O Pe. Dehon e o Natal
O Natal e o Pe. Dehon
“Os
dias de Natal sempre me trouxeram uma chuva de graças”, assim escreveu o Pe.
Dehon no seu diário (cf. NQ 35). E foi mais preciso na sua justificação: “As
maiores graças da minha vida, a minha vocação e as minhas ordenações datem do
Natal. Assim eu gosto profundamente deste mistério de paz, de amor e de
imolação. O tempo de Natal é um tempo de nascimento de vocações… Fui ordenado padre
a 19 de dezembro, celebrei a Primeira Missa a 20. Instituido sub-diácono a 21,
recebi a Tonsura a 22, as duas ordens menores a 23, a vocação a 25; Festa de
são João a 27 e o grande incêndio do Colégio a 29…”
Os natais mais significativos do Pe. Dehon:
Natal
de 1855 – aos 12 anos, estudante no Colégio de Hazebrouk. Na missa da meia-noite,
na capela dos Franciscanos, estando de serviço ao altar como acólito – “senti
que o Senhor me pedia uma entrega total, que me reclamava para Ele.” Nessa
noite de Natal nasceu a sua vocação sacerdotal.
Natal
de 1866 – aos 23 anos, seminarista em Roma, recebeu a Tonsura e as ordens
menores.
Natal
de 1867 – em Roma recebeu o sub-diaconado a 21 de dezembro.
Natal
de 1868 – aos 25 anos, ordenado Padre a 19 de Dezembro, celebrou as suas
primeiras três missas no Natal com os pais na capela do Semiário Francês, em Roma.
No dia de Natal o pai, até então um pouco afastado da prática religiosa,
recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Papa Pio IX. O Pe. Dehon viu nisso uma
graça especial de Deus na sua vida.
Natal
de 1869 – Em Roma, fazendo parte do gupo dos estenógrafos do Concílio Vaticano
I.
Natal
de 1871 – aos 28 anos, como novo vigário de São Quintino, fez o seu primeiro
sermão no dia de Natal. “Foi um sermão social… Produziu um efeito profundo pelo
menos numa pessoa, pois agradecida pela sua conversão nesse dia, passou a
oferecer cada ano um cabaz de natal e um belo donativo para as minhas obras”.
Natal
de 1873 – “Nós temos um presépio muito bem ornamentado” no Patronato em São
Quintino onde foi cantada a missa da meia-noite.
Natal
de 1876 – em São Quintino, recém-nomeado Cónego Honorário da Diocese de
Soissons.
Natal
de 1878 – aos 35 anos, já como Religioso e Fundador, celebrou o primeiro Natal
no Colégio São João.
Natal
de 1883 – aos 40 anos em São Quintino o Natal do Consumatum est. No dia de Natal escreveu uma carta ao Bispo de
Soissons sobre a suspensão da Congregação pela Santa Sé no princípio desse mês.
“Eu só posso dizer o meu Fiat! Farei tudo o que Vossa Excia. Reverendíssima me
ordenar em nome da Santa Igreja e quando ela quiser.”
Natal
de 1886 – Natal em Roma.
Natal
de 1888 – Natal no Colégio São João e no Convento das Irmãs.
Natal
de 1895 – Natal en Namur, Bélgica, onde pregou um retiro paroquial.
Natal
de 1897 – Natal em Roma, preparando as Conferências Sociais de Janeiro.
Natal
de 1898 – Natal em Nimes, França, onde pregou um retiro a religiosas.
Natal
de 1899 – Natal em Roma onde participou na abertura do Ano Jubilar.
Natal
de 1900 – Natal em Roma. No dia 25 participou na clausura da Porta Santa do Ano
Jubilar.
Natal
de 1901 – Natal em Roma. No dia 25 foi recebido pelo Papa Leão XIII que lhe renovou
o pedido, de há 20 anos antes, de pregar as suas encíclicas.
Natal
de 1906 – Natal em Santos, no Brasil. Celebrou na Igreja do Carmo.
Natal
de 1910 – Aos 67 anos, Natal em Bogor, Indonésia, durante a sua viagem à volta
do mundo. Celebrou as três missas de Natal na Capela das Irmãs Urselinas.
Natal
de 1911 – Natal em Albino, Itália, a caminho de Roma.
Natal
de 1912 – Natal de Paz em São Quintino. Escreveu um bilhete de reconciliação ao
confrade Pe. Kusters na noite de Natal: “Meu caro amigo. Tenho pena do frio que
existe entre nós os dois. Diante do presépio esqueçamos todos os nossos
desentendimentos. Não tenho nada contra vós…”
Natal
de 1914 – Aos 71 anos, Natal em tempo de guerra, em São Quintino ocupada pelos
Alemães. “Celebrei a missa da meia-noite na nossa capela. Ninguém mais esteve
presente para além do pessoal da casa. Os alemães que ocupam a cidade de São
Quintino celebraram o Natal nas nossas igrejas ornamentando-as com coelhos,
segundo seu costume.” Nos dois anos seguintes da I Guerra Mundial, celebrou o
Natal em São Quintino, antes de ser deportado para a Bélgica em março de 1917.
Natal
de 1917 – Natal em Paris, a caminho de Roma.
Natal
de 1918 – Natal em Roma. No dia 25 foi recebido pelo Papa Bento XV que lhe
ofereceu uma medalha pelos 50 anos de ordenação sacerdotal.
Natal
de 1924 – Último Natal, Bruxelas, Bélgica, aos 81 anos. Escreveu ao Pe. Paris:
“Caro Padre, Boas festas de Natal e de novo ano…. Eu tenho 56 anos de
sacerdócio e já celebrei por volta de 20.000 missas. Ajudai-me a reparar e a
agradecer…”
Conclusão
O
Natal do Pe. Dehon foi plurifacetado. Foi Natal de graças, de lágrimas, de
bênçãos, de guerra e de paz. Foi Natal de vocação, de cruz, de Consumatum est,
de Ordenações, comemorações, viagens e retiros. Foi Natal de cá e de lá,
caseiro e universal, da Europa, América e Ásia. Natal de perdão, de louvor e
gratidão. Foi uma “chuva de bênçãos…”
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