Quinta-feira Santa
Lições
de um quadro
O
alemão Sieger Koder (1925-2015) foi forçado a combater na 2ª guerra mundial
como tantos jovens da sua idade. Depois estudou belas artes e durante 12 anos
foi artista e professor de arte. Mais tarde estudou teologia e foi ordenado
sacerdote. Foi pároco durante 20 anos unindo a sua atividade pastoral à artística.
Ganhou vários prémios internacionais, mas queria apenas passar a mensagem
cristã através dos seus quadros.
Contemplemos
no seu quadro do Lava-pés e meditemos nas suas lições:
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Vemos Pedro sentado e Jesus de joelhos – Jesus faz-se pequenino para servir e
torna grande os outros servindo-os.
-
O discípulo está sentado como rei no seu trono. Jesus está como que em
adoração: de tao modo deus amou a humanidade que lhe enviou o seu filho muito
amado.
-
Ao fundo vemos na mesa um pão e um cálice, pois a cena decorre durante a ceia.
A eucaristia nos torna serviçais. A eucaristia é fruto do serviço ou o lava-pés
é fruto da eucaristia.
-
Pedro tem os pés na bacia com água, a mão direita pousa sobre o ombro de Jesus
e a esquerda procura deter Jesus – É expressão de intimidade entre os dois. Ao
mesmo tempo aceita, mas tem dificuldade em continuar ou em fazer o mesmo.
-
Jesus está completamente inclinado, prostrado por terra – inteiramente concentrado
no que faz. Tudo o que faz, faz com sinceridade e com toda a sua atenção e com
todo o seu amor.
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Jesus está revestido com o Talit, manto judaico próprio para a oração,
indiciando assim o lava-pés como ato de culto. O culto que Jesus oferece ao Pai
é o sacrifício dos pecadores como entrega incondicional de si mesmo.
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Na água suja da bacia reflete-se o rosto de Jesus. Ele assumiu a nossa condição
pecadora.
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Jesus veio para servir. É o escravo e o servo de todos.
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Jesus está descalço… como Moisés ao aproximar-se da presença divina, pois o
caminho que trilha é santo.
-
Parece que não há mais discípulos, porque cada um é único, irrepetível, fora de
série, como ovelha tresmalhada que foi reencontrada.
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Jesus não fala enquanto lava os pés aos seus discípulos. O seu gesto é palavra,
é ensino, é pregação. Ele fala pelo que faz. Apenas passa o testemunho: o que eu
fiz, fazei vós também.
Lições
de uma história
O
Papa São Gregório Magno, no final do século VI, numa quinta-feira santa, estava
a lavar os pés a 12 pobres de Roma. Notou, porém, que havia mais um, muito recolhido,
com o rosto envolto num manto de sombra. Quando tentou saber quem ele era, após
a celebração, o misterioso personagem tinha desaparecido. E todos acreditaram
ter sido o próprio Jesus em pessoa que ali tinha estado para realçar quem
servia e a quem servia. A partir desse dia, todos os anos o mesmo Papa fez questão
de fazer o lava-pés a 13 pobres, e não apenas a 12.
Quem
serve a Cristo, serve aos pobres e quem serve os pobres está a servir a Cristo.
Outras
lições
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A comunhão é um beijo. Assim dizia Santo Ambrósio: Beijemos a Cristo com o ósculo
da comunhão. Beijemos a Cristo com o coração, pois Ele beija-nos na comunhão.
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Jesus ao dizer – Fazei isto em memória de mim – está querer que façamos da
missa uma missão. De facto, a missa é missão, é tarefa, é mandato.
-
A sala da última ceia, no andar superior, alcatifada, pronta, onde Jesus quis
celebrar a sua Páscoa com os discípulos diz respeito a cada um de nós. A nossa
alma é uma sala, onde Jesus deseja ardentemente celebrar a sua Páscoa.
Preparemo-nos.
Ver
também:
Quem participou na última Ceia
Sacerdócio, Serviço, Santíssimo Sacramento
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