Comemoração de todos os fiéis defuntos
Adormecer em Cristo
Um menino dizia aos colegas da escola:
- Eu não quero morrer, não, porque morrer deve ser a pior coisa do mundo.
Quando uma pessoa morre, colocam dentro de um caixão, tapam e põem debaixo da
terra.
- Eu ouvi dizer que quando a gente morre, se tivermos sido bonzinhos, vamos
para o céu.
- Não vai, não, rapaz. Depois de morto como é que podemos ir para o céu?
Então um miúdo mais filósofo começou por perguntar:
- Alguma vez já adormeceste no sofá?
- Sim, já.
- Quando acordaste no dia seguinte ainda estavas no sofá?
- Não, estava na minha cama.
- Como é que podes ter ido para a cama se estavas dormindo?
- Ah, o meu pai ou a minha mãe pegaram em mim dormindo e me levaram ao colo
para o quarto.
- Então não compreendes que na morte é a mesma coisa? Jesus ensina que
quando morremos ficamos naquele caixão a dormir. Enquanto isso o Pai vem,
pega-nos ao colo e nos põe no céu.
De facto, adormecemos neste mundo para acordarmos no céu.
É assim que a liturgia chama aos defuntos – os que adormeceram em Cristo.
A morte é o começo da eternidade.
Á margem 1
A morte é mestra da vida. Os tolos evitam pensar na
morte, parece-lhes que escaparão dela se não pensarem nela. Os sábios dos
tempos antigos consideravam a morte como a sua melhor amiga. A morte é o fim do
ser terrestre. A alma não perece.
São Silvestre dizia para um morto:
- O que eu sou, tu eras. O que tu és, eu serei.
A morte é o começo da eternidade. Adormecer na terra e
acordar no céu. O pensamento da morte serve para nos proteger dos erros mais
perigosos. Lembrai-vos do que vem depois faz-nos evitar pecar. Ut moriens
viveret, vixit ut morituros.
À margem 2
Anne Frank dizia que os mortos recebiam mais flores do
que os vivos porque o remorso era mais forte que a gratidão.
Que cada flor seja uma oração por aqueles que amamos.
E cada oração seja uma flor junto aos que vivem na
eternidade.
À margem 3
O corpo sem alma está morto e a alma sem Deus está
morta. Todo o homem que não tem Deus tem a alma morta. Se choras um morto,
chora antes um pecador, um ímpio, um infiel. Está escrito (Ecl 22, 13) O luto
de um morto é sete dias; o luto de um insensato e de um ímpio é todos os dias
da sua vida. (Santo Agostinho)
À margem 4
Comemoração dos fiéis defuntos.
Quem são os fiéis?
São os defuntos ou são os celebrantes?
Para contentar a todos dizemos que fiéis devem ser os
dois, isto é, todos os fiéis.
Mas é sobretudo nós que celebramos.
Devemos ser fiéis, isto é, continuar a celebrar os
defuntos, rezar por eles e com eles, não só neste dia, mas sempre.
À margem 5
Jorge de Sena, que curiosamente nasceu no Dia de
Finados, dizia que a morte é quela de que nos livramos no enterro dos outros.
Que morte tememos mais, a nossa ou a dos outros?
À margem 6
Oração pelos fiéis defuntos
Senhor Deus de Misericórdia e amor,
neste mês de novembro,
em que a Igreja recorda com especial carinho
todos os fiéis defuntos,
vimos diante de Vós com coração humilde e grato.
Lembrai-vos, Senhor dos nossos familiares, amigos e
benfeitores,
e de todos aqueles que já partiram deste mundo
marcados com o sinal da esperança.
Concedei-lhes o descanso eterno,
e fazei brilhar para eles a luz da Vossa presença.
Que a sua confiança em Vós não tenha sido em vão,
e que, purificados pelo Vosso amor,
possam contemplar para sempre o Vosso rosto glorioso
no Céu.
Dai também a nós,
que ainda peregrinamos nesta vida,
a graça de vivermos com fé, esperança e caridade,
Para que um dia nos reencontremos na alegria da vossa
casa.
Por Cristo, Nosso Senhor,
Ámen.
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