quinta-feira, 1 de abril de 2021

Ecos de uma 5ª feira


Quinta-feira Santa

Lições de um quadro

O alemão Sieger Koder (1925-2015) foi forçado a combater na 2ª guerra mundial como tantos jovens da sua idade. Depois estudou belas artes e durante 12 anos foi artista e professor de arte. Mais tarde estudou teologia e foi ordenado sacerdote. Foi pároco durante 20 anos unindo a sua atividade pastoral à artística. Ganhou vários prémios internacionais, mas queria apenas passar a mensagem cristã através dos seus quadros.

Contemplemos no seu quadro do Lava-pés e meditemos nas suas lições:

- Vemos Pedro sentado e Jesus de joelhos – Jesus faz-se pequenino para servir e torna grande os outros servindo-os.

- O discípulo está sentado como rei no seu trono. Jesus está como que em adoração: de tao modo deus amou a humanidade que lhe enviou o seu filho muito amado.

- Ao fundo vemos na mesa um pão e um cálice, pois a cena decorre durante a ceia. A eucaristia nos torna serviçais. A eucaristia é fruto do serviço ou o lava-pés é fruto da eucaristia.

- Pedro tem os pés na bacia com água, a mão direita pousa sobre o ombro de Jesus e a esquerda procura deter Jesus – É expressão de intimidade entre os dois. Ao mesmo tempo aceita, mas tem dificuldade em continuar ou em fazer o mesmo.

- Jesus está completamente inclinado, prostrado por terra – inteiramente concentrado no que faz. Tudo o que faz, faz com sinceridade e com toda a sua atenção e com todo o seu amor.

- Jesus está revestido com o Talit, manto judaico próprio para a oração, indiciando assim o lava-pés como ato de culto. O culto que Jesus oferece ao Pai é o sacrifício dos pecadores como entrega incondicional de si mesmo.

- Na água suja da bacia reflete-se o rosto de Jesus. Ele assumiu a nossa condição pecadora.

- Jesus veio para servir. É o escravo e o servo de todos.

- Jesus está descalço… como Moisés ao aproximar-se da presença divina, pois o caminho que trilha é santo.

- Parece que não há mais discípulos, porque cada um é único, irrepetível, fora de série, como ovelha tresmalhada que foi reencontrada.

- Jesus não fala enquanto lava os pés aos seus discípulos. O seu gesto é palavra, é ensino, é pregação. Ele fala pelo que faz. Apenas passa o testemunho: o que eu fiz, fazei vós também.


Lições de uma história

O Papa São Gregório Magno, no final do século VI, numa quinta-feira santa, estava a lavar os pés a 12 pobres de Roma. Notou, porém, que havia mais um, muito recolhido, com o rosto envolto num manto de sombra. Quando tentou saber quem ele era, após a celebração, o misterioso personagem tinha desaparecido. E todos acreditaram ter sido o próprio Jesus em pessoa que ali tinha estado para realçar quem servia e a quem servia. A partir desse dia, todos os anos o mesmo Papa fez questão de fazer o lava-pés a 13 pobres, e não apenas a 12.

Quem serve a Cristo, serve aos pobres e quem serve os pobres está a servir a Cristo.

 

Outras lições

- A comunhão é um beijo. Assim dizia Santo Ambrósio: Beijemos a Cristo com o ósculo da comunhão. Beijemos a Cristo com o coração, pois Ele beija-nos na comunhão.

- Jesus ao dizer – Fazei isto em memória de mim – está querer que façamos da missa uma missão. De facto, a missa é missão, é tarefa, é mandato.

- A sala da última ceia, no andar superior, alcatifada, pronta, onde Jesus quis celebrar a sua Páscoa com os discípulos diz respeito a cada um de nós. A nossa alma é uma sala, onde Jesus deseja ardentemente celebrar a sua Páscoa. Preparemo-nos.

 

Ver também:

Celebra missa ut primam

Quem participou na última Ceia

O prato da Eucaristia

Testamento de Jesus

Sacerdócio, Serviço, Santíssimo Sacramento

No dia do sacerdócio

Rezar pelos sacerdotes

 

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