quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A sogra de Pedro


4ª feira – I semana comum

Duas reflexões sobre o trecho do evangelho de hoje.

Jesus INCLINOU-SE
Chegando junto ao leito da sogra de Pedro Jesus inclinou-se, tomou-a pela mão e levantou-a… (assim refere o evangelista Lucas, o médico, especialista no trato dos doentes e repetido por Mateus e por Marcos, o evangelista deste ano B…)
Inclinou-se, isto é, fez-se pequeno como ela, concentrou toda a sua atenção na sua pequenez, no seu sofrer, na sua situação. Pôs a pessoa em primeiro lugar. Enfim, parece uma imposição das mãos, aliás, não só das mãos, mas imposição do corpo todo…
Tomou-a pela mão, isto é, tomou-lhe o pulso, como que para medir as pulsações (como fazemos hoje). Jesus mostrou-lhe que sofria com ela e que ela podia erguer-se com ele.
E levantou-a, isto é, devolveu-lhe a dignidade, a sua condição humana, a sua estatura de ser novo, pois passou a ter uma nova vocação – passou a estar ao serviço da comunidade de Jesus.
O mesmo Senhor também inclina-se sobre cada um de nós, também toma o nosso pulso e ajuda a levantar-nos…


Ela COMEÇOU a servir
Em nenhuma parte dos evangelhos se fala nem da mulher nem dos possíveis filhos de Pedro, mas apenas da sua sogra.
Porquê?
Se em vez da sogra se se tratasse da mulher ou dos filhos de Pedro, o episódio poderia ser interpretado como protecionismo, nepotismo ou outros proveitos próprios.
Tratando-se da cura da sogra, ninguém fala de aproveitamento próprio.
O objetivo desta cena é mais lato.
Logo que foi curada ela COMEÇOU a servi-los.
Esta ação, ‘começou’, não diz respeito apenas àquela ocasião, mas sim a uma atitude permanente a partir desse momento.
Ela começou a servir e nunca mais parou.
De facto, muitas mulheres acompanhavam Jesus e os seus discípulos servindo-os com os seus bens…
E com certeza, que estes bens que punham ao serviço da pequena comunidade de Jesus abrangiam muito mais do que os bens materiais e os serviços temporais, mas também os espirituais, morais, solidários e pastorais, tantas outras capacidades e atenções tipicamente femininas como delicadeza, zelo pela apresentação, ternura, mediações, conselhos, sugestões, apresentações, lembranças, memória, presença e sensibilidades complementares…
Podemos concluir que este episódio é o começo da vocação ou da participação de uma mulher ao serviço do projeto de Jesus.
Aliás, unicamente entre as mulheres não teve inimigos Jesus.
Que o serviço seja a nossa atitude permanente… pois “quem não vive para servir não serve para viver:”



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