Ter espírito de humor é descobrir os aspectos brejeiros de uma coisa séria ou revelar os aspectos sérios de uma coisa brejeira.
Tomamos a liberdade de brincar com as palavras ou o pensamento do Pe. Dehon. Não será por falta de respeito da nossa parte, mas apenas para difundir, reflectir e aderir à mensagem que ele veiculou.
A seu exemplo queremos ser PROFETAS DO HUMOR E SERVIDORES DA RECREAÇÃO.
Depois de termos partilhado alguns exemplos genuínos do humor do Pe. Dehon, tentamos agora copiar esse modelo e aplicar o seu estilo através de algumas frases retiradas dos seus livros, cartas e outras referências.
1 -
- Meu caro Irmão, vejo-te tão triste. Que se passa contigo?
- Mon Très Bon Père, não presto mesmo para nada. Não tenho virtude nenhuma...
- Mas toda a gente sabe que és um religioso exemplar. Porque dizes que não tens virtude?
- É que sou um irmão, não sou padre. Nunca recebi o sacramento da Ordem e Mon Très Bon Père diz que onde não há ordem não há virtude. (DE 183)
2 –
- Mon Très Bon Père, eu acho que Deus não gosta de mim.
- Mas filho, isso é impossível. Deus gosta de todos. Como podes dizer o contrário?
- É que todos dizem que sou muito carrancudo. Como Vossa Reverência ensina que Deus não gosta de santos carrancudos, então Deus não gosta de mim.
- E quem é que te disse que és santo?
3 –
- A Educação não se faz com negações.
- Se é assim, neste momento, Mon Très Bon Père não está a educar pois isso é uma negação.
- Tu é que não estás a ser educado.
4 -
- As igrejas estão cada vez mais vazias. É preciso sair da igreja e ir ao povo.
- Sim, sim. Se o Padre sair da igreja, esta fica mais vazia pois não é saindo que se enche a igreja.
- Mas para entrar é preciso estar fora. (O Reino do Coração de Jesus, Abril 1895)
5 -
- Quando eu era seminarista em Roma, todos os dias fazia a via-sacra que era a minha recreação da tarde.
- Mon Très Bon Père, isso quer dizer que eu também posso brincar enquanto rezo?
- Não. Quer dizer que podes rezar enquanto brincas. (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869, Página 90)
6 -
- Mon Très Bon Père, Vossa Reverência viaja muito. Deve ser muito incómodo.
- Nem por isso. Tenho o costume de, durante as viagens, recitar com frequência o terço do rosário.
- Mas que boa ideia. Vou também viajar para poder rezar mais depressa.
7 -
- Eu procurava a união com Deus. Muitas vezes com tensão espiritual. Cheguei algumas vezes a sentir dor de cabeça de tanto esforço que fazia para viver plenamente nele.
- Mon Très Bon Père, também eu quero ser assim. Que devo fazer?
- Procura primeiro arranjar uma cabeça pois não se pode sentir aquilo que não se tem. (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869)
8 -
- Meu filho, nunca mais te vi rezar o Rosário. Que se passa?
- Mon Très Bon Père, eu estou a seguir os vossos conselhos. Então Vossa Reverência não diz que o Rosário é o livro dos que não sabem ler? Portanto já não é para mim.
- Estou a ver, estou a ver. De facto o Rosário está ao alcance de todas as inteligências. Para rezá-lo é preciso ter alguma inteligência... (ACJ 2, página 309)
9 -
- Meu filho, em vez de rezar o terço, porque andas a passear essa cruz de um lado para o outro?
- Mas Mon Très Bon Père, assim estou a rezar mais terços que os outros todos juntos.
- Mas como é isso, se não te vejo com as contas na mão?
- É que Vossa Reverência diz que uma cruz vale 500 rosários... (Carta ao Pe. Paris, 15/05/1913, Inv 300.03, AD: B20/7)
10 -
- Que ideia é a tua, caro confrade? Por que é que colocaste o poster do Coração de Jesus pregado no tecto do teu quarto?
- Estou a fazer aquilo que Mon Très Bon Père disse para fazer, pois o Coração de Jesus deve ser a estrela que nos deve guiar sempre… Ora as estrelas querem-se lá no alto… (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869)
11 -
- Mon Très Bon Père, durante as próximas férias, eu gostaria de fazer uma peregrinação até…
- Ó filho, incomodar-te tanto para quê? Faz como eu. Faz uma peregrinação espiritual ao escreveres a narração das viagens que já fizestes. (NHV, Volume II, Agosto 1864-Outubro 1865, página 112)
12 -
- Todos os Santos amaram o trabalho assíduo e santificado.
- Também eu, Mon Très Bon Père, também eu adoro o trabalho, pois sou capaz de ficar horas e horas a ver alguém a trabalhar sem me cansar nunca… (ACJ 1, Página 112)
13 -
- Mon Très Bon Père, eu preciso urgentemente fazer uma viagem de férias…
- Mas filho, o que aconteceu para teres assim tanta pressa?
- É para cumprir as ordens de Mon Très Bon Père que me disse: escutaste um pouco o tentador, é preciso agora que o mandes passear… (Carta ao Ir. Maurice-André Hospital, 26/07/1825, Inv 1165.45, AD: B108/1)
14 -
- Ainda agora amanheceu e tu já dizes que o dia está a declinar e que deves descansar?
- Então Mon Très Bon Père não diz que a celebração da missa é o acto culminante do dia? Como já celebrei a missa… o resto do dia não tem valor, é só declínio… (CF, 6 de Agosto de 1880)
15 -
- Então meu filho, esqueceste-te de me pagar o serviço que prestei, pregando o retiro no mês passado?
- Não esqueci não, Mon Très Bon Père. Agradeci e muito…
- Mas, meu filho, não basta agradecer.
- Então não foi Mon Très Bon Pére que disse que a gratidão das almas é também o salário do padre? (CS, Página 625)
16 -
- Que aconteceu, meu filho? Fizeste da Capela um ginásio? Por que passaste toda a oração da manhã a fazer flexões junto ao altar?
- Só fiz aquilo que Mon Très Bon Père aconselhou. Estava a fazer um exercício de santificação.
- Mas, meu filho, para isso não é preciso fazer flexões…
- Ai não? Então se a santidade não consiste em não cair nunca, mas em levantar-se tantas vezes quanto for necessário, isto só tem um nome: encher ou fazer flexões… (Carta ao escolástico Bodin, 24/12/1909, Inv 315.16, AD: B20/8.7)
17 -
- Mon Très Bon Père, os nossos sapatos perderam a sola e as nossas batinas estão rotas nas mangas.
O Très Bon Père olha para os seus sapatos e para a sua batina e com ar surpreso:
- Meu irmão, não sei o que pretendes. Os meus sapatos estão bem aprumados. Os teus é que estão a precisar de reforma.
- Pois é, mas Mon Très Bon Père sempre disse que a palavra ‘meu’ foi apagada do vocabulário de um religioso…
- E tenho a nossa razão… (CF, 12 de Novembro de 1879)
18 -
- Meu caro filho, por que é que caíste na mesma falta? Sabes que Deus castigar-te-á por isso?
- Deus já me castigou uma vez e por isso agora estou descansado…
- Como podes dizer isso, meu filho?
- Foi Mon Très Bon Père que me ensinou que Deus não castiga dias vezes a mesma falta… (CF, 22 de Fevereiro de 1880)
19 -
- Meu filho, a tua carta que me escreveste mostra bem que a tua alma tem falta de contenção e de calma… Não escrevas então durante as insónias. Nessa altura somos todos um pouco escaldantes e exagerados…
- Está bem, Mon très Bon Père. Durante as insónias, nada! Só rescreverei durante o sono… (Carta ao Pe. Falleur, 31/12/1884, Inv 335.02, AD: B20/14)
20 -
- Meu filho, por que é que dizes que não precisas de muito tempo para te preparares para a eternidade?
- Mon Très Bon Père disse-nos que a vida é curta e a eternidade é longa. Preparemo-nos então. Se esta vida é curta, a preparação deve ser curta porque esta vida não dá para mais… (Carta a um confrade, 02/03/1910, Inv 122.12, AD: B16/6bis.12)
21 -
- Meu filho, pedi-te um projecto de vida neste final de retiro para engrandeceres a tua alma e tu simplesmente propões-te ver uma passagem de modelos?
- Eu sigo apenas o seu conselho, pois Mon Très Bon Père ensinou-me que a vista do belo engrandece a alma… (NHV, Volume I, Março 1843-Maio 1864, Página 45)
22 -
- Meu filho, não percebo porque é que durante as orações passas o tempo todo escondido debaixo da toalha do altar. Que se passa?
- Foi Mon très Bon Père que me instigou a isso, pois sempre o ouvi dizer que devíamos desejar ser santos escondidos, santos só conhecidos por Deus e sem manifestações extraordinárias, mas todavia santos e santos verdadeiros. (Avisos e Conselhos in Apêndice DE, página 242)
23 -
- Meu filho, por que é que te recusas celebrar a eucaristia? Então não queres fazer-te santo?
- Mon Très Bon Père sempre me ensinou que é a Eucaristia que faz os santos. Não são os santos que fazem a eucaristia… ( NQ, 1886, Página 129)
24 -
- Mon Très Bon Père, eu gostava de ter uma aliança com a inscrição ECCE VENIO.
- Sim, meu filho. Acho bem, mas já agora podias escrever também ECCE ANCILLA…
- Para essa expressão eu tinha pensado pôr no brinquinho na minha orelha direita. Que acha, Mon Très Bon Père? (ACJ 1, Pág. 328)
25 -
- Meu filho, onde está a tua obediência? Ausentaste-te o dia todo sem teres pedido nem informado o teu superior? Que se passa contigo?
- Mon Très Bon Père, eu pedi autorização ao fundador e superior…
- Deve haver algum engano, pois a mim não me falaste.
- Mon Très Bon Père ensinou-nos que o Coração de Jesus é o nosso verdadeiro fundador e superior, então fui à Capela e pedi-Lhe autorização.
- Meu filho, e achas que Ele te autorizou?
- Eu acho que sim, pois quem cala consente… (CF, 14 de Maio de 1880)
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