O jovem Dehon em aventuras na Suécia
Durante oito dias, de 26 de setembro a 4 de outubro (de 1863)
fomos atravessando uma imensa floresta virgem na Suécia.
Tivemos aí uma aventura.
Um explorador quis fazer-nos pagar caro demais a nossa velha
carriola. Descobrimos cem vezes que a honestidade dos suecos é bem inferior à
dos noruegueses. Nós demos só o que nos pareceu justo. Foi procurado o landman,
ou polícia da região; foram precisas horas. Ele registou as queixas do condutor
e os nossos protestos, expressos tanto por gestos como por palavras, no
Dag-bog, livro oficial dos postos do Correio.
Descontentes com os nossos hóspedes que tinham alinhado com o
condutor, não quisemos dar-lhes a honra de nos alojar em sua casa. E eis-nos a
caminho, de saco às costas, com o enorme espanto de todos, às 10 horas da
noite, ao luar.
Era uma cabeçada de gente nova. Esperávamos encontrar alguma
quinta. A Providência castigou-nos. Tivemos de caminhar toda a noite. O tempo
gelava, as nossas forças esgotavam-se. Descansamos um pouco na floresta, mas o
sono não vinha e o frio forçou-nos a retomar a marcha. O caminho tinha
bifurcações. Devíamos tomar à direita ou à esquerda? Nós escolhíamos pelo
melhor, depois de consultar o nosso bom Anjo da Guarda. O único guia era a
nossa pequena bússola, esses caminhos não estavam marcados nos nossos mapas.
Encontramos uma quinta só às 8 horas da manhã. Tínhamos feito 8 léguas a pé!
(Cerca de 40 Km).
A nossa saúde graças a Deus não ficou abalada. Retomámos
depois as nossas corridas em carriola. Por longo tempo ladeámos o lago Starsjo,
semeado de ilhas que lhe dão grande variedade. Depois caminhamos ao longo dos
Alpes escandinavos para alcançar o vale do Dal. Aí só se encontram pinheiros e
abetos plantados na areia, e rochedos de granito empurpurados de líquenes e,
todavia, não nos cansávamos desta natureza quase selvagem em que se pode
admirar a obra direta do Criador.
(Cf. NHV, 1863)
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