terça-feira, 20 de novembro de 2018

A árvore de Zaqueu


3ª feira – XXXIII semana comum




















Zaqueu subiu a um sicómoro para ver Jesus que havia de passar por ali.
Queria vê-lo, mas não podia por causa da multidão e por ser pequeno… Tinha o sonho de ver quem era Jesus. Não conseguia realizar este seu anseio… Sentia-se limitado, ainda mais pequeno do que já era. Mais uma vez sentiu-se infeliz e por mais que se levantasse em bicos de pés ou procurasse uma pedra para ficar mais alto, não tinha como. 
Amargurado pela sua pequenez e miséria, não conseguia levantar-se.
Nessa hora a graça de Deus veio e agiu naquilo que ficou guardado no seu coração.
Zaqueu recordou-se de quando era criança e andava na escola. Era bem pequenino e débil, de modo que todos os outros faziam dele o que queriam. Os grandalhões tiravam-lhe sempre a sua merenda. E por ele ser fraco os colegas comiam sempre o que lhe pertencia. E porque os colegas comiam o que lhe pertencia ele ficava cada vez mais fraquinho. É o círculo vicioso da fome e da miséria de todo o tempo e lugar.
Então um dia Zaqueu reparou numa árvore ao fundo do recreio da escola. Para ele todas as árvores eram grandes, mas aquela era especial, pois era aquilo que ele não conseguia ser, alto, forte, robusto e firme. Então tentou subir… e com jeito e por ser leve conseguiu ir até aos ramos mais finos.
Os colegas, como sempre, perguntaram o que tinha trazido para a merenda… E ele intimidado calava… mas nesse dia sentiu uma esperança no seu coração. Antes de acabar a aula, pediu ao mestre que lhe deixasse ir satisfazer uma necessidade pois estava aflito. E lá foi a correr até ao fundo do recreio. Subiu ao sicómoro com o saco da sua merenda. Sentou-se num ramo e lá saboreou sozinho a sua vitória.
Quando saíram da aula todos andaram à procura de Zaqueu, mas não o encontraram e passaram fome o resto da tarde.
A partir daí, cada vez que Zaqueu tinha algum problema corria para a sua árvore e só aí sentia-se grande e forte.
Quando, já adulto, mas ainda com altura e coração de criança, se refugiou nesse sicómoro para ver quem era Jesus, aconteceu o inesperado. Sempre tinha feito aquilo e ninguém o notara, mas Jesus ao passar olhou-o, viu-o como nunca ninguém o tinha visto… e nunca mais teve vergonha de ser quem era. E a partir daí nunca mais deixou de partilhar a sua refeição com os outros, convidando os pobres, os pequenos, os pecadores…
E chegou à conclusão que afinal toda a sua vida tinha sido um ensaio, um treino de subir àquela árvore, para que um dia subisse e fosse encontrado por Jesus.

Cada um de nós já teve ou ainda tem uma árvore como a de Zaqueu.
Talvez foi no fundo do quintal, no recanto do jardim, junto ao rio, numa capela, no sótão da casa, talvez na cama onde deitados choramos com a cara escondida no travesseiro para ninguém ver… porque não queremos contar o nosso problema, porque nos sentimos miseráveis, desiludidos, infelizes, pequenos.
Lembras-te desse lugar?
Então volta para lá porque Jesus nunca saiu de lá. É por isso que queres vê-lo e não consegues… Volta para o teu cantinho, volta ao lugar do teu choro, volta a encontrar-te contigo mesmo e Jesus passará por lá… e a história de Zaqueu voltará a acontecer.
(adaptada de uma pregação do Pe. Leo, SCJ)


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