quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Há 800 anos


Jubileu dos Mártires de Marrocos 
e vocação de Santo António

Faz hoje 800 anos que foram decapitados em Marraquexe os primeiros Mártires Franciscanos…
Foi isto que levou Santo António a fazer-se Frade Menor (Franciscano).
E foi isto que levou São Francisco a concluir: Agora posso dizer com verdade que tenho cinco verdadeiros frades menores…





















Ao visitar Portugal em 1900 o Pe. Dehon registou no seu diário estes episódios que os impressionaram e que continuam a impressionar nos dias de hoje:

“No século XII São Francisco de Assis enviou um grupo dos seus primeiros discípulos, todos fervorosos de amor por Jesus Cristo, para ir pregar aos Mouros passando por Portugal. Eram seis à partida de Assis. Um deles (Frei Vital, padre) adoeceu e morreu em Aragão. Frei Berardo, também padre, prosseguiu o seu caminho com os outros quatro companheiros (Frei Otão padre, Frei Pedro diácono e os irmãos cooperadores Frei Acúrsio e Frei Adjuto).
Em Coimbra, a rainha D. Urraca recebeu-os como enviados do céu. Instalaram-se no convento de Alenquer, que São Francisco tinha fundado aquando da sua missão em Espanha.
De lá dirigiram-se a Córdoba, onde reinava o emir dos muçulmanos. Tinham sede do martírio. Foram pregar à mesquita, donde os escorraçaram como loucos. Ousaram ir pregar ao próprio emir, que os mandou prender numa torre.
Quando os libertaram, passaram para Marrocos e repetiram as suas santas imprudências. O irmão Berardo, de cima de um carro, pregou à passagem do Sultão. Prenderam-nos outra vez, mas a seca e outras calamidades levaram o Sultão a pensar que eles eram protegidos de Deus.
Numa expedição que acompanhava, o irmão Berardo fez brotar água do solo como Moisés para dessedentar o exército. Apesar deste prodígio, quiseram reprimir a sua ousadia. Fizeram-nos sofrer mil torturas. Rolaram-nos sobre vidro partido ou deitaram vinagre sobre as suas chagas. Um raio luminoso desceu do céu para os encorajar.
O próprio Sultão procurou conquistá-lo pelo atrativo do ouro e dos prazeres. Irritado pelas suas recusas, rachou-lhes a cabeça com o seu alfange (espécie de espada ou sabre mourisco, de lâmina curta, larga e curva de um só gume). Era o dia 16 de janeiro de 1220. Os seus corpos, recolhidos pelos cristãos, foram levados para Coimbra. Foi o seu exemplo que levou Santo António a procurar também o martírio em África, mas a Providência o reservava para outro destino…”

Recorrendo ao suborno, D. Pedro conseguiu resgatar as cabeças destes mártires e levá-las para Portugal, passando por Zamora até Santa Cruz de Coimbra.
Arrebatado pelo exemplo e coragem destes frades menores, o Pe. Fernando Martins de Bulhões, cónego regrante de Santo Agostinho em Santa Cruz de Coimbra, fez-se frade menor com o nome de Frei António.

A oração da Colecta desta I semana do Tempo Comum ajuda-nos a continuar hoje a mesma história:
Atendei, Senhor, as orações do vosso povo;
dai-lhe luz para conhecer a vossa vontade
e coragem para a cumprir fielmente.

Quero hoje ter a mesma luz de Santo António para conhecer a vontade divina.
Quero também ter a mesma coragem dos mártires de Marrocos para a cumprir fielmente.

À margem
Lembrei na mesa do café a efeméride de hoje, dos 800 anos do martírio dos Frades Franciscanos em Marrocos…
A nossa empregada, pessoa simples e sensível, disse logo:
- É impressionante! Tantos anos depois e ainda continua na memória… ninguém se esquece disso. Eles com certeza nunca pensaram que seriam para sempre lembrados.
- Antes pelo contrário. Acho que eles foram martirizados com a consciência de que essa ação seria lembrada por toda a eternidade, pois era uma ação para Deus e Deus nunca se esquece das boas obras...



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