Pe.
Cláudio (Barnabé) Charcosset, SCJ
Nasceu
a 20/07/1848 em Chissey-les-Macon (S & L, França)
Foi
ordenado Sacerdote a 07/12/1874 em Autun (S & L)
Professou
em São Quintino a 26/12/1885Foi capelão dos operários em Val-des-Bois de 6/07/1887 até 1912
Fez a profissão Perpétua a 06/09/1890
Foi Conselheiro Geral em 1886-1888; 1893-1896 e 1902-1912.
Morreu em Nice a 29/12/1912
A
vida de um sacerdote vítima
O Pe. Charcosset, que durante dez anos
devia ocupar as altas funções de Assistente Geral do nosso Instituto, nasceu a 20
de julho de 1848 em Chissey-les-Macon (Saône-et-Loire). Os seus pais, ambos
professores de escolas públicas, eram dos que, apesar das leis escolares
supostamente neutras, mantiveram a oração na lista do seu programa. O seu filho
Cláudio teve que esperar até aos 14 anos para poder receber as suas primeiras
lições de latim dadas por um padre vizinho. Assim quis o Bom Mestre testar
a sua vocação. Depois desta escola presbiteral vieram os anos de seminário
menor. Em 1868 encontramo-lo já no seminário maior de Autun.
A 2 de julho de 1874 Cláudio Charcosset
foi ordenado sacerdote e logo o seu bispo o nomeou segundo vigário de Charolles,
uma das maiores paróquias da diocese de Autun. Dois anos depois, o Pe. Charcosset,
sendo o braço direito do pároco como seu primeiro vigário, socorria o seu
venerável pastor de idade avançada; só a morte os separaria após onze anos de
colaboração.
Exteriormente, as memórias que se
guardaram do Pe. Charcosset mostram-no muito zeloso no púlpito, no
confessionário e à cabeceira dos doentes. No que diz respeito à vida
interior, o Pe. Charcosset foi singularmente orientado pelas circunstâncias até
à devoção ao Coração de Jesus: Charolles, de fato, não está longe de Vérosvre
onde ainda se pode ver a casa de Santa Margarida Maria. Paray-le-Monial e as
suas deliciosas atrações abriram lhe a alma ao conhecimento, aos afetos, aos
desejos, às aspirações do Coração de Jesus.
O Pe. Charcosset, apesar de tão feliz no
seu ministério, inquietava-se... Deus não lhe pedia para aspirar à vida
religiosa mais íntima e para morrer para o mundo? Consultado desde 1876, o
seu bispo não quis que acedesse a estes desejos. Teria de esperar pela hora da
Providência, entregando-se com novo ardor às obras que melhor correspondiam às
suas aspirações íntimas.
Uma religiosa piedosa, a Irmã Maria do
Sagrado Coração, da Visitação de Bourg, impressionada com esta palavra de Nosso
Senhor a Santa Margarida Maria: "Eu quero formar ao redor do meu coração
uma coroa de doze estrelas, composta pelos meus mais queridos e fiéis servos”
tinha proposto às suas irmãs, na festa das Cinco Chagas, a 13 de Março de 1863,
que partilhassem as horas do dia, somando assim, vez por vez, um tempo de
guarda a Jesus na Eucaristia, para o confortar dos ultrajes com que é ofendido.
"Cada associado escolhe uma hora do
dia, durante a qual, em união com um dos nove coros de anjos ou a Virgem Maria
e os Santos, sem alterar a sua ocupação normal, se esforça para honrar e
consolar o Coração de Jesus, através da uma lembrança constante deste Coração, de
muitas orações, jaculatórias e oferta dos seus pensamentos, palavras, ações e sofrimentos
ao Coração de Jesus presente no tabernáculo. Os nomes dos associados são
escritos numa espécie de quadro, com a hora indicada por cada um. ("Reino
do Sagrado Coração de Jesus..." Volume II, p. 555.
Paris-Montmartre).
Extraordinários foram os resultados alcançados
por esta nova Associação de modo que Bourg tornou-se um centro tão vivo desta
nova forma de devoção, que depressa sonharam assentar o seu projeto sobre bases
mais sólidas: no seu plano constava erguer um santuário ao Coração de Jesus e
associar sacerdotes para perpetuar esta devoção. Enquanto se aguardava a
realização destes sonhos futuros, quis a Providência que o Pe. Charcosset contatasse
com outra Fundadora contemporânea, que perseguia o mesmo objetivo. E assim
aconteceu…
O Pe. Charcosset relata ele mesmo numa
carta de 15 de janeiro de 1912, as origens da sua relação com a Madre Maria
Verónica:
“A primeira vez que ouvi falar da Madre Verónica,
estava no meu segundo ano de pároco, tanto quanto me lembro. Eu tinha então
uma inclinação para a perfeição, mas a minha vida era tão ativa que isso não
passava de um desejo. Um dia, recebi a visita de uma comerciante de flores
de Bourg en Bresse, nada lhe comprei, mas ela deu-me muito. Basicamente, esta pessoa era uma apóstola do
ideal da Madre Veronica. Eu tinha o desejo de ver a fundadora das Vítimas. Em
1876 fui a Avenières. Foi aí também que vi pela primeira vez o Pe. Prévot. Conversamos
muito e repetidas vezes com a Madre. Conversamos sobre a obra dos padres-vítimas,
e eu dei o meu nome, determinado a deixar Autun, logo tivesse permissão.”
Em 1884, por
força das circunstâncias, o Pe. Charcosset obteve do Bispo de Autun dispensa
para entrar na Vida Religiosa. “Eu pensava da Companhia de Jesus, diz numa
carta de 15 de janeiro de 1912, mas não conseguia encontrar a paz nesta
decisão… Então fui a Lourdes com o Pe. Picard, onde rezámos à Virgem, mas mesmo
assim não se fez luz.”
Regressando a Charolles,
onde era Vigário, encontrou uma carta da Madre Maria José, que contava como o
Pe. Galley (primeiro discípulo da Madre Verónica e que se juntou aos Oblatos do
Coração de Jesus) ficara satisfeito por ter finalmente entrado no noviciado de
São Quintino e onde dizia que o aguardava. Sem hesitar, partiu para lá e chegou
a São Quintino a 8 dezembro de 1884. No Natal, o Pe. Charcosset foi
recebido noviço pelo Pe. Dehon.
Fez os primeiros
votos a 26 de dezembro de 1885 tomando o nome de Barnabé. Nos dois anos seguintes o Pe. Charcosset esteve na
vida ativa pregando missões e retiros nas paróquias e comunidades de São
Quintino.
Finalmente, na
Festa do Coração de Jesus, em 1887, foi enviado como capelão, para as fábricas
de Leão Harmel em Val-des-Bois. Custou-lhe muito sair de São Quintino, mas
obedeceu com devoção.
Sacerdote de
intensa vida interior, com onze anos de experiência paroquial, tendo fundado e
dirigido várias obras sociais, estava bem preparado para esta nova missão. Apesar
disso começou por estudar as questões sociais e a escrever vários artigos para
envolver outros sacerdotes nessa causa.
Em 1902 o Pe.
Charcosset foi escolhido para Assistente Geral do Pe. Dehon. Alegremente
aceitou esse serviço como expressão da sua vida da vítima, fazendo a vontade de
Deus. Durante uma visita a Sittard, em 1908, sentiu-se gravemente
doente. Imediatamente pensou preparar-se para a morte. Recebeu a santa
Unção “com uma calma que até se surpreendeu a si mesmo.” Foi só um
aviso. Ele nunca mais recuperou totalmente.
No final de 1912
foi em peregrinação a Roma. No regresso parou em Nice, na companhia de Leão
Harmel. Foi aí, a 29 de dezembro de 1912, que entregou a sua alma a Deus
depois de oferecer a sua vida "pela Congregação dos Sacerdotes do Coração
de Jesus e pelos operários de Val-des-Bois que tinham sido as suas grandes
paixões.” (Cf."O Pe. Dehon e a sua obra, Pe. Ducamp)
Nesse
dia o Pe. Dehon escreveu no seu diário:
“O
meu bom Assistente, o Pe. Bernabé Charcosset morreu em Nice. É uma grande perda
para a Congregação. Ele deixa-nos a reputação de um muito bom Padre, um homem
de Deus. Ele era um discípulo da Madre Verónica. Durante 25 anos foi capelão
dos operários em Val-des-Bois com um ministério muito frutuoso.”
Mais
tarde o mesmo Pe. Dehon propõe-no como exemplo a seguir:
“Meu
querido Pe. Alberto Bodin. Sê muito fiel… Eu desejo que se possa mais tarde
dizer de ti como se diz do P. Charcosset: Ele era um padre muito bom e um
religioso devoto, fez um bem enorme.” Os mais velhos
partem. Apressai-vos, vós os mais jovens, para serdes capazes de assumir a
tarefa de fazer mais e melhor do que nós. Mas acreditai que só a humildade
assegura e prepara as graças. Que todos sejam ferverosos. Eu vos
abençoo paternalmente João do coração de Jesus” (página
568 NQ5 nota 64).
O
seu nome aparece no Testamento Espiritual do Pe. Dehon escrito nos sombrios dias
da I Guerra Mundial:
“Enquanto
eu fundava a Congregação em São Quintino... as Irmãs Vítimas de
Namur preparavam alguns santos sacerdotes que vieram depois juntar-se a nós, como o
Rev. Pe. André, de santa memória, e o Pe. Charcosset, meu fiel
assistente.” (CF
31.12.1914 (?) Année 1914: Testament spirituel. Inventaire: 7.04 AD: B3/12 Cf.
Lettres Circulaires n. 407-421)
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