domingo, 2 de novembro de 2025

Adormecer cá e acordar além


Comemoração de todos os fiéis defuntos

Adormecer em Cristo

Um menino dizia aos colegas da escola:

- Eu não quero morrer, não, porque morrer deve ser a pior coisa do mundo. Quando uma pessoa morre, colocam dentro de um caixão, tapam e põem debaixo da terra.

- Eu ouvi dizer que quando a gente morre, se tivermos sido bonzinhos, vamos para o céu.

- Não vai, não, rapaz. Depois de morto como é que podemos ir para o céu?

Então um miúdo mais filósofo começou por perguntar:

- Alguma vez já adormeceste no sofá?

- Sim, já.

- Quando acordaste no dia seguinte ainda estavas no sofá?

- Não, estava na minha cama.

- Como é que podes ter ido para a cama se estavas dormindo?

- Ah, o meu pai ou a minha mãe pegaram em mim dormindo e me levaram ao colo para o quarto.

- Então não compreendes que na morte é a mesma coisa? Jesus ensina que quando morremos ficamos naquele caixão a dormir. Enquanto isso o Pai vem, pega-nos ao colo e nos põe no céu.

De facto, adormecemos neste mundo para acordarmos no céu.

É assim que a liturgia chama aos defuntos – os que adormeceram em Cristo.

A morte é o começo da eternidade.

 

Á margem 1

A morte é mestra da vida. Os tolos evitam pensar na morte, parece-lhes que escaparão dela se não pensarem nela. Os sábios dos tempos antigos consideravam a morte como a sua melhor amiga. A morte é o fim do ser terrestre. A alma não perece.

São Silvestre dizia para um morto:

- O que eu sou, tu eras. O que tu és, eu serei.

A morte é o começo da eternidade. Adormecer na terra e acordar no céu. O pensamento da morte serve para nos proteger dos erros mais perigosos. Lembrai-vos do que vem depois faz-nos evitar pecar. Ut moriens viveret, vixit ut morituros.

 

À margem 2

Anne Frank dizia que os mortos recebiam mais flores do que os vivos porque o remorso era mais forte que a gratidão.

Que cada flor seja uma oração por aqueles que amamos.

E cada oração seja uma flor junto aos que vivem na eternidade.

 

À margem 3

O corpo sem alma está morto e a alma sem Deus está morta. Todo o homem que não tem Deus tem a alma morta. Se choras um morto, chora antes um pecador, um ímpio, um infiel. Está escrito (Ecl 22, 13) O luto de um morto é sete dias; o luto de um insensato e de um ímpio é todos os dias da sua vida. (Santo Agostinho)

 

À margem 4

Comemoração dos fiéis defuntos.

Quem são os fiéis?

São os defuntos ou são os celebrantes?

Para contentar a todos dizemos que fiéis devem ser os dois, isto é, todos os fiéis.

Mas é sobretudo nós que celebramos.

Devemos ser fiéis, isto é, continuar a celebrar os defuntos, rezar por eles e com eles, não só neste dia, mas sempre.

 

À margem 5

Jorge de Sena, que curiosamente nasceu no Dia de Finados, dizia que a morte é quela de que nos livramos no enterro dos outros.

Que morte tememos mais, a nossa ou a dos outros?

 

À margem 6

Oração pelos fiéis defuntos

 

Senhor Deus de Misericórdia e amor,

neste mês de novembro,

em que a Igreja recorda com especial carinho

todos os fiéis defuntos,

vimos diante de Vós com coração humilde e grato.

 

Lembrai-vos, Senhor dos nossos familiares, amigos e benfeitores,

e de todos aqueles que já partiram deste mundo

marcados com o sinal da esperança.

 

Concedei-lhes o descanso eterno, 

e fazei brilhar para eles a luz da Vossa presença.

Que a sua confiança em Vós não tenha sido em vão,

e que, purificados pelo Vosso amor,

possam contemplar para sempre o Vosso rosto glorioso no Céu.

 

Dai também a nós,

que ainda peregrinamos nesta vida,

a graça de vivermos com fé, esperança e caridade,

Para que um dia nos reencontremos na alegria da vossa casa.

 

Por Cristo, Nosso Senhor,

Ámen.

 

Ver também:

Rezando com os defuntos

A Páscoa em novembro

Aprender com os defuntos

Desafios para novembro

Que seja pelas almas

A canção do dia

Memória e esperança

Celebrar óbito

Mútua intercessão

Saudade sim, tristeza não

Dia de Finados

Rezando com os defuntos

 

Sem comentários: