (1º Discurso sobre a Educação 1878).

“De seguida Monsenhor dignar-se-á dar-lhes a sua bênção, depois partirão fortes e alegres para praticar durante as férias as virtudes que são as amáveis companheiras da educação cristã: a piedade, a pureza, a energia e o afecto.” (4º Discurso sobre Educação, 1880)

“Dir-lhes-ia: utilizai as vossas férias, aproveitai as vossas viagens, anotai, observai, comparai. É preciso fazer tudo com medida sem dúvida e não exceder os próprios recursos. Alguém só viajará com a imaginação, ajudado de algum bom livro. Outro que não tem necessidade de fazer cálculos, irá longe. Há vinte anos, o limite de uma viagem de férias era a Suiça, o Reno ou a Holanda. Hoje vai-se à Escócia, a Roma, mesmo a Atenas e até à Síria e ao Canadá. Vem aí o tempo em que se dará em alguns dias a volta ao mundo. Os serviços marítimos alemães vão já em trinta e cinco dias de Hamburgo a Sang-Hai; os serviços ingleses e o caminho-de-ferro trans-canadiano regressam em vinte e cinco dias de Sang-Hai a Londres: Londres só está a dois dias de Hamburgo, isto perfaz um total de setenta e dois dias, precisamente o tempo de umas boas férias
Uma viagem bem feita, grande ou pequena, vale mais do que uma outra recreação ou recompensa. É um estudo, e dos melhores. Este gosto vale mais de que o círculo (convívio), o bilhar ou o romance.” (7º discurso sobre educação: Geografia, 1886)

“Há um certo risco dar-lhes um mês (de férias aos seminaristas), mas é necessário também que as vocações sejam provadas, e ainda, os que não visitam os seus familiares, não conhecem nada do mundo e da vida concreta.” (Carta ao Pe. Kusters, 10/07/1901, Inv. 260.08, AD: B19/5)

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