O respeito é irmão do afeto.
Há também entre a religião e o
respeito uma afinidade profunda. A religião dá à alma a impressão do respeito.
Só DEUS de resto é a razão do
respeito que se dedica aos homens e às coisas. É o profundo trabalho da
educação religiosa que incute o respeito na alma da criança descobrindo-lhe,
onde quer que se coloquem diante dela, estas representações e estas imagens de
Deus as únicas capazes de governar os nossos respeitos.
A educação católica mostra à
criança, na hierarquia da Igreja, uma majestade que desce de DEUS e que se
eleva até Ele por CRISTO. Ela mostra-lhe na família a dignidade paterna e a
dignidade materna que são para elas representações da dignidade divina. Quando
o pai e a mãe delegam num educador todos os seus direitos de ensinar e de
educar um filho, transmitem-lhe ao mesmo tempo algo da sua dignidade, e se este
educador pertence ao mesmo tempo à hierarquia da Igreja, tem aos olhos das
crianças um duplo carácter de autoridade e como que um duplo reflexo da
majestade divina.
Assim, o catolicismo justifica o
elogio que lhe foi feito pela sinceridade de um ilustre protestante: é a maior
escola de respeito que há sobre a terra.
Será preciso acrescentar que o
respeito gera a obediência e com ela a confiança e a docilidade, e que leva
assim às outras virtudes da infância, ao hábito do trabalho, à seriedade e à
força de carácter?
Estas nobres energias não se
impõem acaso à vontade quando o espírito concebeu o respeito por DEUS, pelo
dever e por si mesmo?
Recorramos novamente ao
testemunho do nosso livro de ouro e vejamos se o respeito e a coragem aparecem
aí em destaque tal como a piedade e o afeto. Leio que um passou por altura da
sua primeira comunhão por uma transformação maravilhosa: “Pôde-se deste então,
diz-se, notar no comportamento desta criança um progresso sensível, o seu
trabalho foi mais consciencioso, os seus esforços para dominar a sua natureza
foram mais enérgicos, mais constantes, o seu esforço de agradar aos pais e
professores mais perfeito e mais consistente”.
Vejo que outro levava a sério a
virtude. “No que se refere à grande coisa, escreve ele a seu irmão, está
melhor. O céu seja bendito por ajudar os meus esforços e a minha boa vontade.
Sinto-me mais forte contra a tentação e, quando me apercebo de alguma fraqueza,
levanto-me de imediato. Que mais te direi? A nossa vida de colégio tem algo de
monótono; nada de novo nisso. Mas não quero queixar-me, aprende-se a vencer-se,
domina-se a sua vontade, exerce-se a virtude e o sacrifício; afinal, isto é o
essencial, é tudo, e vale o mundo inteiro”.
Outro começou os seus estudos num
internato eclesiástico. Distinguiu-se pela exatidão no cumprimento de todos os
seus deveres, pela sua aplicação, pela sua docilidade. Soube merecer o afeto
dos mestres e dos colegas. Razões que não vale a pena explicar, levaram os pais
a mudá-lo para um colégio de outro género. Aí teve de travar duras lutas para
não trair a sua fé. Encontrou-se, apesar das boas intenções dos responsáveis, à
mercê de uma multidão de colegas perversos e sem religião que inutilmente
tentaram arrastá-lo. A esta guerra de sedução, sucedeu-se outra de mentira, de
sarcasmos e de maus-tratos; nada o pôde vencer. Furiosos com a sua resistência,
aqueles jovens ímpios tornaram-se carrascos; chegaram até à barbárie de
submeter o seu virtuoso condiscípulo a uma espécie de crucifixão, fazendo-lhe
com suas navalhas incisões nas mãos em forma de cruz. Ele sofreu esta cruel
brutalidade com uma coragem heroica: sem mostrar ressentimento nem rancor,
continuou a viver como cristão fervoroso e intrépido sob os seus olhares; o que
os impressionou de tal maneira que muitos deles, encantados, não só pela
firmeza do seu carácter, como também pela doçura e suavidade das suas maneiras,
acabaram por colocar-se do seu lado considerando uma honra protegê-lo de novas
perseguições.
O contraste não prejudica a nossa
demonstração. Estas imagens vivas de energia e de respeito não vos encantam?
Não pensais que estas flores e estes frutos mostram bem o valor dos terrenos
onde foram cultivados?
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