Instituída
pelo Papa São Pio V, a festa dos Santos Inocentes ajuda-nos a viver com
profundidade esta quadra de Natal. Tem o seu fundamento nas Sagradas
Escrituras. Quando os Magos se retiraram, a Sagrada Família partiu para o Egipto…
Então Herodes mandou eliminar todas crianças de Belém numa tentativa de acabar
com o Menino Jesus. Quanto ao número das vítimas os Gregos diziam ter sido
14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000.
Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo, mas nem que tivesse sido
uma só, teríamos motivo para reparar a dor.
É
aqui que começa o mistério da paixão… começa e não há maneira de acabar…
Sempre
que uma criança é maltratada ou eliminada, a paixão de Cristo continua.
É
por isso que podemos ouvir hoje o lamento de Herodes:
-
Antes de me acusarem pela matança dos inocentes, lembrem-se do que estão a
fazer com os que estão para nascer… abortos, fome, violência, abusos,
negligências!
É
por isso que esta festa passou a ser o dia da bênção das crianças para reparar
o mal que lhes fazem.
Na
Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes
passou a ser a festa destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava
no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes pequenos
cantores apoderavam-se das estolas dos cónegos e cantavam em vez deles. A este
bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Invitatório e o Te
Deum que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo
pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do
trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia
um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus
bancos.
Esta
extravagante cerimónia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas
comunidades religiosas.
É
que nem sempre os santos são inocentes e nem sempre os inocentes são santos.
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