terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Natal (61)


Dia de conversões

No dia de aniversário do nascimento de Santa Teresinha do Menino Jesus, 2 de janeiro de 1873, recuperamos uma página do seu diário sobre o seu mais belo dia de Natal, o de 1886, dia da sua completa conversão.

Foi também nesse mesmo sábado, 25 de dezembro de 1886, o dia da conversão de Paul Claudel e o primeiro Natal cristão do Beato Carlos de Foucauld.

“Foi no dia 25 de dezembro de 1886 que recebi a graça da completa conversão – Regressámos da missa da meia-noite, em que eu tivera a felicidade de receber o deus forte e poderoso. Ao chegar aos Buissonnets, regozijava-me por ir buscar os meus sapatos à chaminé. Aquele antigo costume causara-nos tanta alegria na nossa infância, que a Celina queria continuar a tratar-me como um bebé, já que eu era a mais nova da família… O Papá gostava de ver a minha felicidade, de ouvi os meus gritos de alegria, ao tirar cada surpresa dos sapatos encantados, e a satisfação do meu rei aumentava muito a minha felicidade. Mas Jesus, querendo mostrar-me que media desfazer dos defeitos da infância, tirou-me também as alegrias inocentes. Permitiu que o Papá, fatigado da missa da meia-noite, ficasse aborrecido ao ver os meus sapatos na chaminé e dissesse estas palavras que me cortaram o coração: Enfim, ainda bem que é o último ano!... Nesse momento eu subia as escadas para ir tirar o chapéu. A Celina, conhecendo a minha sensibilidade e vendo as lágrimas a brilharem-me nos olhos, teve também vontade de chorar, pois amava-me muito e compreendia o meu desgosto: - Ó Teresa, disse-me ela, não desças já; sofrerias imenso se fosses agora ver os teus sapatos. Mas a Teresa já mão era a mesma; Jesus tinha-lhe mudado o coração! Retendo as lágrimas, desci rapidamente as escadas e, reprimindo as palpitações do coração, peguei nos sapatos e, colocando-os diante do papá. Tirei alegremente todos os objetos, mostrando-me feliz como uma rainha. O Papá, tendo recuperado também o bom humor, ria-se; a Celina julgava estar a sonhas… Felizmente era uma doce realidade: a Teresinha tinha reencontrado a força da alma, que perdera aos quatro nos e meios, e havia de conservá-la para sempre!... Nessa noite de luz começou o terceiro período da minha vida, o mais belo de todos, o mais repleto das graças do Céu… Eu era verdadeiramente insuportável, pela minha excessiva sensibilidade. Assim, se me acontecia causar involuntariamente algum pequeno desgosto a alguém de quem gostava, em vez de levantar a cabeça e de não chorar, chorava como uma Madalena, o que aumentava a minha falta, em vez de a diminuir; e quando começava a consolar-me pelo facto em si mesmo, chorava por ter chorado…Todos os argumentos eram inúteis, e não conseguia corrigir-me desse reles defeito. Não sei como acalentava o doce pensamento de entrar para o Carmelo, estando ainda nas fraldas da infância… Foi preciso Deus fazer um pequeno milagre para me fazer crescer num instante, e esse milagre fê-lo no dia inesquecível de Natal… Nessa noite em que Ele se fez fraco e sofredor por meu amor, tornou-me forte e corajosa…”


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