quarta-feira, 26 de julho de 2023

O jovem Leão Dehon (2)

O jovem Dehon em aventuras na Suécia

Durante oito dias, de 26 de setembro a 4 de outubro (de 1863) fomos atravessando uma imensa floresta virgem na Suécia.

Tivemos aí uma aventura. 

Um explorador quis fazer-nos pagar caro demais a nossa velha carriola. Descobrimos cem vezes que a honestidade dos suecos é bem inferior à dos noruegueses. Nós demos só o que nos pareceu justo. Foi procurado o landman, ou polícia da região; foram precisas horas. Ele registou as queixas do condutor e os nossos protestos, expressos tanto por gestos como por palavras, no Dag-bog, livro oficial dos postos do Correio.

Descontentes com os nossos hóspedes que tinham alinhado com o condutor, não quisemos dar-lhes a honra de nos alojar em sua casa. E eis-nos a caminho, de saco às costas, com o enorme espanto de todos, às 10 horas da noite, ao luar.

Era uma cabeçada de gente nova. Esperávamos encontrar alguma quinta. A Providência castigou-nos. Tivemos de caminhar toda a noite. O tempo gelava, as nossas forças esgotavam-se. Descansamos um pouco na floresta, mas o sono não vinha e o frio forçou-nos a retomar a marcha. O caminho tinha bifurcações. Devíamos tomar à direita ou à esquerda? Nós escolhíamos pelo melhor, depois de consultar o nosso bom Anjo da Guarda. O único guia era a nossa pequena bússola, esses caminhos não estavam marcados nos nossos mapas. Encontramos uma quinta só às 8 horas da manhã. Tínhamos feito 8 léguas a pé! (Cerca de 40 Km).

A nossa saúde graças a Deus não ficou abalada. Retomámos depois as nossas corridas em carriola. Por longo tempo ladeámos o lago Starsjo, semeado de ilhas que lhe dão grande variedade. Depois caminhamos ao longo dos Alpes escandinavos para alcançar o vale do Dal. Aí só se encontram pinheiros e abetos plantados na areia, e rochedos de granito empurpurados de líquenes e, todavia, não nos cansávamos desta natureza quase selvagem em que se pode admirar a obra direta do Criador.

(Cf. NHV, 1863)






 

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