Ano C – XXX domingo comum
Mais do que identificar fora de nós, na nossa comunidade, o perfil dos personagens da parábola do Evangelho de hoje, devemos reconhecer as duas atitudes dentro de nós mesmos.
Às vezes somos mais parecidos com o publicano, outras vezes mais identificados com o fariseu da parábola.
Há mais do que um pouco do fariseu em cada um de nós, e não o suficiente do publicano.
Nosso Senhor apresenta a parábola como dois homens diferentes dentro do Templo de Jerusalém. Mas poderiam muito bem ser dois homens diferentes dentro de cada um de nós. Eles representam a batalha entre o orgulho e a humildade que assola nossas almas.
Orgulho é o foco desmedido em si mesmo. Normalmente o associamos à arrogância, à exaltação do eu que vemos no fariseu. Mas essa é apenas uma de suas manifestações. O que está no cerne do orgulho é o pensamento autorreferencial que transforma o homem em si mesmo (Incurvatus in se) e o torna incapaz de se abrir a Deus e à graça. Portanto, o orgulho isola. Observe como o fariseu é incapaz de uma conversa autêntica com Deus. Sua oração é focada em si mesmo e em suas próprias virtudes. Não se trata de Deus ou da bondade de Deus. Na verdade, nem mesmo é dirigida a Deus. Ele ora "para si mesmo ". Essa frase é uma rica descrição de como o orgulho é espiritualmente paralisante. Ele nos aprisiona em nós mesmos, nos impede de sair e falar genuinamente com Deus ou com qualquer outra pessoa. Também impede que alguém se aproxime de nós para administrar uma correção necessária. O único pensamento exterior do orgulhoso é comparar-se aos outros.
O simples gesto do publicano tornou-se parte da Missa. Batemos no peito em arrependimento. Apresentamo-nos diante de Deus, não como hipócritas que não precisam de ninguém, mas como pecadores que precisam de misericórdia. A colocação desse ato de humildade no início da Missa é significativa. Ele lavra o solo de nossas almas para que possamos receber primeiro a Palavra de Deus e depois o Seu Corpo. (Inspirado numa reflexão do Pe. Paul Scala)
Ver também:
O cumpridor orgulhoso e pecador

 
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