O Pe. Dehon leu, meditou e escreveu sobre a espiritualidade
e o caminho de santidade de Teresinha do Menino Jesus, canonizada por Pio IX a 17 de
Maio de 1925. Daí a 3 meses morreria o Pe. Dehon, escrevendo as últimas
referências à Santa Francesa em Abril desse ano. Mas podemos constatar que
houve várias coincidências a nível de experiências, escritos, mensagens,
palavras e espiritualidade. Para já, podemos indicar as cinco primeiras
coincidências destas duas almas santas.
1 – O mesmo beijo
Santa Teresinha do Menino
Jesus:
“Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!…
Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: Eu amo-vos! Dou-me
a Vós para sempre! Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifícios. Desde há
muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido…
Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão. Já não eram dois: a Teresa
desaparecera como a gota de água que se perde no oceano. Só ficava Jesus, como
dono, como Rei.” (Manuscrito A, Janeiro de 1895,
acerca da sua primeira comunhão no dia 8/5/1884, publicado na História de uma
Alma, 30/09/1898)
Pe. Dehon:
“O dever chama-nos ainda, porque aí (na igreja paroquial da nossa terra natal) recebemos de Deus graças e benefícios: a fé, o nome de cristão e esse primeiro beijo de amor que Deus nos dá na Primeira Comunhão e que Ele renova depois com a ternura de mãe. (Pregação na sua primeira missa em La Capelle, a
19/7/1869, cf NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro 1869, Pág. 239)
2 – A mesma vocação
Santa Teresinha do Menino
Jesus:
“Estes três privilégios são
realmente a minha vocação: Carmelita, Esposa e Mãe. No entanto, sinto em mim
outras vocações, sinto a vocação de
Guerreiro, de Sacerdote, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir; enfim, sinto a
necessidade, o desejo de fazer por Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas…
Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício, quereria
morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja… Sinto em mim a vocação de
Sacerdote. Com que amor, ó Jesus, Te seguraria nas minhas mãos quando, à minha
voz, descesses do Céu… Como eu amor Te daria às almas!... Mas, ai de mim!
Desejando ser Sacerdote, admiro e invejo a humildade de S. Francisco de Assis,
e sinto a vocação de o imitar a sublime dignidade do Sacerdócio. Ah! Apesar da
minha pequenez, quereria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores.
Tenho a vocação de ser Apóstolo… Quereria percorrer a terra, pregar o teu nome,
implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-amado!, uma missão
só não me bastaria. Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco
partes do mundo, e até nas ilhas longínquas… Quereria ser Missionário, não
apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a criação do mundo,
até à consumação dos séculos… Mas quereria, sobretudo, ó meu Bem-amado
Salvador, quereria derramar o meu sangue por Ti, até à última gota… O Martírio!
Eis o sonho da minha juventude. Este sonho cresceu comigo sob os claustros do
Carmelo… Mas também nisso, sinto que o meu sonho é uma loucura, pois não
saberia limitar-me a desejar um género de martírio… Para me satisfazer,
ser-me-iam precisos todos… (Manuscrito B – 8 de setembro de 1896)
Pe. Dehon:
“Desejei desde a minha juventude ser missionário e mártir:
missionário, sou pelos meus mais de cem padres nos quatro cantos do mundo;
mártir, eu fui pelas grandes cruzes de 1878-1884, até ao Consummatum est. Nosso
Senhor tinha aceite o meu voto de vítima de 28 de Junho de 1878. (Carta à Madre
Maria Inácia, 08/12/1924, Inv. 231.64, AD: B19/2.1) “O ideal da minha vida, o
voto que eu formulava com lágrimas na minha juventude, era ser missionário e
mártir. Parece-me que este voto se concretizou. Sou missionário por meio da
centena de missionários ou mais que enviei a todas as partes do mundo. Sou
mártir pela consequência que Nosso Senhor deu do meu voto de vítima, sobretudo
de 1878 a 1882; por todas as espoliações e aniquilamentos até ao Consummatum
est; por todos os jorros de sangue perdidos em diversas ocasiões.” (NQ, 2 de Janeiro de 1925)
3 – O mesmo amor
Santa Teresinha do Menino
Jesus:
Diz o salmista: corri pelo
caminho dos vossos mandamentos, desde que dilatastes
o meu coração.” (Sl 118, 32). Só a caridade me pode dilatar o coração. (Manuscrito C, Junho de 1897)
Pe. Dehon:
“Nada dilata o coração como o amor.… O amor de Deus torna grande o
coração do homem. (A Vida de Amor para com o
Coração de Jesus, 1901, in II Volume das Obras Espirituais de Leão Dehon,
Edizione CEDAS Pág 27; 121)
4 – O mesmo sonho
Santa Teresinha do Menino
Jesus:
“Num transporte de alegria
delirante, exclamei: Ó Jesus, meu Amor! Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor!... Sim,
encontrei o meu lugar na greja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo
destes… No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor… Assim serei tudo…
assim o meu sonho será realizado!!!...” (Manuscrito
B, setembro de 1896)
Pe. Dehon:
“Os primeiros dias foram
absorvidos pelo retiro. Era pregado pelo assistente Geral dos Jesuítas. Ele
deu-nos os exercícios de Santo Inácio. Saboreei profundamente esses exercícios.
Diz Santo Inácio: O homem foi criado para louvar, honrar e servir a Deus e por
esses meios salvar a sua alma.” Eu não sou capaz de ficar-me nisto e o meu coração diz-me logo que o homem foi
criado sobretudo para amar a Deus. Não é este o fim principal que Deus
tinha em vista?” (Final outubro 1865, retiro de
início do 1º ano no Seminário Francês em Roma, NHV volume III, outubro 1865 –
outubro 1869)
5 – O mesmo método
Santa Teresinha do Menino
Jesus:
“Seis dias se passaram a visitar
as principais maravilhas de Roma, e foi no sétimo que vi a maior de todas: Leão
XIII… santíssimo Padre, - disse-lhe – em
honra do vosso jubileu, permiti-me entrar para o Carmelo aos 15 anos!...” (Manuscrito A relatando a audiência papal a 20/11/1887)
Pe. Dehon:
“Dez dias em Roma deixaram-me
profundas recordações e nela recebi grandes graças…Mas a melhor das alegrias
foi ver Pio IX, a bondade unida à santidade… Falei-lhe da minha peregrinação,
da minha indecisão sobre os lugares dos eus estudos. Aconselhou-me o Seminário francês de Roma. A sua decisão estava
conforme às minhas atracções… A minha vocação estava decidida, era a coroação
da minha viagem. (NHV, volume II, relatando a
audiência papal 14-25 de Junho de 1865)
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