terça-feira, 4 de abril de 2023

Via Sacra (23)


Via-sacra da ORAÇÃO

e a ORAÇÃO da via-sacra

Jesus não parou de rezar no caminho do Calvário e no alto da cruz. Com ele aprendamos a rezar a via-sacra.

 

I Estação – Jesus é condenado à morte

Rezar é colocar-se nas mãos de Deus

 

LEITURA – Lucas 23,1-5

Levaram Jesus a Pilatos e começaram a acusá-lo, dizendo: “Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei”. Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és o Rei dos Judeus?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes”. Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: “Não encontro nada de culpável neste homem”. Mas eles insistiam: “Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui.”

 

ORAÇÃO

Senhor Jesus, homem inocente,

Tu foste julgado e não quiseste defender-te.

Tu, que não vieste para condenar, foste condenado.

Enche a nossa vida de inocência e paciência.

Dá-nos um coração compreensivo e compassivo.

 

CONCLUSÃO

Que a oração seja a nossa entrega nas mãos de Deus

para que Deus seja o nosso defensor e juiz misericordioso.

Ámen

 

II Estação – Jesus carrega com a cruz

Rezar é ir em frente, é avançar ao encontro de Deus.

 

LEITURA – João 19,16-17

Pilatos entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado. E eles apoderaram-se de Jesus. Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário, que em hebraico se diz Gólgota.

 

ORAÇÃO

Senhor, carregaste o peso do mundo.

Quiseste tomar parte no peso de todos os homens.

Querias aliviar o peso dos ombros de todos aqueles

que carregam fardos insuportáveis.

Dá-nos também forças para levar a nossa cruz.

Dá-nos forças para ajudar os outros.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja sempre um caminho para Deus

e que o nosso caminho seja sempre uma oração.

Ámen.

 

III Estação – Jesus cai pela primeira vez

Rezar é levantar-se.

 

LEITURA – Marcos 8,34

Jesus chamou a multidão com os seus discípulos e disse-lhes: Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.

 

ORAÇÃO

Senhor, tinhas sido flagelado

e tinhas uma coroa de espinhos na cabeça.

Sobre ti caía o peso do mundo.

Era algo superior às tuas forças – que eram muitas – e caíste por terra.

Senhor, deixa-me levantar-te.

Mas tu continuas a cair em muitos irmãos nossos.

Quero ajudá-los, para que possam levantar-se.

CONCLUSÃO

Que a nossa oração nos eleve até Deus

e que nos elevemos uns aos outros através da oração.

Ámen.

 

IV Estação – Jesus encontra-se com a sua mãe

Rezar é consolar e ser consolado.

 

LEITURA – Lamentações 1,12.16

Vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor, que tanto me atormenta: porque o Senhor me feriu no dia da sua cólera. Por isso, eu choro e desfazem-se em lágrimas os meus olhos; o inimigo triunfou e eu perdi os meus filhos.

 

ORAÇÃO

Senhor, a tua mãe não te abandonou.

Era uma mulher forte e cheia de compaixão,

sempre unida a ti.

O Pai pode ter-te “abandonado”, mas a mãe não.

Sem ela, ias sentir-te sozinho.

Que a mãe continue a estar próxima

de todos os que carregam o peso da cruz

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração nos una com quem mais amou a Deus

e a quem Deus mais amou,

a Virgem Maria, sua e nossa mãe.

Ámen.

 

V Estação – Jesus é ajudado pelo Cireneu

Rezar é pedir ajuda e ajudar.

 

LEITURA – Lucas 23,26

Quando O conduziam, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para a levar atrás de Jesus.

ORAÇÃO

Senhor, Tu quiseste carregar as nossas cruzes pesadas.

Talvez não tenhas medido bem as forças.

És um Deus fraco e é por isso que ainda te amamos mais.

És um Messias humilde e deixas-te ajudar.

Eu também quero ajudar-te como Simão de Cirene.

Quero ajudar os meus irmãos a carregar a sua cruz.

Sê tu, Senhor, para todos nós o nosso melhor Cireneu.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja solidariedade e comunhão

e que a nossa ajuda seja abençoada pela oração.

Ámen.

 

VI Estação – Jesus encontra-se com a Verónica

Rezar é contemplar o rosto misericordioso de Deus.

 

LEITURA – Isaías 53,1-7

O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca.

 

ORAÇÃO

Senhor, ajuda-nos a ser como esta mulher delicada e corajosa,

capazes de enxugar o teu rosto com o lenço

da nossa proximidade e da nossa ternura,

capazes de fazer a nossa opção pelos que mais sofrem,

ultrapassando preconceitos e barreiras injustas.

Grava também no nosso interior a imagem viva do teu rosto.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração nos torne misericordiosos

como é misericordioso o nosso Pai do Céu.

Ámen.

 

VII Estação – Jesus cai pela segunda vez

Rezar é erguer o coração.

 

LEITURA – João 12,24

Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.”

 

ORAÇÃO

Senhor, caíste de novo,

porque a tua fraqueza é extrema.

Mas beijas de novo a terra e levantas-te.

Tens que continuar até ao fim o caminho marcado.

Beija também todos os que estão caídos,

beija a nossa miséria, quando caímos,

e dá-nos força para nos levantarmos.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja o erguer os olhos para o alto,

donde nos vem o auxílio e a salvação.

Ámen

 

VIII Estação – Jesus encontra-se com as mulheres de Jerusalém

Rezar é criar comunidade.

 

LEITURA – Lucas 23,27-31

Seguia Jesus uma grande multidão de povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam, chorando por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram’. Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’; e às colinas: ‘Cobri-nos’. Porque, se tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?”.

 

ORAÇÃO

Senhor, tu choraste por Jerusalém;

agora são as filhas de Jerusalém que choram por ti.

As suas lágrimas são a melhor oferta

destas mulheres cheias de compaixão.

Dá-nos a graça de chorar com os que choram,

de estar próximos de quem sofre.

Que não sejamos lenha seca,

nem deixemos secar o nosso coração.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração faça a nossa comunidade

e que a nossa comunidade se faça oração.

Ámen.

 

 

IX Estação – Jesus cai pela terceira vez

Rezar é receber força de Deus.

 

LEITURA – 1 Pedro 2,20b-25

Caríssimos: Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado algum e na sua boca não se encontrou mentira. Insultado, não pagava com injúrias; maltratado, não respondia com ameaças; mas entregava-Se Àquele que julga com justiça. Ele suportou os nossos pecados no seu Corpo, sobre o madeiro da cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas suas chagas fomos curados. Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.

 

ORAÇÃO

Senhor, cais pela terceira vez, sinal da máxima fraqueza.

És o mais formoso grão de trigo que cai à terra.

Não nos admiramos de caíres três vezes,

mas de encontrares forças para te levantares outras tantas.

Pelas tuas quedas, perdoa, Senhor, as nossas quedas.

Diz-nos para nos levantarmos e ajuda-nos a levantar-nos,

para que, deste modo, aprendamos a compreender

e ajudar aqueles que caem.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa força seja a nossa oração

e que a nossa oração seja força para todos.

Ámen.

 

X Estação – Jesus é despojado das vestes

Rezar é revestir-se da graça divina.

 

LEITURA – João 19,23-24

Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida de alto a baixo como um todo. Disseram uns aos outros: “Não a rasguemos, mas lancemos sortes, para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica”. Foi o que fizeram os soldados.»

 

ORAÇÃO

Senhor, primeiro foste tu que te despojaste.

Agora foram os soldados que te despojaram

do pouco que te restava.

És o pobre do Senhor.

Que também nós saibamos despojar-nos

das muitas coisas que nos sobram.

Que saibamos pedir perdão,

se, por acaso, despojámos alguém dos seus bens,

do seu prestígio ou da sua dignidade.

E que saibamos denunciar os muitos despojos

de que ainda hoje és vítima.

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja reflexo de um coração puro

e que o coração puro seja imagem da nossa oração.

Ámen.

 

XI Estação – Jesus é crucificado

Rezar é abraçar o céu e a terra

 

LEITURA – Marcos 15,25-27

Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: “Rei dos Judeus”. Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.

 

ORAÇÃO

Estás na cruz, ó Cristo amado,

dor viva, oração em lágrimas, paciência de tremores,

perdão que sangra, generosidade sem limites.

Ensina-nos estas dramáticas lições da tua cruz,

ensina-nos a rezar na noite escura,

a sofrer perdoando, a esperar mesmo no vazio,

a entregar-nos até ao sangue.

E ensina-nos a amar na cruz de cada dia.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja uma escada para o céu

e uma ponte para os nossos irmãos.

Ámen.

 

XII Estação – Jesus morre na cruz

Rezar é entregar-se ou abandonar-se nas mãos Deus

 

LEITURA – Lucas 23,44-46

Era já quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra, até às três horas da tarde, porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dito isto, expirou.

 

ORAÇÃO

Nessa cruz espantosa,

tu és, Senhor, uma fogueira acesa,

um livro aberto, uma bandeira de salvação.

Salva-nos, pela tua cruz, salva todos os homens.

Que aqui aprendamos a amar-nos

e a entregar-nos até ao fim.

Jesus inclina a cabeça e morre,

mas não morre o Amor, que é o mais forte:

a Vida triunfa sobre toda a morte,

o Amor brilha com toda a sua beleza.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja a entrega da nossa vida

e que a nossa vida seja uma oração permanente.

Ámen.

 

XIII Estação – Jesus é descido da cruz

Rezar é acolher Deus nas nossas mãos.

 

LEITURA – Lucas 23,44-46

Ao cair da tarde – visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado – José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, foi corajosamente à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido. Informado pelo centurião, ordenou que o corpo fosse entregue a José. José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol.

 

ORAÇÃO

Ó Jesus, o teu corpo ferido pode agora descansar.

A tua mãe, cheia de compaixão, oferece-te ao Pai

e, banhada em lágrimas, beija as tuas feridas.

Também eu quero beijá-las.

Quero chorar os meus pecados.

Quero oferecer-te toda a dor do mundo.

E quero agradecer-te a oferta da tua mãe, ó Jesus.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração possa abraçar a Deus

e que Deus nos acolha no seu coração.

Ámen

 

XIV Estação – Jesus é sepultado

Rezar é estar com Deus e deixar que Deus esteja em nós.

 

LEITURA – João 19,41-42

No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro ficava perto, depositaram Jesus.

 

ORAÇÃO

Queremos permanecer em vigília junto ao teu corpo, ó Jesus.

Permanecer em vigília, enquanto tu dormes.

Permanecer em vigília, enquanto tu resgatas Adão,

enchendo o inferno de luz e de esperança.

Permanecer em vigília, que são apenas três momentos.

E o teu corpo há de revestir-se de glória,

o triunfo do amor sobre a morte.

Livra-nos, Senhor, de toda a espécie de morte.

Ressuscita também em nós, Senhor.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa oração seja a esperança de estar com Deus no Céu

e a certeza que Ele está connosco na Terra

Ámen.

 

XV Estação final – Jesus ressuscita

Rezar é viver em Deus.

 

LEITURA – João, 20,10-21

Veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!

Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. Ele voltou a dizer-lhes: A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós…

 

ORAÇÃO

Senhor, celebrámos uma vez mais a tua via-sacra.

Quisemos fazer da via-sacra uma oração

e da oração uma via-sacra.

Queremos rezar contigo

e aprender a rezar como tu,

fazendo da nossa vida uma oração permanente,

rezando em todos os momentos da nossa vida.

 

CONCLUSÃO

Que a nossa vida seja oração

E que a nossa oração seja vida.

Ámen.

 

(Inspirado nas orações de Óscar Romano, cmf)

 


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