Dizem-me que hoje é o dia mundial do sono, nesta
sexta-feira anterior ao equinócio da Primavera.
É uma oportunidade para valorizar a importância do
sono para a saúde física e mental. Uma boa noite de sono é essencial para o
funcionamento adequado do corpo e da mente, e (porque não também?) da alma.
Rezar dá-me sonhos
Alguém perguntou:
- Senhor padre, quando reza não fica com sono?
- Com sono não, mas com sonhos sim...
De facto, rezar ajuda-me a sonhar e a fazer dos
sonhos de Deus os meus sonhos e vice-versa. Deus não dorme, mas sonha…
Existe um sono da alma e um sono do corpo.
Todos nós devemos ter o sono do corpo, porque se
não tivermos sono desfalecemos e o corpo se enfraquece. O nosso corpo frágil
não suporta por longo tempo o peso do espírito desperto e empenhado na ação; se
o espírito se empenhar longamente na ação, o corpo frágil e terreno não
aguenta, não suporta esta ação contínua, desfalece e sucumbe. Por isso Deus deu
ao corpo o sono, reparador das forças corporais, a fim de que seja capaz de
suportar o espírito desperto. No entanto,
o que devemos evitar é o sono da alma; o sono desta é um mal. É um bem o sono
corporal que restaura a saúde corporal. O sono da alma, porém, consiste em
esquecer-se de Deus. E toda a alma que se esquece de Deus dorme. Por isso, o
Apóstolo censura a alguns que, esquecidos de Deus, como que em sonho,
entregam-se ao delírio do culto idolátrico. Os que adoram os ídolos são como os
que sonham; quando acordam, entendem quem os criou e não adoram o que eles
mesmos fabricaram. Exorta o Apóstolo a alguns: “Ó tu, que dormes, desperta e
levanta-te de entre os mortos, que Cristo te iluminará” (Ef 5,14). Queria por
acaso o Apóstolo despertar alguém entregue a um sono corporal? Não, pelo
contrário, acordava a alma adormecida, e despertava-a para ser iluminada por Cristo.
É de acordo com esta vigília da alma que reza o salmista: “Deus, meu Deus,
desde o raiar da aurora, estou de vigília a procurar-te”. Não estarias desperto
espiritualmente, se não tivesse raiado a tua luz, para te acordar. Pois, Cristo
ilumina as almas e as faz vigilantes; se ele retira a sua luz, elas adormecem. A vossa vida, os vossos costumes devem estar
despertos para Cristo, a fim de que os outros, os pagãos mergulhados no sono,
acordem ao som de vossas vigílias, sacudam o torpor, e comecem convosco a
repetir: “Deus, meu Deus, desde o raiar da aurora, estou de vigília a
procurar-te”.
(Cf. Sermão de Santo Agostinho sobre o Salmo 62)
Dormir como São José
No meio da correria,
Do faz aqui, resolve ali.
É preciso parar,
Deixar o silêncio falar.
É hora de dormir!
É hora de calar,
Para uma só voz, ouvir.
Fechar os olhos e confiar,
Que tens um pai a te guardar.
Dormir, ato sincero de quem sabe,
Que dali, nada mais lhe cabe!
Que a força do braço nada pode fazer,
E muito menos a razão poderia resolver!
Dormir como José dormiu,
Ouvir tua voz como ele ouviu,
Despertar, e com pressa corresponder,
Como fez José sem tempo a perder!
Pés apressados e seguros,
Por saber quem era o Senhor de tudo,
Aquele que no segredo lhe falara,
Era o mesmo que no caminho lhe guardava!
(Cf. Maria Ávila, Shalom.com)
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