Memória de Santa Teresinha do Menino Jesus
"Bem
sabeis, minha Madre, que sempre desejei
ser santa.
Mas,
ai de mim! sempre verifiquei, ao comparar-me com os Santos, que há entre eles e
eu a mesma diferença que existe entre uma montanha, cujo cume se perde nos
céus, e o obscuro grão de areia pisado pelos pés dos caminhantes.
Em
vez de desanimar, disse para comigo: Deus
não pode inspirar desejos irrealizáveis.
Posso,
portanto, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade.
Fazer-me
crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas
as minhas imperfeiçoes.
Mas
quero procurar a maneira de ir para o céu por um caminhito muito direito, muito
curto; um caminhito completamente novo.
Estamos
num século de invenções. Agora já não se tem a maçada de subir os degraus de
uma escada; em casa dos ricos o ascensor substitui-a vantajosamente.
Eu queria também encontrar
um ascensor que me levasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a
rude escada da perfeição.
Então,
procurei nos Livros Sagrados a indicação do ascensor, objeto do seu desejo, e
li estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna: Se alguém for pequenino,
venha a mim.
Então
aproximei-me, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e querendo
saber, ó meu Deus! O que faríeis ao pequenino que respondesse ao vosso apelo.
Continuei
as minhas buscas, e eis o que encontrei: - Como uma mãe acaricia o seu filho,
assim Eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus
joelhos!
Ah!
Nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma!
O ascensor que me há-de
elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho
necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e
que me torne cada vez mais pequena…"
(Teresinha do Menino Jesus ou da Santa Face, Manuscrito
C, 23 de Maio de 1897)
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