sábado, 23 de outubro de 2010

Sinceridade


Ano C - XXX Domingo Comum

Ao recomeçar as aulas de Educação Moral, fiquei surpreendido com o apreço que os meus alunos mostraram pela sinceridade – é um dos seus valores de eleição. Tive ocasião de, conjuntamente, recordar a etimologia deste termo:
Quando os romanos preparavam mármores imperfeitos, ponham cera nas frestas para disfarçar. Cera, em latim, diz-se como em português, de tal modo que se um bloco de mármore era perfeito, diziam que era sine cera, ou seja sem cera, pois não necessitada de nenhum disfarce ou artifício. Uma pessoa sincera é alguém que se mostra como é, sem nenhuma afectação.

É isto que me vem ao pensamento ao ler a parábola do fariseu e do publicano. E que ambos rezaram com toda a sinceridade.
O fariseu desfilou com todas as suas qualidades: sete! Perfeito até no número, sete é o número da perfeição. Ao fazer isto, estava a afirmar-se santo. E Jesus não disse que este mentia, logo devia mesmo fazer tudo aquilo.
O que o publicano falava também não era mentira, era de facto um pecador público.
Se ambos eram sinceros, qual então a diferença?
É que o fariseu não foi rezar, mas apenas elogiar-se, tentando receber aplausos de Deus. Isso não é oração. Na oração, o centro tem de ser Deus. Orar é olhar-se na direcção de Deus, é procurar enxergar-se segundo a óptica divina.
A sinceridade de um vangloriava-se, a do outro divinizava-se.

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