Jubileu dos
Mártires de Marrocos
e vocação de Santo António
e vocação de Santo António
Faz hoje 800
anos que foram decapitados em Marraquexe os primeiros Mártires Franciscanos…
Foi isto que
levou Santo António a fazer-se Frade Menor (Franciscano).
E foi isto
que levou São Francisco a concluir: Agora posso dizer com verdade que tenho
cinco verdadeiros frades menores…
Ao visitar
Portugal em 1900 o Pe. Dehon registou no seu diário estes episódios que os
impressionaram e que continuam a impressionar nos dias de hoje:
“No século
XII São Francisco de Assis enviou um grupo dos seus primeiros discípulos, todos
fervorosos de amor por Jesus Cristo, para ir pregar aos Mouros passando por
Portugal. Eram seis à partida de Assis. Um deles (Frei Vital, padre) adoeceu e
morreu em Aragão. Frei Berardo, também padre, prosseguiu o seu caminho com os
outros quatro companheiros (Frei Otão padre, Frei Pedro diácono e os irmãos
cooperadores Frei Acúrsio e Frei Adjuto).
Em Coimbra,
a rainha D. Urraca recebeu-os como enviados do céu. Instalaram-se no convento
de Alenquer, que São Francisco tinha fundado aquando da sua missão em Espanha.
De lá
dirigiram-se a Córdoba, onde reinava o emir dos muçulmanos. Tinham sede do
martírio. Foram pregar à mesquita, donde os escorraçaram como loucos. Ousaram
ir pregar ao próprio emir, que os mandou prender numa torre.
Quando os
libertaram, passaram para Marrocos e repetiram as suas santas imprudências. O
irmão Berardo, de cima de um carro, pregou à passagem do Sultão. Prenderam-nos
outra vez, mas a seca e outras calamidades levaram o Sultão a pensar que eles
eram protegidos de Deus.
Numa
expedição que acompanhava, o irmão Berardo fez brotar água do solo como Moisés
para dessedentar o exército. Apesar deste prodígio, quiseram reprimir a sua
ousadia. Fizeram-nos sofrer mil torturas. Rolaram-nos sobre vidro partido ou
deitaram vinagre sobre as suas chagas. Um raio luminoso desceu do céu para os
encorajar.
O próprio
Sultão procurou conquistá-lo pelo atrativo do ouro e dos prazeres. Irritado
pelas suas recusas, rachou-lhes a cabeça com o seu alfange (espécie de espada
ou sabre mourisco, de lâmina curta, larga e curva de um só gume). Era o dia 16 de janeiro de 1220. Os seus corpos,
recolhidos pelos cristãos, foram levados para Coimbra. Foi o seu exemplo que
levou Santo António a procurar também o martírio em África, mas a Providência o
reservava para outro destino…”
Recorrendo
ao suborno, D. Pedro conseguiu resgatar as cabeças destes mártires e levá-las
para Portugal, passando por Zamora até Santa Cruz de Coimbra.
Arrebatado
pelo exemplo e coragem destes frades menores, o Pe. Fernando Martins de
Bulhões, cónego regrante de Santo Agostinho em Santa Cruz de Coimbra, fez-se
frade menor com o nome de Frei António.
A oração da
Colecta desta I semana do Tempo Comum ajuda-nos a continuar hoje a mesma
história:
Atendei, Senhor, as orações do vosso
povo;
dai-lhe luz para conhecer a
vossa vontade
e coragem para a cumprir
fielmente.
Quero hoje
ter a mesma luz de Santo António para conhecer a vontade divina.
Quero também
ter a mesma coragem dos mártires de Marrocos para a cumprir fielmente.
À margem
Lembrei na
mesa do café a efeméride de hoje, dos 800 anos do martírio dos Frades
Franciscanos em Marrocos…
A nossa
empregada, pessoa simples e sensível, disse logo:
- É
impressionante! Tantos anos depois e ainda continua na memória… ninguém se
esquece disso. Eles com certeza nunca pensaram que seriam para sempre
lembrados.
- Antes pelo
contrário. Acho que eles foram martirizados com a consciência de que essa ação
seria lembrada por toda a eternidade, pois era uma ação para Deus e Deus nunca se esquece das boas obras...
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