Ano A – III domingo da Páscoa
1ª lição – Jesus não
mente
Ele tinha prometido
que onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome, estaria no meio deles.
Dito e feito.
Entre os dois
discípulos a caminho de Emaús, apesar de desiludidos e descrentes, Jesus
apresentou-se no meio deles e fez-lhes companhia.
Ainda hoje acontece o
mesmo.
2ª lição – Emaús é
uma autêntica missa
O que aconteceu a
caminho de Emaús é o que acontece em qualquer celebração da missa.
Reunimo-nos,
lamentamo-nos, ouvimos a Escritura, refletimos, sentamo-nos à volta da mesa,
Jesus abençoa o pão, reparte e nós sentimos a sua presença. Depois partimos em
missão para anunciar o que vivemos.
Os discípulos de
Emaús celebraram a missa no caminho para nos ensinar a fazer da missa um
caminho que nos leva a Deus e nos traz Deus até nós.
O que se passou em
Emaús, passa-se ainda hoje em cada eucaristia.
3ª lição – Cristo
nunca abandona a nossa comunidade
Os discípulos podem
fugir da comunidade, podem abandonar a igreja, mas Deus nunca abandona ninguém.
Por mais ferida ou morta que pareça aos nossos olhos, Cristo Ressuscitado vive
nesta Igreja.
Hoje, não só em
Portugal, mas também um pouco por todo o lado, há muita gente que foge da
igreja como os discípulos de Emaús fugiram desiludidos de Jerusalém. Mas Jesus
continua a apostar na comunidade que fundou e que o nosso pecado parece querer
afundar.
Explicação desta
lição pelo Pe. José António Pagola:
"Não são poucos os que
olham para a Igreja hoje com pessimismo e deceção. Não é o que eles querem. Uma
Igreja viva e dinâmica, fiel a Jesus Cristo, verdadeiramente empenhada na
construção de uma sociedade mais humana.
Vêem-na imóvel e
antiquada, excessivamente ocupada em defender uma moralidade obsoleta que já a
poucos interessa, fazendo penosos esforços para recuperar uma credibilidade que
parece ser "mínimo baixo". Eles a percebem como uma instituição que
quase sempre pronta para acusar e condenar, raramente para ajudar e infundir
esperança no coração humano. Muitas vezes sentem-no triste e enfadonha, e de
alguma forma sentem – com o escritor francês Georges Bernanos – que “o
contrário de um povo cristão é um povo triste”.
A tentação fácil é o
abandono e a fuga. Alguns o fizeram há muito tempo, até mesmo de forma ruidosa:
hoje afirmam quase com orgulho que acreditam em Deus, mas não na Igreja. Outros
se distanciam dela pouco a pouco, "na ponta dos pés e sem fazer
barulho": quase ninguém percebe, o carinho e a adesão de outros tempos se
esvai em seus corações.
Certamente seria um
erro alimentar um otimismo ingénuo neste momento, pensando que tempos melhores
virão. Mais grave ainda seria fechar os olhos e ignorar a mediocridade e o
pecado da Igreja. Mas o nosso maior pecado seria “fugir para Emaús”, deixar a
comunidade e dispersar-se, cada um no seu caminho, afundado na desilusão e no
desencanto.
Temos que aprender a
“lição de Emaús”. A solução não é sair da Igreja, mas reconectar-se com um
grupo cristão, comunidade, movimento ou paróquia onde possamos compartilhar e
reacender a nossa esperança em Jesus.
Por mais morta que
apareça diante dos nossos olhos, o Ressuscitado vive nesta Igreja. Por isso
também aqui fazem sentido os versos de António Machado: Pensei que o meu lar
estava apagado, remexi as cinzas... queimei a mão."
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