quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Santo Afonso Maria


Memória de Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja, 1696-1787, fundador dos Redentoristas, mestre de Teologia Moral























Uma história:
“Lições de um mendigo - Durante muitos anos um padre pedira fervorosamente ao Senhor que lhe enviasse alguém que o instruísse na vida espiritual.
Um dia ouviu uma voz que lhe dizia:
- Dirige-te a tal igreja: lá encontrarás o que desejas. 
O Padre obedeceu e à porta da igreja indicada encontrou um mendigo, descalço, envolto em trapos, a quem saudou dizendo: 
- Bom dia, amigo. 
- Obrigado, Sr. - respondeu-lhe o mendigo - não me lembro, porém, de ter jamais tido um mau dia. 
- Pois então, conceda-lhe Deus uma vida feliz. 
- Nunca fui infeliz, graças a Deus. Ouça-me, Padre. Não foi sem razão que eu disse nunca ter tido um mau dia, pois, se tenho fome, louvo ao bom Deus; se chove ou neva, bendigo-O; se alguém me despreza, me despede, ou se tenho de suportar outros padecimentos, louvo por isso o Senhor. Disse também que nunca fui infeliz, o que é igualmente verdade, pois estou acostumado a querer incondicionalmente o que Deus quer. Tudo o que vem sobre mim, seja agradável ou desagradável, recebo com alegria de suas mãos como a coisa melhor para mim, e isso constitui a minha felicidade. 
- Mas se Deus quisesse condenar-te, o que dirias então? 
- Se Deus assim o quisesse, com humildade e amor prender-me-ia tão estreitamente a Ele que, precipitando-me ao inferno, arrastá-lo-ia comigo e junto dele achar-me-ia tão feliz no inferno como sem ele infeliz no Céu. 
- Onde encontraste a Deus? 
- Achei-o quando abandonei as criaturas. 
- Quem és tu? 
- Um rei. 
- Onde tens o teu reino? 
- No meu coração, onde reina a ordem, pois as minhas paixões obedecem à razão e a minha razão a Deus. 
- Como conseguiste tal perfeição? 
- Calando-me diante dos homens para me ocupar com o meu Salvador e conservando-me continuamente unido a Deus, em Quem encontro o meu descanso e toda a minha felicidade.
Assim, com a sua conformidade com a vontade de Deus, conseguira esse mendigo uma grande perfeição e apesar de sua pobreza sentia-se mais rico que todos os príncipes do mundo e, não obstante seus padecimentos, mais feliz que todos os mundanos na posse das alegrias terrestres.”
(Cf. Afonso de Ligório in 'A Escola da Perfeição Cristã')

Um pensamento:
“Quem quiser o fruto tem que ir à árvore. Quem quiser chegar a Jesus tem de procurar Maria, encontrar um é encontrar o outro.”
(Afonso Maria de Ligório)

Uma oração:
Ó Espírito Santo, divino Paráclito, Pai dos pobres, Consolar dos aflitos, santificador das almas, eis-me aqui, prostrado na tua presença. Adoro-te com a mais profunda submissão, e repito mil vezes com os serafins que estão diante do teu trono: Santo, Santo, Santo. Tu, que encheste de imensas graças a alma de Maria e inflamaste de santo zelo os corações dos apóstolos, digna-te também abrasar o meu coração com o teu amor.
Tu que és Espírito Divino, fortalece-me contra os maus espíritos; tu que és fogo, acende em mim o fogo do teu amor, tu que és luz, ilumina-me, faz-me conhecer as verdades eternas, tu que és pomba, dá-me costumes puros, tu que és sopro cheio de doçura, dissipa as tempestades que se levantam nas minhas paixões, tu que és nuvem, cobre-me com a sombra da tua proteção, enfim, tu que és o autor de todos os dons celestes…!
Peço-te, vivifica-me com a tua graça, santifica-me com a tua caridade, governa-me com a tua sabedoria, adota-me como teu filho pela tua bondade, e salva-me por tua infinita misericórdia, para que não cesse nunca de bendizer-te, louvar-te e amar-te, primeiro aqui na terra durante a minha vida e depois no céu durante toda a eternidade.
Ámen.
(CF. Afonso Maria de Ligório)

Ver também neste Quintal - 8 /5/2010:
Regra de vida sacerdotal
No início da sua carreira sacerdotal Afonso Maria de Ligório traçou para si as seguintes regras de conduta:
1. Sou sacerdote. Supera a minha dignidade a dos anjos. É, pois, minha obrigação viver angelicamente puro.
2. Deus digna-se obedecer-me. Muito mais, portanto, sou eu quem deve obedecer à sua voz, às sias inspirações da graça, à vontade dos meus superiores.
3. A santa Igreja prestou-me a maior honra; por minha vez devo eu honrá-la pela santidade da minha vida, por meu trabalho, por um combate indefeso contra o erro e a impiedade.
4. Ofereço Jesus ao Pai Celeste. Tenho, por conseguinte, que me revestir das Suas virtudes a fim de tratar dignamente este mistério de todos o mais sublime.
5. O Senhor me constituiu ministro de reconciliação, medianeiro entre Deus e os homens. Logo, tenho que perseverar na amizade de Deus a fim de tornar fecundo o seu ministério.
6. Os fiéis consideram-me exemplo das virtudes que devem praticar; é, pois, dever meu edificá-los constantemente e portar-me digna, prudente e seriamente, mas sem grossaria ou altivez.
7. O padre deve triunfar sobre o inferno, o mundo e a carne; razão por que devo corresponder à graça a fim de alcançar a vitória neste tremendo combate.
8. Os pecadores esperam de mim a sua conversão. Logo, tenho de me esforçar nesse sentido pelas minhas orações, exemplos, palavras e obras.
9. Na qualidade de sacerdote é meu dever odiar o respeito humano, a amizade mundana, a ambição e o interesse próprio, pois que essas coisas deslustram o sacerdócio e levam bastantes padres à perdição.
10. Recolhimento, zelo ardoroso, oração meditativa, virtude sólida, têm que constituir a minha ocupação diária, se eu quiser agradar a Deus.
11. Não me é lícito procurar coisa alguma a não ser a glória de Deus, a santificação da minha alma, a salvação do meu próximo. Tenho que me empenhar nisso incessantemente, mesmo à custa da minha vida.
12. Finalmente: sou sacerdote, quer dizer: obriga-me um dever de estado a ornar de virtudes as almas e a glorificar a Jesus, Sacerdote Eterno.

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