Parece-me que foi hoje, pelo menos que eu saiba, que o Santo
Padre Francisco falou abertamente como Papa dos 50 anos do Concílio Vaticano
II. Foi na homilia da missa celebrada hoje, 16 de abril, na capela de
residência Santa Marta:
“…Há resistência na Igreja à ação do Espírito Santo…
Não queremos mudar. Mais: há vozes que querem voltar atrás em
relação ao Concílio…
O Concílio foi uma bela obra do Espírito, mas 50 anos depois é
preciso que a Igreja se questione.
Fizemos tudo o que nos disse o Espírito Santo no Concílio,
naquela continuidade do crescimento da Igreja que ele foi? Não!...
Este problema deriva do facto de haver pessoas teimosas que
querem domesticar a ação do Espírito.
O Espírito Santo incomoda e faz a Igreja seguir em frente.
Não colocar resistência ao Espírito Santo: É esta a graça que eu
gostaria que todos nós pedíssemos ao Senhor, a docilidade ao Espírito Santo, a
esse Espírito que vem até nós e nos faz seguir pela estrada da santidade…”
Até
hoje parecia-me haver um silêncio papal de palavras e não silêncio da mensagem
do Vaticano II. De facto o Papa Francisco falou eloquentemente da doutrina do
Concílio não através de discursos, mas através de gestos: dando centralidade ao
povo de Deus (Este deu primeiro a bênção ao Papa. Só depois ele a deu ao povo),
ativando a colegialidade, apresentando-se simplesmente como bispo que Roma que
preside à unidade, assumindo a condição de uma Igreja pobre ao serviço dos
pobres, de servos simples e humildes (igreja de avental a lavar os pés).
As palavras de
hoje são apenas um complemento dos gestos já afirmados.
É tempo de
descongelar o Concílio, não para abrir feridas, separações ou catálogos, mas
para unir.
Aliás, tenho
para mim que se o Papa Francisco evitou falar do Concílio foi para não dar
oportunidade de ninguém desqualificar os seus contrários. É que há quem queira
reivindicar a sua aplicação e há quem queira descativá-la. Mais uma vez o Papa
está para unir e somar e não para dividir.
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