sábado, 21 de dezembro de 2019

Os salmos no breviário


a) Saltério completo
Quando no decurso do século IV a oração das Horas foi organizada como oração da Igreja, já então foram os salmos que constituíram a sua parte essencial.
- Os monges do Egito diziam cada dia o saltério inteiro.
- O ofício arménio repartia os salmos por oito dias.
- A Igreja Ambrosiana rezava-os por duas semanas.
- Na Espanha até três semanas.
- Caldeus e bizantinos seguem o ritmo semanal.
- A regra de São Bento formulava a recitação integral do saltério numa semana.
- O uso romano também obrigava a salmodia integral dos 150 salmos do saltério cada semana. Assim se manteve no Breviário até ao Concílio Vaticano II.
- Hoje, a vida moderna exige ritmos menos tensos para a oração. Por isso, a fim de assegurar uma celebração mais interiorizada da Liturgia das Horas, o concílio Vaticano II decidiu abandonar o ciclo semanal do saltério, doravante repartido por quatro semanas.
              
b) Métodos
A antiguidade utilizou, sucessiva ou simultaneamente, diversos modos de execução dos salmos:
- O monaquismo egípcio fazia ler ou cantar o salmo por um solista, enquanto a comunidade escutava em silêncio. Quando o solista terminava, era em silêncio que os monges o meditavam.
- Umas vezes o povo era convidado a cantar uma resposta, um refrão ou uma aclamação no final da salmodia, outras vezes a intercalar em estrofes ou aleluia na própria salmodia, dividindo em estrofes.
- Outras vezes dois coros dividiam entre si o coro do salmo, alternando quer os versículos quer as estrofes.
- O salmo executado sem antífona nem responsório podia também ser dito simultaneamente por todos.
- A tradição romana, ambrosiana e beneditina utilizavam estes diversos métodos, mas desde a Idade Média, utilizaram a salmodia com versículos alternados.

c) Doxologia trinitária
O costume de concluir cada salmo com o refrão ou aclamação ‘Glória ao Pai…” é assinalado desde o fim do século IV, e foi adotado por todas as Regras Monásticas latinas.

d) Os títulos dos salmos
Nos manuscritos medievais do saltério, cada salmo era habitualmente precedido de um título que resumia o seu conteúdo e orientava a sua releitura no sentido cristológico ou eclesial. Na liturgia das Horas de 1971, cada salmo é precedido de um duplo título: o primeiro indica o seu sentido literal e a sua importância para a vida humana do crente; o segundo, constituído por uma frase do Novo Testamento ou dos Padres, convida a orar no sentido cristológico.

e) Antífona sálmicas
As antífonas são refrães, destinados a ser cantados antes ou depois do salmo ou mesmo antes de cada estrofe do salmo.
É na celebração comum e cantada que as antífonas encontram o seu pleno significado, do qual em seguida a celebração individual recebe como que um eco.

f) Salmo mais longo
É o salmo 118 que tem 176 versículos. Está distribuído em estrofes com 8 versículos cada uma e todos os versículos da mesma estrofe começam com a mesma letra do alfabeto hebraico. Cada estrofe foi distribuída pela hora intermédia das 4 semanas. (Faz parte dos chamados salmos alfabéticos, pelos versículos estarem ordenados consoante o alfabeto hebraico: Sl 9; 24; 36; 110; 111; 118; 144)

g) Os salmos que não constam
São 3 os salmos que não rezamos – Sl 57; 82; 108.
Foram suprimidos do ciclo do saltério do Breviário porque neles predominam o caráter imprecatório. Foram igualmente suprimidos certos versículos dalguns outros salmos por motivos semelhantes. Durante um mês (quatro semanas) todos os salmos do saltério (150) excepto estes três, mas outros são rezados várias vezes...

h) Meu Salmo preferido
O meu salmo preferido é o Sl 8.
É um magnífico hino que celebra simultaneamente:
- A majestade de Deus
- A grandeza do universo
- A dignidade do homem.
Esta unidade é reforçada com a unidade literário, apresentando o mesmo refrão no princípio e no fim como imagem clara do mundo harmonioso e abençoado. Parece expressar a vontade de, ao chegar ao fim, voltar ao início cantando ininterruptamente.
Parece-me que também Jesus gosta muito deste salmo, pois um dia Ele estremeceu de alegria e unção e disse: Eu bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. (Mt 11, 25; Lc 10,21)


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