quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Ninguém é enviado sozinho


5ª feira – IV semana comum

Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois… com indicações do que deveriam levar, fazer ou dizer. Começou e nunca mais acabou de enviar.
O principal está no envio dois a dois.
Porquê?
 
1) Tal como o tango
Evangelizar é como dançar o tango, são precisos dois.

2) Ninguém está sozinho
Então porque é que Deus enviou apenas um pároco para a minha igreja?
Pensando bem, eu nunca estou sozinho.
E não estou sozinho com Deus, como diz o povo.
Estou comigo mesmo, e estou com Deus.
Se eu estou comigo mesmo, já somos dois e assim estamos com Deus, porque Deus está no nosso meio (onde 2 ou 3 estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles)
 
3) Homem prevenido vale por dois.
Cada apóstolo vale por dois e muito mais porque prevenido pela fé naquele que o envia.

4) No cair de um, outro se levanta.
Quando tombou o arauto, a Palavra se ergueu para se fazer ouvir, cai João, ergue-se Jesus.
Cai Jesus, caminham os Apóstolos.
Caem os Apóstolos um a um, seguem-se os primeiros cristãos.
E depois destes, uma segunda geração.
E depois desta, outra, e uma outra, e outra até nós.
Morre um santo aqui, algum nascerá do outro lado da montanha.
Soçobra um modo de evangelizar, outro arrebita.
Calam aqui uma voz, além irrompe outro arauto.
Rompem-se uns odres, algures outros se cosem.
Cai um missionário, outro se alevanta.
E assim, sucessivamente, repetidamente, até ao fim da história. Sem parar.

 

5) No filme A Missão

É precisamente isto que se vê no final do filme A Missão, com o martírio de um missionário: irados e raivosos contra o humanismo e a fé flamejantes na missão, circundam-na os feros conquistadores europeus e acabam incendiando-a apesar da legítima, mas inglória defesa que os Guaranis, entretanto, empreendem. Nada deterá os cristianíssimos europeus, se não a redução a cinzas da missão! Mas eis senão quando o segundo missionário que também cairá, enfrenta os ignóbeis conquistadores. Saindo da missão ao encontro dos arcabuzes, vem rodeado de crianças mansas e mulheres índias com meninos de peito. Nas mãos porta mansamente uma custódia sagrada com o Santíssimo Sacramento. E assim caminham juntos para o martírio que, óbvio, sucederá, sob uma rude saraivada de fogo dos rifles europeus. Logo muitos meninos e mulheres tombam à sua volta, até que também ele cai com uma bala no peito. E por sua vez, cai-lhe a custódia aos pés, pelo que também Cristo morde o pó! Porém, quando tudo parece perdido naquele inglório abatimento, quando a humilhação de Cristo parece definitivamente consumada, eis que, sem medo, uma mulher guarani se agacha, toma a custódia em suas mãos jovens e, alevantando-se, segue em frente, emulando o gesto manso do missionário! Sim, sim, tinha acabado de cair um manso portador de Cristo, mas prontamente outro – no caso, outra – se alevantara, porque o Reino de Deus não pode parar mesmo quando pareça que cai o último dos seus fiéis servos. (CF. Boletim de Espiritualidade dos Carmelitas Descalços, Frei João Costa)

É por isso que Jesus fez questão em enviar os seus apóstolos dois a dois.

 

6) Ver também:

Para aprender a dialogar

 

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