terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Ler, viajar, escrever


O Pe. Dehon leu tanto,
viajou muito,
escreveu bastante.

Hoje ele ensina-nos que:
1º - ler é viajar,
2º - viajar é ler o mundo,
3º - escrever é semear.




















1º - Ler é viajar
“Utilizai as vossas férias, aproveitai as vossas viagens, anotai, observai, comparai. É preciso fazer tudo com medida sem dúvida e não exceder os próprios recursos. Uns só viajarão com a imaginação, ajudados por algum bom livro. Outros, que não têm necessidade de fazer cálculos, irão mais longe.” (Discurso pronunciado na distribuição dos prémios do Instituto São João, a 31 de Julho de 1886. Foi igualmente publicado na edição especial: Discursos acerca do estudo da geografia, São Quintino, Imprensa A. Bray, 1886, pp. 30
“Sinto-me feliz de fazer outras tantas peregrinações espirituais, ao escrever e ao ler estas narrações. (NHV, volume III, visitando o Getsémani)

2º - Viajar é ler o mundo
“As minhas viagens foram sempre um estudo e uma peregrinação. Sempre tomei apontamentos. Servi-me disso para me edificar e para edificar os outros.” (NQ, 1915, Pág. 102)
“Aprendi a conhecer o mundo sem me sujar nele.” (NHV, volume I, Março 1843 – Maio 1864, Pág. 38)
“Uma viagem bem feita, grande ou pequena, vale mais do que uma outra recreação ou recompensa. É um estudo, e dos melhores. Este gosto vale mais de que o círculo (convívio), o bilhar ou o romance.” (Discurso acerca do estudo da geografia, IV Volume das Obras Sociais de Leão Dehon, Edizione CEDAS (Centro Dehoniano Apostolato Stampa) – Andria, 1985, Pág. 366)
 “As viagens bem feitas completam o estudo das humanidades… São um complemento da educação.” (NQ, 1925, Pág. 102)
“As viagens são uma fonte inesgotável de estudo.” (NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro 1869, Pág. 184)
Viajar é ler o mundo.
Quem fica sentado em casa lê somente uma página deste livro que é o mundo.

3º - Escrever é semear
“Estou a publicar o meu Ano com o Coração de Jesus e dois pequenos volumes sobre A Vida Interior. Quero ainda semear, antes de morrer, um pouco de amor para nosso Senhor. Alguma boa semente produzirá frutos. O Bispo de Puy escreve-me que fez o seu mês de junho com o meu livro sobre o Coração Sacerdotal de Jesus e ficou encantado. Nós preparamos a vida do Padre André. Este é o nosso santo. Um piedoso religioso disse-nos: Uma congregação que tem um santo desse calibre nos seus fundamentos está segura do seu futuro” (NQ 43 1919).

Para o Pe. Dehon escrever é semear…
Cada livro uma sementeira,
cada página uma mão cheia de sementes de amor,
para que cada palavra possa produzir os seus frutos.
Semear é assim um gesto de amor e um ato de louvor.
Um livro é uma sementeira inesgotável que se prolonga para além da ação e da vida do seu autor… pois leva sementes de bem e de amor para Nosso Senhor.

Parece-nos que 1919 foi um dos anos mais prolixos do Pe. Dehon.
Digamos que ele pôs a escrita em dia, depois do longo período da guerra mundial.
Durante esse ano publicou ou preparou:
- O Ano com o Coração de Jesus (2 volumes com 698 e 591 páginas)
- A vida Interior (2 volumes com 273 e 210 páginas)
- Diretório Espiritual (revisto e aumentado das edições de 1905 e 1908)
- Pequeno Diretório para os reitores (com 28 páginas)
- Um Padre do Coração de Jesus (Vida do Pe. Rasset, pronta para ir para a editora)
- A vida do Pe. André Prévot (preparação das notas bibliográficas)
- Mais de 353 cartas.

Nota 1
O Ano com o Coração de Jesus é a obra que o Pe. Dehon fala mais vezes no seu diário:
- Em maio de 1908 escreve: “Eu trabalho incansavelmente no Meu Ano de meditações. Já escrevi quatro meses” (NQ 24).
- Provavelmente acaba de escrevê-lo em 1909, pois faz o prefácio a 3 de outubro de 1909.
- Só em janeiro de 1913 começa a sua composição tipográfica: “Imprimimos o meu Ano com o Coração de Jesus” (NQ 35). Depois de alguns meses tem de interromper esse trabalho devido à guerra.
- Finalmente aparece nas livrarias em julho de 1919.

Nota 2
Carta do Pe. Dehon, de 03/11/1919, dirigida ao Pe. Gasparri (inventário 307.02 AD:B20/7.11):
“Prezado Padre. Diga àqueles que pensam que estamos mortos que atualmente temos 600 religiosos, incluindo 80 noviços… Sejamos humildes e modestos. Vou enviar-lhe os meus novos livros: 4 volumes (O Ano com o Coração de Jesus, A Vida Interior). Faça um presente e leve ao Papa como prenda… Saudações. L. Dehon.

Nota 3
Carta do Pe. Dehon, de 20/11/1919, dirigida à Madre Maria Ágata (inventário 1110.44 AD:B83/1):
“Reverenda Madre. Apenas algumas palavras. A nossa biografia do Pe. André está pronta. Vou procurar uma editora. Como é que fez para a Vida da Madre Verónica? O livro é vendido por Vic e Amat. Eles são os editores dessa obra às suas custas ou apenas depositários? Acho que fostes vós a pagar à editora. Reze para que alcancemos os meios mais adequados para dar a conhecer essa vida tão edificante. Unidos nas orações e nos sacrifícios. L. Dehon”

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