Monte Tabor |
Festa
da Transfiguração do Senhor
- Carta
de São João Evangelista a Lídia -
Caríssima
Lídia.
Pedes-me
que te conte o que vimos naquele dia na montanha do Tabor. Vou pois, partilhar
qual foi a minha experiência pessoal.
Estou
velho, mas há muitas coisas que me lembro como se fosse hoje. Não esqueci nem o
dia, a hora, as palavras, as pessoas e todos os pormenores como se tudo isso
tivesse ficado gravado como pintura dentro do meu peito. Basta por isso
consultar o meu coração.
Já
ouviste narrar o que aconteceu naquele dia, quem acompanhou Jesus, quem
encontrámos, o que vimos, o que ouvimos, o que dissemos.
Hoje,
para ti, vou apenas expressar, com toda a sinceridade o que pessoalmente senti
nessa circunstância.
Era
manhã cedo.
Subimos,
nós os três discípulos, com Jesus, em silêncio.
No
meu interior pairava um sentimento de angústia. Jesus tinha dito há bem pouco
tempo, por três vezes, que tinha de subir ao monte da dor, ser morto e
ressuscitar. Seria naquele monte? Ao subir o Tabor parecia-me ir a caminho da
morte de Jesus.
Ao
chegar lá em cima, quando nos sentámos para recuperar as forças e regularizar o
fôlego e rezar um pouco, uma luz forte nos envolveu a todos.
Essa
luz vinha de Jesus, rodeado, como já ouviste contar, de Moisés e Elias.
Pensei
logo que não me tinha enganado na subida, ao pensar que ia a caminho do Céu.
Afinal, não tinha vindo em direção à morte de Jesus, mas à minha própria morte.
Sim, pensei que eu tinha morrido e que já estava na glória eterna de Deus.
Ouvi
Pedro dizer – que bom estarmos aqui – e conclui que também ele tinha morrido.
Que bom estarmos no paraíso.
Ouvi
depois uma outra voz: Este é o meu Filho muito amado, escutai-O.
Não
havia dúvidas, era a voz de Deus Pai que confirmava que eu tinha morrido e que
estava no Céu.
Nisto
ouvi a voz de Jesus, voz que conhecia bem, voz de mestre, de amigo e de companheiro:
Não tenhais medo!
Então
voltei ao normal.
Tinha
ido ao céu e voltara… ou melhor, não fui eu a ir à glória do Céu, foi a glória
do Céu que veio até mim.
Foi
esta a minha experiência.
A
partir daí, sempre que me aproximava de Jesus tinha a sensação de me aproximar
do Paraíso, da Glória do Céu.
Quis
partilhar estas coisas para que tu também possas sentir o mesmo.
Estar
com Jesus é estar no Céu, é deixar que a Glória divina esteja connosco já nesta
terra, aqui e agora.
Para
mim, a transfiguração de Jesus consistiu na minha subida até ao Céu ou a
descida do Céu até mim.
Tu
também podes experimentar o mesmo se fizeres companhia a Jesus ou se te
deixares acompanhar por Ele.
A
paz esteja contigo.
Ver
também:
Sacrificar, testemunhar e transfigurar
Sem comentários:
Enviar um comentário