terça-feira, 1 de outubro de 2013

Teresa de Lisieux e Leão Dehon


O Pe. Dehon leu, meditou e escreveu sobre a espiritualidade e o caminho de santidade de Teresinha do Menino Jesus, canonizada por Pio IX a 17 de Maio de 1925. Daí a 3 meses morreria o Pe. Dehon, escrevendo as últimas referências à Santa Francesa em Abril desse ano. Mas podemos constatar que houve várias coincidências a nível de experiências, escritos, mensagens, palavras e espiritualidade. Para já, podemos indicar as cinco primeiras coincidências destas duas almas santas.

1 – O mesmo beijo
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!… Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: Eu amo-vos! Dou-me a Vós para sempre! Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifícios. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido… Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão. Já não eram dois: a Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano. Só ficava Jesus, como dono, como Rei.” (Manuscrito A, Janeiro de 1895, acerca da sua primeira comunhão no dia 8/5/1884, publicado na História de uma Alma, 30/09/1898)
Pe. Dehon:
“O dever chama-nos ainda, porque aí (na igreja paroquial da nossa terra natal) recebemos de Deus graças e benefícios: a fé, o nome de cristão e esse primeiro beijo de amor que Deus nos dá na Primeira Comunhão e que Ele renova depois com a ternura de mãe. (Pregação na sua primeira missa em La Capelle, a 19/7/1869, cf NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro 1869, Pág. 239)

2 – A mesma vocação
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Estes três privilégios são realmente a minha vocação: Carmelita, Esposa e Mãe. No entanto, sinto em mim outras vocações, sinto a vocação de Guerreiro, de Sacerdote, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir; enfim, sinto a necessidade, o desejo de fazer por Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício, quereria morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja… Sinto em mim a vocação de Sacerdote. Com que amor, ó Jesus, Te seguraria nas minhas mãos quando, à minha voz, descesses do Céu… Como eu amor Te daria às almas!... Mas, ai de mim! Desejando ser Sacerdote, admiro e invejo a humildade de S. Francisco de Assis, e sinto a vocação de o imitar a sublime dignidade do Sacerdócio. Ah! Apesar da minha pequenez, quereria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores. Tenho a vocação de ser Apóstolo… Quereria percorrer a terra, pregar o teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-amado!, uma missão só não me bastaria. Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo, e até nas ilhas longínquas… Quereria ser Missionário, não apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a criação do mundo, até à consumação dos séculos… Mas quereria, sobretudo, ó meu Bem-amado Salvador, quereria derramar o meu sangue por Ti, até à última gota… O Martírio! Eis o sonho da minha juventude. Este sonho cresceu comigo sob os claustros do Carmelo… Mas também nisso, sinto que o meu sonho é uma loucura, pois não saberia limitar-me a desejar um género de martírio… Para me satisfazer, ser-me-iam precisos todos… (Manuscrito B – 8 de setembro de 1896)
Pe. Dehon:
Desejei desde a minha juventude ser missionário e mártir: missionário, sou pelos meus mais de cem padres nos quatro cantos do mundo; mártir, eu fui pelas grandes cruzes de 1878-1884, até ao Consummatum est. Nosso Senhor tinha aceite o meu voto de vítima de 28 de Junho de 1878. (Carta à Madre Maria Inácia, 08/12/1924, Inv. 231.64, AD: B19/2.1) “O ideal da minha vida, o voto que eu formulava com lágrimas na minha juventude, era ser missionário e mártir. Parece-me que este voto se concretizou. Sou missionário por meio da centena de missionários ou mais que enviei a todas as partes do mundo. Sou mártir pela consequência que Nosso Senhor deu do meu voto de vítima, sobretudo de 1878 a 1882; por todas as espoliações e aniquilamentos até ao Consummatum est; por todos os jorros de sangue perdidos em diversas ocasiões.” (NQ, 2 de Janeiro de 1925)

3 – O mesmo amor
Santa Teresinha do Menino Jesus:
Diz o salmista: corri pelo caminho dos vossos mandamentos, desde que dilatastes o meu coração.” (Sl 118, 32). Só a caridade me pode dilatar o coração. (Manuscrito C, Junho de 1897)
Pe. Dehon:
Nada dilata o coração como o amor.… O amor de Deus torna grande o coração do homem. (A Vida de Amor para com o Coração de Jesus, 1901, in II Volume das Obras Espirituais de Leão Dehon, Edizione CEDAS  Pág 27; 121)

4 – O mesmo sonho
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Num transporte de alegria delirante, exclamei: Ó Jesus, meu Amor! Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor!... Sim, encontrei o meu lugar na greja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes… No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor… Assim serei tudo… assim o meu sonho será realizado!!!...” (Manuscrito B, setembro de 1896)
Pe. Dehon:
“Os primeiros dias foram absorvidos pelo retiro. Era pregado pelo assistente Geral dos Jesuítas. Ele deu-nos os exercícios de Santo Inácio. Saboreei profundamente esses exercícios. Diz Santo Inácio: O homem foi criado para louvar, honrar e servir a Deus e por esses meios salvar a sua alma.” Eu não sou capaz de ficar-me nisto e o meu coração diz-me logo que o homem foi criado sobretudo para amar a Deus. Não é este o fim principal que Deus tinha em vista?” (Final outubro 1865, retiro de início do 1º ano no Seminário Francês em Roma, NHV volume III, outubro 1865 – outubro 1869)

5 – O mesmo método
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Seis dias se passaram a visitar as principais maravilhas de Roma, e foi no sétimo que vi a maior de todas: Leão XIII… santíssimo Padre, - disse-lhe – em honra do vosso jubileu, permiti-me entrar para o Carmelo aos 15 anos!...” (Manuscrito A relatando a audiência papal a 20/11/1887)
Pe. Dehon:
“Dez dias em Roma deixaram-me profundas recordações e nela recebi grandes graças…Mas a melhor das alegrias foi ver Pio IX, a bondade unida à santidade… Falei-lhe da minha peregrinação, da minha indecisão sobre os lugares dos eus estudos. Aconselhou-me o Seminário francês de Roma. A sua decisão estava conforme às minhas atracções… A minha vocação estava decidida, era a coroação da minha viagem. (NHV, volume II, relatando a audiência papal 14-25 de Junho de 1865)

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