sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Há 100 anos


Pe. Cláudio (Barnabé) Charcosset, SCJ

 
Nasceu a 20/07/1848 em Chissey-les-Macon  (S & L, França)
Foi ordenado Sacerdote a 07/12/1874 em Autun (S & L)
Professou em São Quintino a 26/12/1885
Foi capelão dos operários em Val-des-Bois de 6/07/1887 até 1912
Fez a profissão Perpétua a 06/09/1890
Foi Conselheiro Geral em 1886-1888; 1893-1896 e 1902-1912. 
Morreu em Nice a 29/12/1912

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A vida de um sacerdote vítima

O Pe. Charcosset, que durante dez anos devia ocupar as altas funções de Assistente Geral do nosso Instituto, nasceu a 20 de julho de 1848 em Chissey-les-Macon (Saône-et-Loire). Os seus pais, ambos professores de escolas públicas, eram dos que, apesar das leis escolares supostamente neutras, mantiveram a oração na lista do seu programa. O seu filho Cláudio teve que esperar até aos 14 anos para poder receber as suas primeiras lições de latim dadas por um padre vizinho. Assim quis o Bom Mestre testar a sua vocação. Depois desta escola presbiteral vieram os anos de seminário menor. Em 1868 encontramo-lo já no seminário maior de Autun.
A 2 de julho de 1874 Cláudio Charcosset foi ordenado sacerdote e logo o seu bispo o nomeou segundo vigário de Charolles, uma das maiores paróquias da diocese de Autun. Dois anos depois, o Pe. Charcosset, sendo o braço direito do pároco como seu primeiro vigário, socorria o seu venerável pastor de idade avançada; só a morte os separaria após onze anos de colaboração.
Exteriormente, as memórias que se guardaram do Pe. Charcosset mostram-no muito zeloso no púlpito, no confessionário e à cabeceira dos doentes. No que diz respeito à vida interior, o Pe. Charcosset foi singularmente orientado pelas circunstâncias até à devoção ao Coração de Jesus: Charolles, de fato, não está longe de Vérosvre onde ainda se pode ver a casa de Santa Margarida Maria. Paray-le-Monial e as suas deliciosas atrações abriram lhe a alma ao conhecimento, aos afetos, aos desejos, às aspirações do Coração de Jesus. 
O Pe. Charcosset, apesar de tão feliz no seu ministério, inquietava-se... Deus não lhe pedia para aspirar à vida religiosa mais íntima e para morrer para o mundo? Consultado desde 1876, o seu bispo não quis que acedesse a estes desejos. Teria de esperar pela hora da Providência, entregando-se com novo ardor às obras que melhor correspondiam às suas aspirações íntimas. 
Uma religiosa piedosa, a Irmã Maria do Sagrado Coração, da Visitação de Bourg, impressionada com esta palavra de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria: "Eu quero formar ao redor do meu coração uma coroa de doze estrelas, composta pelos meus mais queridos e fiéis servos” tinha proposto às suas irmãs, na festa das Cinco Chagas, a 13 de Março de 1863, que partilhassem as horas do dia, somando assim, vez por vez, um tempo de guarda a Jesus na Eucaristia, para o confortar dos ultrajes com que é ofendido. 
"Cada associado escolhe uma hora do dia, durante a qual, em união com um dos nove coros de anjos ou a Virgem Maria e os Santos, sem alterar a sua ocupação normal, se esforça para honrar e consolar o Coração de Jesus, através da uma lembrança constante deste Coração, de muitas orações, jaculatórias e oferta dos seus pensamentos, palavras, ações e sofrimentos ao Coração de Jesus presente no tabernáculo. Os nomes dos associados são escritos numa espécie de quadro, com a hora indicada por cada um. ("Reino do Sagrado Coração de Jesus..." Volume II, p. 555. Paris-Montmartre). 
Extraordinários foram os resultados alcançados por esta nova Associação de modo que Bourg tornou-se um centro tão vivo desta nova forma de devoção, que depressa sonharam assentar o seu projeto sobre bases mais sólidas: no seu plano constava erguer um santuário ao Coração de Jesus e associar sacerdotes para perpetuar esta devoção. Enquanto se aguardava a realização destes sonhos futuros, quis a Providência que o Pe. Charcosset contatasse com outra Fundadora contemporânea, que perseguia o mesmo objetivo. E assim aconteceu…
O Pe. Charcosset relata ele mesmo numa carta de 15 de janeiro de 1912, as origens da sua relação com a Madre Maria Verónica: 
“A primeira vez que ouvi falar da Madre Verónica, estava no meu segundo ano de pároco, tanto quanto me lembro. Eu tinha então uma inclinação para a perfeição, mas a minha vida era tão ativa que isso não passava de um desejo. Um dia, recebi a visita de uma comerciante de flores de Bourg en Bresse, nada lhe comprei, mas ela deu-me muito. Basicamente, esta pessoa era uma apóstola do ideal da Madre Veronica. Eu tinha o desejo de ver a fundadora das Vítimas. Em 1876 fui a Avenières. Foi aí também que vi pela primeira vez o Pe. Prévot. Conversamos muito e repetidas vezes com a Madre. Conversamos sobre a obra dos padres-vítimas, e eu dei o meu nome, determinado a deixar Autun, logo tivesse permissão.”
Em 1884, por força das circunstâncias, o Pe. Charcosset obteve do Bispo de Autun dispensa para entrar na Vida Religiosa. “Eu pensava da Companhia de Jesus, diz numa carta de 15 de janeiro de 1912, mas não conseguia encontrar a paz nesta decisão… Então fui a Lourdes com o Pe. Picard, onde rezámos à Virgem, mas mesmo assim não se fez luz.” 
Regressando a Charolles, onde era Vigário, encontrou uma carta da Madre Maria José, que contava como o Pe. Galley (primeiro discípulo da Madre Verónica e que se juntou aos Oblatos do Coração de Jesus) ficara satisfeito por ter finalmente entrado no noviciado de São Quintino e onde dizia que o aguardava. Sem hesitar, partiu para lá e chegou a São Quintino a 8 dezembro de 1884. No Natal, o Pe. Charcosset foi recebido noviço pelo Pe. Dehon. 
Fez os primeiros votos a 26 de dezembro de 1885 tomando o nome de Barnabé. Nos dois anos seguintes o Pe. Charcosset esteve na vida ativa pregando missões e retiros nas paróquias e comunidades de São Quintino. 
Finalmente, na Festa do Coração de Jesus, em 1887, foi enviado como capelão, para as fábricas de Leão Harmel em Val-des-Bois. Custou-lhe muito sair de São Quintino, mas obedeceu com devoção.
Sacerdote de intensa vida interior, com onze anos de experiência paroquial, tendo fundado e dirigido várias obras sociais, estava bem preparado para esta nova missão. Apesar disso começou por estudar as questões sociais e a escrever vários artigos para envolver outros sacerdotes nessa causa.
Em 1902 o Pe. Charcosset foi escolhido para Assistente Geral do Pe. Dehon. Alegremente aceitou esse serviço como expressão da sua vida da vítima, fazendo a vontade de Deus. Durante uma visita a Sittard, em 1908, sentiu-se gravemente doente. Imediatamente pensou preparar-se para a morte. Recebeu a santa Unção “com uma calma que até se surpreendeu a si mesmo.” Foi só um aviso. Ele nunca mais recuperou totalmente. 
No final de 1912 foi em peregrinação a Roma. No regresso parou em Nice, na companhia de Leão Harmel. Foi aí, a 29 de dezembro de 1912, que entregou a sua alma a Deus depois de oferecer a sua vida "pela Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus e pelos operários de Val-des-Bois que tinham sido as suas grandes paixões.” (Cf."O Pe. Dehon e a sua obra, Pe. Ducamp)

Nesse dia o Pe. Dehon escreveu no seu diário:
“O meu bom Assistente, o Pe. Bernabé Charcosset morreu em Nice. É uma grande perda para a Congregação. Ele deixa-nos a reputação de um muito bom Padre, um homem de Deus. Ele era um discípulo da Madre Verónica. Durante 25 anos foi capelão dos operários em Val-des-Bois com um ministério muito frutuoso.”
Mais tarde o mesmo Pe. Dehon propõe-no como exemplo a seguir:
“Meu querido Pe. Alberto Bodin. Sê muito fiel… Eu desejo que se possa mais tarde dizer de ti como se diz do P. Charcosset: Ele era um padre muito bom e um religioso devoto, fez um bem enorme.” Os mais velhos partem. Apressai-vos, vós os mais jovens, para serdes capazes de assumir a tarefa de fazer mais e melhor do que nós. Mas acreditai que só a humildade assegura e prepara as graças.  Que todos sejam ferverosos. Eu vos abençoo paternalmente João do coração de Jesus” (página 568 NQ5 nota 64).
O seu nome aparece no Testamento Espiritual do Pe. Dehon escrito nos sombrios dias da I Guerra Mundial:
“Enquanto eu fundava a Congregação em São Quintino... as Irmãs Vítimas de Namur preparavam alguns santos sacerdotes que vieram depois juntar-se a nós, como o Rev. Pe. André, de santa memória, e o Pe. Charcosset, meu fiel assistente.” (CF 31.12.1914 (?) Année 1914: Testament spirituel. Inventaire: 7.04 AD: B3/12 Cf. Lettres Circulaires n. 407-421)

Sem comentários: