Via-sacra da ORAÇÃO
e a ORAÇÃO da via-sacra
Jesus
não parou de rezar no caminho do Calvário e no alto da cruz. Com ele aprendamos
a rezar a via-sacra.
I Estação – Jesus é condenado à morte
Rezar é colocar-se nas mãos de Deus
LEITURA – Lucas 23,1-5
Levaram Jesus a Pilatos e começaram a acusá-lo,
dizendo: “Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se
pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei”. Pilatos perguntou a
Jesus: “Tu és o Rei dos Judeus?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes”. Pilatos disse
aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: “Não encontro nada de culpável neste
homem”. Mas eles insistiam: “Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde
a Galileia, onde começou, até aqui.”
ORAÇÃO
Senhor Jesus, homem inocente,
Tu foste julgado e não quiseste defender-te.
Tu, que não vieste para condenar, foste
condenado.
Enche a nossa vida de inocência e paciência.
Dá-nos um coração compreensivo e compassivo.
CONCLUSÃO
Que a oração seja a nossa entrega nas mãos de
Deus
para que Deus seja o nosso defensor e juiz
misericordioso.
Ámen
II Estação – Jesus carrega com a cruz
Rezar é ir em frente, é avançar ao encontro
de Deus.
LEITURA – João 19,16-17
Pilatos entregou-lhes então Jesus, para ser
crucificado. E eles apoderaram-se de Jesus. Levando a cruz, Jesus saiu para o
chamado Lugar do Calvário, que em hebraico se diz Gólgota.
ORAÇÃO
Senhor, carregaste o peso do mundo.
Quiseste tomar parte no peso de todos os
homens.
Querias aliviar o peso dos ombros de todos
aqueles
que carregam fardos insuportáveis.
Dá-nos também forças para levar a nossa cruz.
Dá-nos forças para ajudar os outros.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja sempre um caminho
para Deus
e que o nosso caminho seja sempre uma oração.
Ámen.
III Estação – Jesus cai pela primeira vez
Rezar é levantar-se.
LEITURA – Marcos 8,34
Jesus chamou a multidão com os seus
discípulos e disse-lhes: Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-Me.
ORAÇÃO
Senhor, tinhas sido flagelado
e tinhas uma coroa de espinhos na cabeça.
Sobre ti caía o peso do mundo.
Era algo superior às tuas forças – que eram
muitas – e caíste por terra.
Senhor, deixa-me levantar-te.
Mas tu continuas a cair em muitos irmãos
nossos.
Quero ajudá-los, para que possam levantar-se.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração nos eleve até Deus
e que nos elevemos uns aos outros através da
oração.
Ámen.
IV Estação – Jesus encontra-se com a sua mãe
Rezar é consolar e ser consolado.
LEITURA – Lamentações 1,12.16
Vós todos que passais pelo caminho, olhai e
vede se há dor semelhante à minha dor, que tanto me atormenta: porque o Senhor
me feriu no dia da sua cólera. Por isso, eu choro e desfazem-se em lágrimas os
meus olhos; o inimigo triunfou e eu perdi os meus filhos.
ORAÇÃO
Senhor, a tua mãe não te abandonou.
Era uma mulher forte e cheia de compaixão,
sempre unida a ti.
O Pai pode ter-te “abandonado”, mas a mãe
não.
Sem ela, ias sentir-te sozinho.
Que a mãe continue a estar próxima
de todos os que carregam o peso da cruz
CONCLUSÃO
Que a nossa oração nos una com quem mais amou
a Deus
e a quem Deus mais amou,
a Virgem Maria, sua e nossa mãe.
Ámen.
V Estação – Jesus é ajudado pelo Cireneu
Rezar é pedir ajuda e ajudar.
LEITURA – Lucas 23,26
Quando O conduziam, lançaram mão de um certo
Simão de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para a
levar atrás de Jesus.
ORAÇÃO
Senhor, Tu quiseste carregar as nossas cruzes
pesadas.
Talvez não tenhas medido bem as forças.
És um Deus fraco e é por isso que ainda te
amamos mais.
És um Messias humilde e deixas-te ajudar.
Eu também quero ajudar-te como Simão de
Cirene.
Quero ajudar os meus irmãos a carregar a sua
cruz.
Sê tu, Senhor, para todos nós o nosso melhor
Cireneu.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja solidariedade e
comunhão
e que a nossa ajuda seja abençoada pela
oração.
Ámen.
VI Estação – Jesus encontra-se com a Verónica
Rezar é contemplar o rosto misericordioso de
Deus.
LEITURA – Isaías 53,1-7
O meu servo cresceu diante do Senhor como um
rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o
nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido
pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem
se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as
nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Ele foi trespassado por
causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre
ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como
ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez
cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente
e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante
aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca.
ORAÇÃO
Senhor, ajuda-nos a ser como esta mulher
delicada e corajosa,
capazes de enxugar o teu rosto com o lenço
da nossa proximidade e da nossa ternura,
capazes de fazer a nossa opção pelos que mais
sofrem,
ultrapassando preconceitos e barreiras
injustas.
Grava também no nosso interior a imagem viva
do teu rosto.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração nos torne misericordiosos
como é misericordioso o nosso Pai do Céu.
Ámen.
VII Estação – Jesus cai pela segunda vez
Rezar é erguer o coração.
LEITURA – João 12,24
Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em
verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas
se morrer, dará muito fruto.”
ORAÇÃO
Senhor, caíste de novo,
porque a tua fraqueza é extrema.
Mas beijas de novo a terra e levantas-te.
Tens que continuar até ao fim o caminho
marcado.
Beija também todos os que estão caídos,
beija a nossa miséria, quando caímos,
e dá-nos força para nos levantarmos.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja o erguer os olhos
para o alto,
donde nos vem o auxílio e a salvação.
Ámen
VIII Estação – Jesus encontra-se com as mulheres
de Jerusalém
Rezar é criar comunidade.
LEITURA – Lucas 23,27-31
Seguia Jesus uma grande multidão de povo e
mulheres que batiam no peito e se lamentavam, chorando por Ele. Mas Jesus
voltou-Se para elas e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim;
chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois dias virão em que se
dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não
amamentaram’. Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’; e às colinas:
‘Cobri-nos’. Porque, se tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?”.
ORAÇÃO
Senhor, tu choraste por Jerusalém;
agora são as filhas de Jerusalém que choram
por ti.
As suas lágrimas são a melhor oferta
destas mulheres cheias de compaixão.
Dá-nos a graça de chorar com os que choram,
de estar próximos de quem sofre.
Que não sejamos lenha seca,
nem deixemos secar o nosso coração.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração faça a nossa comunidade
e que a nossa comunidade se faça oração.
Ámen.
IX Estação – Jesus cai pela terceira vez
Rezar é receber força de Deus.
LEITURA – 1 Pedro 2,20b-25
Caríssimos: Se vós, fazendo o bem, suportais
o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. Para isto é que
fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo,
para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado algum e na sua boca não
se encontrou mentira. Insultado, não pagava com injúrias; maltratado, não
respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com justiça. Ele
suportou os nossos pecados no seu Corpo, sobre o madeiro da cruz, a fim de que,
mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados.
Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda
das vossas almas.
ORAÇÃO
Senhor, cais pela terceira vez, sinal da
máxima fraqueza.
És o mais formoso grão de trigo que cai à
terra.
Não nos admiramos de caíres três vezes,
mas de encontrares forças para te levantares
outras tantas.
Pelas tuas quedas, perdoa, Senhor, as nossas
quedas.
Diz-nos para nos levantarmos e ajuda-nos a
levantar-nos,
para que, deste modo, aprendamos a
compreender
e ajudar aqueles que caem.
CONCLUSÃO
Que a nossa força seja a nossa oração
e que a nossa oração seja força para todos.
Ámen.
X Estação – Jesus é despojado das vestes
Rezar é revestir-se da graça divina.
LEITURA – João 19,23-24
Quando crucificaram Jesus, os soldados
tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e
ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida de alto a
baixo como um todo. Disseram uns aos outros: “Não a rasguemos, mas lancemos
sortes, para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre
si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica”. Foi o que fizeram
os soldados.»
ORAÇÃO
Senhor, primeiro foste tu que te despojaste.
Agora foram os soldados que te despojaram
do pouco que te restava.
És o pobre do Senhor.
Que também nós saibamos despojar-nos
das muitas coisas que nos sobram.
Que saibamos pedir perdão,
se, por acaso, despojámos alguém dos seus
bens,
do seu prestígio ou da sua dignidade.
E que saibamos denunciar os muitos despojos
de que ainda hoje és vítima.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja reflexo de um coração
puro
e que o coração puro seja imagem da nossa
oração.
Ámen.
XI Estação – Jesus é crucificado
Rezar é abraçar o céu e a terra
LEITURA – Marcos 15,25-27
Eram nove horas da manhã quando crucificaram
Jesus. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: “Rei dos Judeus”.
Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.
ORAÇÃO
Estás na cruz, ó Cristo amado,
dor viva, oração em lágrimas, paciência de
tremores,
perdão que sangra, generosidade sem limites.
Ensina-nos estas dramáticas lições da tua
cruz,
ensina-nos a rezar na noite escura,
a sofrer perdoando, a esperar mesmo no vazio,
a entregar-nos até ao sangue.
E ensina-nos a amar na cruz de cada dia.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja uma escada para o céu
e uma ponte para os nossos irmãos.
Ámen.
XII Estação – Jesus morre na cruz
Rezar é entregar-se ou abandonar-se nas mãos
Deus
LEITURA – Lucas 23,44-46
Era já quase meio-dia, quando as trevas
cobriram toda a terra, até às três horas da tarde, porque o sol se tinha eclipsado.
O véu do templo rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: “Pai, em
tuas mãos entrego o meu espírito”. Dito isto, expirou.
ORAÇÃO
Nessa cruz espantosa,
tu és, Senhor, uma fogueira acesa,
um livro aberto, uma bandeira de salvação.
Salva-nos, pela tua cruz, salva todos os
homens.
Que aqui aprendamos a amar-nos
e a entregar-nos até ao fim.
Jesus inclina a cabeça e morre,
mas não morre o Amor, que é o mais forte:
a Vida triunfa sobre toda a morte,
o Amor brilha com toda a sua beleza.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja a entrega da nossa
vida
e que a nossa vida seja uma oração
permanente.
Ámen.
XIII Estação – Jesus é descido da cruz
Rezar é acolher Deus nas nossas mãos.
LEITURA – Lucas 23,44-46
Ao cair da tarde – visto ser a Preparação,
isto é, a véspera do sábado – José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,
que também esperava o reino de Deus, foi corajosamente à presença de Pilatos e
pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e,
mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido. Informado
pelo centurião, ordenou que o corpo fosse entregue a José. José comprou um
lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol.
ORAÇÃO
Ó Jesus, o teu corpo ferido pode agora
descansar.
A tua mãe, cheia de compaixão, oferece-te ao
Pai
e, banhada em lágrimas, beija as tuas
feridas.
Também eu quero beijá-las.
Quero chorar os meus pecados.
Quero oferecer-te toda a dor do mundo.
E quero agradecer-te a oferta da tua mãe, ó
Jesus.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração possa abraçar a Deus
e que Deus nos acolha no seu coração.
Ámen
XIV Estação – Jesus é sepultado
Rezar é estar com Deus e deixar que Deus
esteja em nós.
LEITURA – João 19,41-42
No local em que Jesus tinha sido crucificado,
havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora
sepultado. Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro
ficava perto, depositaram Jesus.
ORAÇÃO
Queremos permanecer em vigília junto ao teu
corpo, ó Jesus.
Permanecer em vigília, enquanto tu dormes.
Permanecer em vigília, enquanto tu resgatas
Adão,
enchendo o inferno de luz e de esperança.
Permanecer em vigília, que são apenas três
momentos.
E o teu corpo há de revestir-se de glória,
o triunfo do amor sobre a morte.
Livra-nos, Senhor, de toda a espécie de
morte.
Ressuscita também em nós, Senhor.
CONCLUSÃO
Que a nossa oração seja a esperança de estar
com Deus no Céu
e a certeza que Ele está connosco na Terra
Ámen.
XV Estação final – Jesus ressuscita
Rezar é viver em Deus.
LEITURA – João, 20,10-21
Veio Jesus, pôs-se no meio deles e
disse-lhes: A paz esteja convosco!
Os discípulos encheram-se de alegria por
verem o Senhor. Ele voltou a dizer-lhes: A paz esteja convosco! Assim como o
Pai me enviou, também eu vos envio a vós…
ORAÇÃO
Senhor, celebrámos uma vez mais a tua
via-sacra.
Quisemos fazer da via-sacra uma oração
e da oração uma via-sacra.
Queremos rezar contigo
e aprender a rezar como tu,
fazendo da nossa vida uma oração permanente,
rezando em todos os momentos da nossa vida.
CONCLUSÃO
Que a nossa vida seja oração
E que a nossa oração seja vida.
Ámen.
(Inspirado nas orações de Óscar Romano, cmf)
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